Senha Aberta – Quarta Afinação – África do Sul
São resultados deste projeto: Pesquisa literária, musical e audiovisual; pesquisa e produção de conceitos, imagens, projetos e sites afins; estandarte; diário; fotografias; vídeos; entrevistas; sons; percursos; rotas; caminhos; mapas; blog; vivências e relações.
Pauta: África do Sul.
A África do Sul, oficialmente República da África do Sul, está localizada no extremo sul do continente africano, entre os oceanos Atlântico e Índico, que formam 2.798 km de litoral.
Tem como suas capitais: Pretória – capital executiva; Cidade do Cabo – capital legislativa; Bloemfontein – capital judiciária.
Com território de 1.221.037 km² e uma população de 55 milhões de habitantes (segundo dados para 2014), distribuídos em nove províncias.
1-AFRICA DO SUL
Faz fronteiras com a Namíbia; Botsuana e Zimbábue ao norte; Moçambique e Suazilândia a leste; e com o Lesoto, um enclave totalmente rodeado pelo território sul-africano.
O país tem onze línguas oficiais: Afrikaans, inglês, ndebele, seSotho do norte, seSotho do sul, suázi, tsonga, tswana, venda, xhosa e zulu.
2-LINGUAS DA ÁFRICA DO SUL
Segundo os dados de 2014, o IDH sul-africano é de 0,666 (116º país por índice de desenvolvimento humano).
Moeda: Rand (ZAR).
Fuso horário: UTC+2.
A pré-história:
A África do Sul tem o mais longo desenvolvimento da raça humana – registros de dois milhões de anos, encontrados próximo a Johannesburgo.
Segundo pesquisas reconhecidas internacionalmente, a área é considerada ‘berço da humanidade’.
Dados de pesquisas arqueológicas estão disponíveis em: <https://www.wits.ac.za/campus-life/arts-and-culture/cradle-of-humankind/>
A constituição sul-africana, em seus onze idiomas oficiais, está disponível em:
<http://www.constitutionalcourt.org.za/site/theconstitution/thetext.htm>
Acesso em: 19 fev 2017.
Conceito: Nossas origens.
Vivemos em sociedades extremamente racistas, e considero fundamental o entendimento como raça humana, de nossas origens no continente africano.
3-O CONTINENTE AFRICANO
Informações aprofundadas em relação às questões arqueológicas da África do Sul estão disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/article/pre-colonial-history-sa>
Acesso em: 22 nov 2016.
Conceito: Colonizar.
“Criar colônia(s) ou transformar em colônia; habitar como colono; alastrar-se por, propagar-se; invadir”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 763).
Para iniciar toda e qualquer descoberta a respeito da história da África do Sul – e, neste caso, do regime do apartheid neste país –, necessitamos ter em mente um mapa do continente africano, povoado por povos originários, majoritariamente negros e de culturas diversas.
Durante os processos de invasão, por colonizadores europeus brancos, que dividiram o continente segundo seus interesses, não levando em conta as divisões originais, e, em muitos casos, a apropriação separou comunidades ou juntou povos originalmente ‘inimigos’.
Não somente os idiomas dos colonizadores foram impostos, mas também toda sua cultura e economia baseadas em exploração das riquezas e das populações, que ‘deviam servir aos invasores’.
Dizimaram populações inteiras consideradas rebeldes, e impuseram, sem reservas, suas religiões, leis e modo de vida, transformando os subjugados em serviçais e explorados.
É impossível, no âmbito deste projeto, estudar essas invasões e os malefícios por elas propiciados, mas existe uma profusão de livros, filmes, artigos na internet, e vídeos onde se pode encontrar materiais de estudo.
Pauta: A colonização da África do Sul:
Bartolomeu Dias, em 1497, foi o primeiro europeu a ver o cabo entre os oceanos Pacífico e Índico, ao sul do continente africano, e o chamou de ‘Cabo das Tormentas’, por causa das péssimas condições metereológicas para a navegação nesse extremo sul do continente.
O rei D. João II, de Portugal, o batizou de ‘Cabo da Boa Esperança’, pelo significado econômico que representava a descoberta.
Conceito: Esperança.
‘Adeus à honra da Largada, Agostinho Neto – Soares Teixeira’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=opKGDnAwRd8>
Acesso em: 17 fev 2017.
Sobre a formalização das conquistas no Atlântico e o caminho das Índias, o ‘Tratado de Tordesilhas’ – subjugado ao domínio da Igreja Católica – é desenhado com um mapa, uma ‘bula papal’ que incluía as terras dos continentes americano e africano, e determinava que os mares eram de quem os conquistasse, dividindo o mundo ainda a ser descoberto – leia-se invadido – entre Portugal e Espanha.
Sobre D. João II, em uma visão do colonizador católico-branco, em nome de ‘deus’, pela lei da boa vontade ou pela força, podemos ver:
‘D.João II – Rei de Portugal’
Parte 1
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iZv3wCLn2jQ>
Parte 2
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HBTBzpPCX5E>
Parte 3
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=16MHEvIXBrM>
Parte 4
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pJVRA0zN6II>
Parte 5
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RQqd6MorkJ4>
Acesso em: 22 nov 2016.
Inicialmente, a política expansionista de Portugal e Espanha foi determinante para as configurações desses dois continentes.
Conceito: Império.
“Poder ou autoridade de um imperador ou de uma imperatriz; forma de governo monárquico, cujo soberano tem o título de imperador ou de imperatriz; a nação assim governada e seus habitantes; domínio soberano efetivo ou influência dominadora; autoridade, comando; grande estrutura econômica sob domínio ou controle de uma só pessoa física ou jurídica.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1580).
Entre os colonizadores, Portugal e Holanda interessavam-se mais em comércio do que em assentar o seu povo nas colônias.
Simplificando as justificativas para as colonizações: ‘Ouro, deus e glória’.
Ouro:
Razões econômicas, que eram fortalecidas por algodão e por minerais.
Os europeus acreditavam, com a ajuda de Roma, ser tarefa deles a cristianização dos povos ‘sem deus’.
Com esta crença, foram enviados padres católicos e missionários protestantes, com a missão de fazer o ‘trabalho de deus’ e civilizar as populações remotas, na maioria dos casos destruindo suas culturas.
Países elevavam seu prestígio internacional pelo tamanho de seus impérios.
Em 1602, a Holanda estabelece a ‘Companhia das Índias Orientais’, que fortalece o comércio.
O Cabo da Boa Esperança era utilizado como entreposto para recarregamento de água potável e alimentos para os navegantes em direção ao oriente.
Durante a colonização da Àfrica do Sul, descendentes dos colonos calvinistas dos Países Baixos e também da Alemanha e da Dinamarca, bem como de huguenotes franceses, que se estabeleceram nos séculos XVII e XVIII, na rerião, os Boers disputaram a colonização com os britânicos.
Durante esses assentamentos aconteceram inúmeros conflitos com os povos originários.
Em 1806, os britânicos tomam o poder dos holandeses, na África do Sul.
Com a instalação do regime do apartheid, aconteceram constantes processos de desapropriação das terras dos negros sul-africanos, empoderando os brancos e removendo os negros para áreas menos valiosas economicamente.
Conceito: Poder.
“Ter a faculdade ou a possibilidade de; possuir força física ou moral; ter influência, valimento; ter autorização para; ter ocasião ou meio de; conseguir; ter força, vontade ou energia moral para; ter autoridade moral para; ter o motivo, a razão de; ter a oportunidade, o ensejo, a ocasião de; ter domínio ou controle sobre.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2244).
Na história do continente africano, a partir da chegada dos europeus, o conceito de poder está ligado à força de guerra e à força das religiões monoteístas e cristães, impostas… enfim, ao poderio político e econômico dos invasores. E, também, a acordos ‘sujos’ realizados entre eles para se manterem no poder – leia-se, até hoje.
A imposição da língua é outra característica geral e fundamental para a obtenção de algum sucesso na disseminação da cultura dos invasores.
Na África do Sul, a língua ‘Afrikaans’ imposta é uma mistura de holandês simplificado, com palavras Khoikhoi, Malay e Portuguesas.
Este texto, sobre colonialismo, baseia-se em informações disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/topic/impact-colonialism>
Acesso em: 22 nov 2016.
Em geral, as colonizações ocorreram sem nenhum respeito às áreas pertencentes às diferentes etnias que compunham as sociedades, às suas diferenças culturais e disputas territoriais já existentes. Ao contrário, em geral, foram incentivadas disputas étnicas, que enfraqueceram as populações originárias, aumentando o poderio dos colonizadores.
Atividade do Projeto Senha Aberta: Residência artística na ‘Assemblage’, em Johannesburgo, África do Sul.
Período: de 21.09 a 31.10.2016.
Música seminal: “Nkosi Sikelel’ iAfrika”
Composição:
Enoch Mankayi Sontonga, nascido em torno de 1873.
Enoch Sontonga compôs as duas primeiras estrofes do hino, em 1897.
A música foi tocada pela primeira vez em 1899, na ordenação de um pastor metodista.
Em 1901, foram adicionados versos pelo poeta IsiXhosa Samuel E.K. Mqhayi.
A primeira gravação de“Nkosi sikelel’ iAfrika” aconteceu em 16 de outubro de 1923, em Londres.
Em 1927, a canção completa foi publicada, em forma de panfleto, pela The Lovedale Press.
Em 1925, a canção torna-se a música oficial do ‘African National Congress (ANC)’.
Nos anos 1960, Zambia adotou a música como seu Hino Nacional.
Em 1994, “Nkosi Sikelel ‘iAfrika” e “Die Stem van Suid Afrika” (que foi adotado como hino pelo governo do apartheid) passaram a ser, oficialmente, o hino do país.
“Nkosi Sikelel’ iAfrika” é uma prece a deus.
Somente a Constituição de 1994 combina as duas versões do hino em uma única peça musical.
Informações completas sobre a complexidade dessa composição estão disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/people/enoch-mankayi-sontonga>
Acesso em: 15 mar 2017.
Não existe, exatamente, uma versão única do hino. Algumas palavras mudam de lugar para lugar.
A versão oficializada pelo governo democrático e publicada no Diário Oficial da União, em 10 de outubro de 1997, é a que consideramos, atualmente, a versão oficial do hino, cantado com palavras em cinco idiomas.
A letra:
Nkosi sikelel’ iAfrika
Maluphakanyisw’ uphondo lwayo,
Yizwa imithandazo yethu,
Nkosi sikelela, thina lusapho lwayo.
Morena boloka setjhaba sa heso,
O fedise dintwa le matshwenyeho,
O se boloke, O se boloke setjhaba sa heso,
Setjhaba sa South Afrika – South Afrika.
Uit die blou van onse hemel,
Uit die diepte van ons see,
Oor ons ewige gebergtes,
Waar die kranse antwoord gee,
Sounds the call to come together,
And united we shall stand,
Let us live and strive for freedom,
In South Africa our land.
Partitura, disponível em: <http://www.sahistory.org.za/archive/south-african-national-anthem-sheet-music>
Acesso em: 02 fev 2017.
Conceitos em ‘Nkosi sikelel’ iAfrika’:
Basicamente uma canção gospel, que exalta as glórias de deus e a necessidade de que ele proteja o povo e a nação sul-africana, sendo assim uma declaração de submissão aos desígnios de deus.
Links:
‘Nkosi Sikelel’ iAfrika’ – (South African National Anthem, with lyrics)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NBKjWRjwMkY>
Acesso em: 13 set 2016.
‘Hino da África do Sul’ – tradução em português.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oRYGb4NOmx0>
Acesso em: 13 set 2016.
‘Stormie Girl – Nkosi Sikelela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rgWNx8UF5i8&feature=share>
Acesso em: 18 out 2013.
Tema dominante:
Apartheid na África do Sul, que se configurou desde 1856, se fortalece ao final da II Guerra Mundial e se estabelece como modelo jurídico-social no início dos anos 1950.
Pauta: Apartheid na África do Sul.
Conceito: Apartheid
“Segregação das populações negra e branca, veiculada pela política oficial de minoria branca da República da África do Sul, durante a maior parte do século XX; qualquer tipo de segregação ou discriminação.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 248).
Conceito: Segregação.
“Ato ou efeito de segregar(-se); afastamento, separação, segregamento; ato ou processo de isolar ou ser isolado de outros ou de um corpo principal ou grupo; discriminação.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2535).
Conceito: Discriminação.
“Ato ou efeito de discriminar; faculdade de discriminar, distinguir; discernimento; ação ou efeito de separar, segregar, pôr à parte; tratamento pior ou injusto dado a alguém por causa de características pessoais; intolerância, preconceito; ato (jurídico) que quebra o princípio de igualdade, como distinção, exclusão, restrição ou preferências, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1053)
Apartheid poderia ser uma palavra, como outra qualquer, que se pudesse definir pela conjunção de algumas outras palavras.
Porém,
Existem palavras
Indefiníveis
não por suas raízes etimológicas
mas por sua utilização histórica.
Apartheid é uma dessas palavras.
Inexplicável
Indefinível
Indesejável
pela carga de injustiça plena
que carrega.
Sua dimensão transcende
as maiores das maiores truculências
que a raça humana
já foi capaz de produzir.
Com uma mão nas armas
outra mão no ouro
nos diamantes
uns poucos tomaram a terra
tomaram tudo
de tantos negros
que tinham a terra
o ouro, os diamantes
antes deles chegarem
vindos de países europeus
com sede de riqueza.
E o sangue jorrou:
os negros sem armas de fogo
os brancos armados.
Em uma mão, a bíblia ‘sagrada’
na outra, um fuzil.
E assim, tomaram a vastidão do país sul-africano
para sempre…
sempre?
Talvez ‘sempre’ seja tempo demais.
Segundo Che Guevara, “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.”
Os processos de dominação estabelecidos na África do Sul passaram por cima – como na maioria das colonizações – das comunidades originárias.
Cada país do Continente tem suas especificidades, mas, no caso da África do Sul, estabeleceu-se, desde a década de 1850, um apurado e paulatino processo de exclusão, que culminou na total separação das populações não brancas (negros, ‘coloureds’, indianos) e os brancos que dominaram o país desde os primórdios das invasões europeias.
Apesar da quase impossibilidade de explicar o que acontecia, resumi algumas leis cruciais na consolidação desse regime segregacionista.
Conceito: Preconceito.
“Qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico; ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem conhecimento abalizado, ponderação ou razão; sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância; qualquer atitude étnica que preencha uma função irracional específica, para seu portador.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. S.; Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2282).
Legislação do Apartheid 1850-1970
1856-1910
Atos de mestres e servos – 1856:
Foi considerada ofensa criminal violar o contrato de emprego. Abandono, insolência, beberagem e greves eram, também, ofensas criminais.
Teoricamente, essa lei se aplicava a todas as raças, mas a Corte a aplicava somente aos trabalhadores ‘não qualificados’, que eram, na maioria dos casos, negros e ‘coloureds’.
Ato das minas e trabalhadores – 1911:
Permitiu a concessão de certificados de competência a um número de ocupações qualificadas nas minas, somente de brancos e ‘coloureds’.
Ato da terra dos negros – 1913:
Proibiu os negros de comprar ou alugar terras fora das reservas (áreas determinadas – aproximadamente 7% de toda a terra do país).
Portaria da alienação das terras de Durban – 1922:
Permitiu à cidade de Durban excluir indianos de comprar ou ocupar propriedades nas áreas dos brancos.
Lei de área por classes – 1923:
Propôs segregação de residência e negócios aos indianos, em todo o país.
Ato referente aos nativos para áreas urbanas – 1923:
Regulou a presença dos africanos nas áreas urbanas.
Deu às autoridades locais o poder de marcar e estabelecer áreas nos subúrbios e áreas industriais para os brancos, determinar o acesso e o financiamento dessas áreas. Restringia a presença de negros em áreas dos brancos e fiscalizava os que trabalhavam nessas áreas, impondo-lhes diversas restrições.
Ato de conciliação industrial – 1924:
Excluiu os negros de serem membros e de criar sindicatos.
Ordem de ‘franchise’ nas ‘Townships’ – 1924:
Privou indianos de direito de ‘franchise’ municipal, em Natal.
Ordem dos negociantes rurais – 1924:
Visou prejudicar o comércio dos indianos, privando-os de terem terras em áreas dos brancos.
Ordem de controle de vendas na região do Transvaal – 1925:
Impôs obstáculos aos modos de obtenção de licenças. Destinou-se a restringir o comércio dos indianos.
Ato do salário mínimo – 1925:
A lei levou a uma forma de reserva de trabalho e promoveu emprego para os brancos.
Certos negócios eram destinados aos brancos.
Áreas-reservas, imigração e registro – 1925:
Introduziu áreas-reservas, reconheceu indianos como estrangeiros e restringiu essa população, através de repatriação.
Lei das minas e obras (Ato da barra de cor) – 1926:
Negros empregados em minas ganhavam um décimo do que ganhava um trabalhador branco qualificado.
O pagamento aos negros era o mesmo, não importando que tipo de trabalho eles executavam.
Lei do governo local (lei provincial) – 1926:
Negou direitos de cidadania aos indianos.
Conceito: Cidadania.
“Qualidade ou condição de cidadão; condição de pessoa que, como membro de um Estado, se acha no gozo de direitos que lhe permitem participar da vida política.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 714).
Lei de imigração – indianos – 1927:
Repatriação de indianos:
1927 – 1.655 repatriados;
1928 – 3.477 repatriados;
1929 – 1.314 repatriados.
Lei da pensão para idosos – 1927:
Indianos não tinham direito a pensão por idade.
Lei da bebida alcoólica – 1927:
Nativos e indianos eram proibidos de serem empregados na venda de bebidas alcoólicas.
Lei de enfraquecimento das mulheres – 1930:
Deu o direito de votar e ser votada somente às mulheres europeias.
Lei de proibição de casamentos inter-raciais – 1949:
Proibiu casamentos entre brancos e qualquer outro grupo racial.
Essa lei foi uma das mais controversas peças da legislação do Apartheid. Proibia adultério, tentativa de adultério, ou atos ‘imorais’ relacionados, tais como relação sexual entre brancos e negros.
Lei de supressão do comunismo – 1950:
Foi um dos resultados do governo do Partido Nacional, e seu medo da influência do Partido Comunista, e outras oposições às políticas racistas do governo, tanto entre os ‘Afrikaners’, quanto, mais tarde, na classe trabalhadora sul africana.
O termo comunista era extensivamente definido como toda e qualquer oposição não-parlamentar ao governo.
A lei tornou legal a punição a qualquer grupo que discutisse mudanças políticas, econômicas, industriais e sociais, acusando-as de promoverem a desordem e de encorajar hostilidades entre as raças europeias e não-europeias.
O ministro da justiça poderia punir ou banir qualquer pessoa que se enquadrasse nesse perfil.
Uma pessoa banida era enclausurada a determinados distritos, proibida de ocupar certas funções no trabalho, nos sindicatos ou outras organizações.
Nos anos 1950, algumas das vítimas dessa lei incluíram: Albert Luthuli, Moses Kotane, J. B. Marks, Nelson Mandela, Oliver Tambo, Yusuf Dadoo, Walter Susulu, Dora Tamara, Josie Mpama, Eli Weinberg, Betty du Toit, Dan Tloome, M. P. Narcker, Reg September e Joe Slovo.
Foram removidos de seus cargos parlamentares: Sam Kahn, Fred Carneson, Brian Bunting e Ray Alexander.
Áreas para grupos – 1950:
O Partido Nacional institucionalizou e consolidou políticas discriminatórias e segregacionistas e compulsoriamente foi implantando a lei de separação residencial, determinando quais grupos poderiam possuir casa, terras ou trabalhar em cada área. O intuito principal era proibir os não-brancos das áreas rurais de se transferirem para as grandes cidades e para as áreas ’somente brancos’.
Para garantir o funcionamento desse propósito, o governo montou áreas semi-urbanas, ‘townships’, para as populações negras, indianas e ‘coloureds’.
A população conhecida como ‘coloured’, em geral, é fruto de miscigenação racial entre os europeus e suas escravas negras, ou qualquer outra miscigenação que ‘desclassificasse’ as pessoas como indianas ou brancas.
Essa lei botou abaixo os direitos à propriedade, o que se tornou em fonte de ressentimento dos não-brancos.
Os indianos eram os mais afetados, pois foram retirados das áreas centrais das grandes cidades, onde eles tinham seus negócios.
Lei do registro populacional – 1950:
Determinou que todo sul-africano fosse classificado por categoria racial: branco, negro ou ‘coloured’. (Determinado por aparência, aceitação social e descendência).
Brancos – uma pessoa que tinha pais brancos, pelos hábitos, língua, comportamento e educação.
Negros – membros de uma raça africana ou tribo.
‘Coloured’ – pessoa que não era nem branca nem negra, geralmente descendente de escravizados indianos, levados ao continente africano durante as navegações às Índias.
Como um dos resultados dessa lei, os negros eram obrigados a ter sempre consigo o ‘passbook’, o infame ’dompas’, que continha seus nomes, digitais, foto e informações, que em alguns casos dava acesso a algumas áreas dos brancos. Essa lei perdurou até 1991.
Passes e documentos coordenados – 1952:
Garantiu mobilidade dos trabalhadores. Introduziu no ‘passbook’ detalhes de lugar de origem e de emprego, pagamento de impostos e dados de passagem pela polícia.
Os africanos tinham que carregar esse documento para todos os lugares aonde fossem.
Para sair da área rural para uma área urbana os africanos tinham que solicitar permissão das autoridades locais. Ao chegar na cidade, uma permissão tinha que ser obtida em 72 horas.
Esse sistema foi estendido às mulheres.
Pela primeira vez na história da África do Sul, as mulheres foram obrigadas a carregar consigo o ‘passbook’, o que resultou na grande greve de mulheres, em 1956.
Lei sobre o trabalho nativo – 1953:
Controlava o trabalho dos africanos, proibindo-os do direito de greve, bloqueava o direito legal aos sindicatos, os acusava de promover o caos. Mas não proibia os sindicatos de existirem.
Lei da segurança pública – 1953:
A lei foi criada para sufocar as ‘desobediências civis’ do ‘ANC’ (Congresso Nacional Africano).
Foi usada para possibilitar o ‘estado de emergência’, sempre que as autoridades assim o desejassem. Durante o estado de emergência, poderiam deter qualquer pessoa sob a alegação de segurança pública, e detenção sem julgamento.
Essa lei foi ‘aprimorada’ para punir, também, quem acompanhasse uma pessoa considerada culpada.
Conceito: Segurança.
“Ação ou efeito de tornar(-se) seguro; estabilidade, firmeza; estado, qualidade ou condição de quem ou do que está livre de perigos, incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais; situação em que nada há a temer”.
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2536).
No caso da África do Sul, garantia que os negros não transitassem pelas áreas e locais destinados especificamente aos brancos.
Proibia, também, os brancos, que não concordassem com o regime, de ‘misturar-se’ com os negros.
Lei da educação Bantu – 1953:
Criou um sistema educacional separado para os negros, com o objetivo principal de mantê-los em suas áreas ou garantir capacitação para o trabalho sob a direção dos brancos.
Reservas de ‘facilidades’ separadas – 1953:
O Partido Nacionalista desenvolveu o conceito, e criou a lei de alocação desigual de recursos, tais como infraestrutura (toaletes, parques, praias), educação e empregos, determinando que deveriam ser separados para grupos raciais diferentes e não deveriam ter a mesma qualidade. Depois foram criadas placas de aviso, indicando quais os grupos que tinham direito de entrar/circular em cada local.
Reassentamento dos nativos – 1954:
Garantiu ao governo o poder de remover qualquer africano de qualquer área próxima ou no distrito magistral de Johannesburgo.
A finalidade maior dessa lei era garantir a remoção da população negra de Sophiatown.
Greves, assembleias e supressão do comunismo (adição à lei anterior) – 1954:
Permitiu ao ministro da justiça proibir pessoas ‘listadas’ de serem membros de organizações específicas e de atender a reuniões e assembleias em espaços públicos.
Proibição de ‘interdição’ aos nativos – 1956:
Privou os africanos do direito de solicitar proteção judicial em processos que questionassem as leis a eles impostas. Por exemplo, em processo por eles terem entrado em alguma área proibida para negros.
Greves e assembleias – 1956:
Permitiu ao ministro da justiça proibir reuniões em espaços abertos, caso o ministro considerasse que isso poderia comprometer a paz social.
Banimento foi incluído para quem descumprisse as leis.
Impostos e desenvolvimento – 1958:
Aumentou o pagamento de impostos dos negros de 18 anos ou mais, enquanto os brancos começavam a pagar aos 21 anos.
Criou uma diferenciação entre os impostos dos negros e dos brancos, e obrigou as mulheres a pagarem também.
Esse sistema foi paulatinamente criando distâncias entre os impostos pagos pelos negros e pelos brancos. Os negros eram obrigados a pagar mais e eram presos caso não pagassem os impostos, enquanto os outros grupos raciais não o eram.
Educação universitária – 1959:
Criou educação universitária separada para negros, indianos, ‘coloureds’ e brancos. Os negros eram proibidos de estudar em universidades dos brancos, exceto em alguns casos em que eles tivessem permissão do governo.
Essa separação não funcionava simplesmente por raça, mas também por etnia.
Na Universidade de ‘Fort Hare’, somente estudantes que falassem ‘Xhosa’, na ‘University of the North’, em Turfloop, somente estudantes de lingua ‘Sotho’ e ‘Tswana’. Os ‘coloureds’, iam para uma universidade em Bellville, enquanto indianos e ‘Zulus’ iam para uma universidade em ‘Ngoye (KZN)’ e ‘Durban-Westville’.
Muitos professores protestaram contra essa lei. Por exemplo, o professor Z. K. Matthews, em protesto, renunciou à sua posição.
Conceito: Protesto.
“Ato ou efeito de protestar; de reclamar; queixa, reclamação; grito, brado de repulsa ou de não concordância com relação a (algo); declaração de desacordo; declaração de uma firme decisão tomada”.
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2318).
Corporação e investimento Bantu – 1959:
Criou instituições financeiras e comerciais e esquemas industriais em áreas designadas para os negros.
Promoção do auto-governo Bantu – 1959:
Reconheceu a existência de oito grupos étnicos, baseando-se na diversidade linguística e cultural.
Cada grupo passa a ter um comissário-geral oficialmente representando esse grupo junto ao governo. Cada um deveria desenvolver uma ‘homeland’ para o grupo, tornando-os ‘independentes’ dos brancos.
*(Aqui vale salientar a tentativa de isolar os não-brancos nas piores áreas do país e legalizar o poderio branco de forma separada. Posso considerar como metodologia de dividir o país, de empoderamento de uma raça para o apoderamento do país).
Ilegalidade das organizações – 1960:
Organizações consideradas ‘perturbadoras da ordem pública’ foram ilegalizadas. O ‘ANC’ e o ‘PAC’ (Pan African Congress) foram imediatamente declarados ilegais.
Indenização – 1961:
Indenizou os governantes, ou toda pessoa agindo sob sua autoridade que passasse informações sobre pessoas ou ações ‘suspeitas’.
Aqui, leia-se: ‘deduduragem’.
Terrorismo – 1962:
Iniciou a luta contra o ‘Exército Vermelho’ em oposição à ‘ideologia vermelha’. Oficializou detenção indefinida, sem julgamento, ou tempo determinado para a prisão, sem direito a visitas e sem informar, à sociedade, quem ou quantas pessoas haviam sido presas.
Com definição de ‘terrorismo’ muito ampla, essa lei passou por ‘aprimoramento’, podendo ser aplicada, também, para prender e interrogar qualquer pessoa considerada suspeita.
Planejamento ambiental – 1967:
Restringiu o número de negros que poderiam ser empregados na indústria manufatureira nas áreas industriais.
Supressão do comunismo – 1967:
Proibiu certas pessoas de doar ou receber doações em benefício de certas organizações.
Proibiu outras pessoas de praticar advocacia, de trabalharem como notários e tradutores, e estende as razões para deportação.
Interferência política – 1968:
Proibiu partidos políticos não-raciais, e o financiamento estrangeiro a partidos políticos.
Proibição de casamento inter-raciais – 1968:
Invalidou qualquer casamento realizado fora do país, entre um homem e uma mulher de outro grupo racial. Isso entra na lei da imoralidade.
Serviço Público – emenda – 1969:
Estabeleceu o ‘Bureau of State Security (BOSS)’.
Cidadania Bantu – 1970:
Nenhuma pessoa negra seria qualificada como cidadâ sul-africana, nem teria o direito de viver e trabalhar na África do Sul, pois seriam todas estrangeiras, e como tal seriam somente capazes de ocupar as casas legadas a eles por seus pais, nas áreas urbanas.
Cidadania das ‘homelands’ Bantu – 1970:
Requereu que todas as pessoas negras se tornassem cidadãs de sua ‘homeland’ territorial, negando a cidadania sul-africana, e que permanecessem nas áreas determinadas a cada grupo étnico.
Aqui é reforçada a ideia do país para os brancos.
Em 1976, Transkei torna-se a primeira ‘homeland’ independente.
Em 1977, Bophuthatswana ganha sua independência e KwaZulu é proclamada território independente.
Greves e assembleias – emenda – 1974:
Reduziu a proibição de greves e assembleias para qualquer número de pessoas e retirou o termo ‘espaços públicos’ da lei anterior.
Comissão parlamentar de segurança – 1976:
Estabeleceu uma comissão parlamentar de segurança permanente, com funções idênticas às funções da ‘House Committee on Un-American Activities’ (EUA).
Serviço de inteligência disciplinar militar – 1977:
Especificou punição à desobediência militar.
Registro de jornais e impressos – 1977:
Requereu registro de jornais conforme um determinado código de conduta. E, mais tarde, a censura direta.
Organizações indesejáveis – 1978:
Garantiu ao Estado o poder de agir contra organizações ‘ilegais’.
Resumo de artigo produzido para ‘South African History Online’, em 20 de Março de 2011, onde encontramos a cronologia completa.
Disponível em:
<http://www.sahistory.org.za/article/apartheid-legislation-1850s-1970s>
Acesso em 22 nov 2016.
Para introduzir o assunto ‘apartheid’, podemos ver:
‘Apartheid. Documentário’. (Narração em português)
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=O8m33wm05wk&t=1s>
Acesso em: 02 set 2016.
Belo Horizonte, 20.09.2016 (3ª feira)
1º Movimento
Andante
Viagem de Belo Horizonte a São Paulo, pelo voo AD 6922. Azul Linhas Aéreas Brasileiras. Saída de Belo Horizonte às 10h35min. Chegada a São Paulo – Guarulhos às 11h55min.
2º Movimento
Andante
Viagem de São Paulo a Johannesburgo, pelo voo SA 223, da South African Airways.
Saída de São Paulo – Guarulhos – às 18h00min.
África do Sul, 21.09.2016 (4ª feira)
1º Movimento
Andante
Chegada a Johannesburgo às 07h30min.
2º Movimento
Andante
Encontro Sisi (Sibonginkosi Mahlangu) – que será assistente do Projeto Senha Aberta, em Johannesburgo, de 21 a 27.09.2016. Ela me esperava no aeroporto.
3º Movimento
Andante
Reconhecimento da morada para 40 dias, em Parkville, Johannesburgo.
4º Movimento
Andante
Ida ao supermercado para comprar alimentos.
5º Movimento
Andante
Arrumação da casa.
Alegro
O espaço físico da casa tem uma sala grande, dividida ao meio entre sala e quarto, um ‘closet’ e um banheiro completo.
De minha casa, que fica virada para o quintal, tenho acesso, por uma porta, à casa do proprietário e à cozinha, para fazer minha comida. Tudo parece perfeito.
Pauta: Johannesburgo
Johannesburgo, a maior cidade da África do Sul, tem aproximadamente 5,3 milhões de habitantes. Capital da província de Gauteng, e sede da Corte Constitucional Sul-africana, é o maior centro econômico do país.
A população da Grande Johannesburgo chega a oito milhões de habitantes.
A cidade possui o maior e mais movimentado aeroporto do continente africano.
Os primeiros europeus a chegarem – os boeres – trabalhavam, basicamente, com agricultura.
Em 1886, o ouro foi descoberto na região e a cidade se desenvolveu em consequência da mineração, recebendo imigrantes norte-americanos e europeus.
Soweto, a mais conhecida ‘township’ do país, encontra-se na área metropolitana de Johannesburgo. Seu habitante mais ilustre, mundialmente reconhecido, foi Nelson Mandela.
Um dos conflitos mais cruéis do período do apartheid – o Levante de Soweto – matou e feriu inúmeros estudantes adolescentes que participavam do protesto.
Os negros são 73% da população da cidade.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Joanesburgo>
Acesso em: 17 out 2013.
6º Movimento
Andante
O que Eduardo Galeano nos fala sobre o continente africano?
Alegro
‘Eduardo Galeano – Hijos del África’
Parte 1/3
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aHfvag85dKc>
Parte 2/3
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iocw-IHP0hM>
Parte 3/3
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zhMi9AXDU34>
Acesso em: 12 fev 2017.
Johannesburgo, 22.09.2016 (5ª feira)
1º Movimento
Andante
Conhecer Massimba Sasa que, juntamente com Sisi, é assistente do projeto em Johannesburgo.
Pauta: Massimba Sasa e Sisi
Masimba Sasa, fotógrafo, residente em Johannesburg.
Com background em fotojornalismo e fotografia documental, atualmente dedica-se a retrato e direge um espaço de estúdio artístico no centro da cidade, onde busca trabalhar em projetos pessoais.
Alegro
Estaremos, durante uma semana, trabalhando juntos.
As informações recolhidas e a mim repassadas, neste momento do projeto, tiveram importância fundamental no desenvolvimento de minha pesquisa e produção de conteúdos e imagens aqui na África do Sul.
2º Movimento
Andante
Sobre a ‘Liliesleaf Farm’
Pauta: ‘Liliesleaf Farm’
Situada no subúrbio de Rivonia, em Johannesburgo.
A Fazenda Liliesleaf foi comprada em 1961, por Arthur Goldreich, com fundos do Partido Comunista da África do Sul (‘CPSA’), quando o governo do apartheid começou a pressionar mais os movimentos de libertação.
Como um ‘centro nervoso’ das atividades libertárias, as reuniões na Fazenda Liliesleaf aconteceram de 1961 a julho de 1963“.
A fazenda era usada como quartel general clandestino do ‘ANC’.
Em 11 de julho de 1963, a polícia sul-africana invadiu a fazenda e prendeu vários líderes dos movimentos de libertação: Walter Sisulu, Govan Mbeki, Raymond Mhlaba, Ahmed Kathrada, Lionel Bernstein e Bob Hepple.
Nelson Mandela, o comandante-em-chefe do Umkhonto we Sizwe (‘MK’), o braço armado do ‘ANC’, já estava cumprindo pena de cinco anos por ter deixado o país ilegalmente, em 1962.
Documentos encontrados na fazenda levaram às prisões de: Arthur Goldreich, Andrew Mlangeni, James Kantor, Dennis Goldberg, Harold Wolpe e Elias Motsoaledi.
Posteriormente, Goldreich e Wolpe conseguiram fugir da prisão.
3º Movimento
Andante
Ida à ‘Liliesleaf Farm’.
Nota: para preservar o endereço onde morei, tanto em Johannesburgo quanto na Cidade do Cabo, os mapas apresentados serão sempre partindo do local das minhas residências artísticas.
Alegro
Somos bem recebidos e nos dão liberdade para fotografar sem focar diretamente em outras fotos ou trabalhos do museu.
O museu releva a importância da interatividade em suas exposições. Fantástico!
Espaço
O museu, tanto na sua parte interna como externa, prima pela forma educativa, buscando garantir o conhecimento dos fatos históricos.
Adágio
Não só os fatos históricos, mas, os pensamentos históricos – como pensaram, em que pensaram e como agiram os que hoje consideramos importantes para a história.
A nossa história?
A história deles,
entrelaçada com a nossa
esperando por nós
para que a continuemos
adicionadas de novos próprios pensamentos.
4º Movimento
Andante
O estandarte nas obras do museu.
Alegro
Logo na entrada, um rádio toca discursos do período das lutas contra o apartheid.
Adágio
Concentrando-me, transporto-me para o momento quando essas falas foram pela primeira vez faladas, ao vivo.
Essa viagem no tempo interrompe-se quando um grupo de estudantes entra na sala onde estou fotografando.
5º Movimento
Andante
Fotografo o estandarte junto ao esconderijo dos livros e documentos.
Espaço
Posso imaginar a preciosidade dos livros, textos e documentos que foram ‘saqueados’ pela polícia nesse lugar que mais parece um ‘quartinho de despejo’, onde poderiam estar guardadas ferramentas de trabalho na agricultura.
A leitura, entendimento e ação, partindo dos escritos – também um trabalho extremamente pesado –, possibilitam que outras pessoas tenham acesso, mesmo que indireto, aos acontecimentos deste lugar.
6º Movimento
Andante
O estandarte na casa original da fazenda.
Alegro
Esta casa singela abriga significados grandiosos, por sua importância para os encontros clandestinos dos que construíram a Liberdade deste país… qualquer significado que essa ‘Liberdade’ possa ter hoje.
7º Movimento
Andante
Estante de livros.
Alegro
A estante de livros, “Em memória e dedicada aos que estiveram na luta armada para libertar nosso país”.
Espaço
Bela analogia:
os livros como armas.
Suspiro fundo
embaixo de um sol de rachar!
Como meu estandarte
que caminha de lugar a lugar
os livros
caminham de mão-em-mão
e ganham mundos
e libertam povos de vidas miúdas.
Fornecem significados,
significantes.
8º Movimento
Andante
Estandarte na árvore veterana.
Alegro
Esta árvore – testemunha ocular de tudo o que aqui aconteceu.
Espaço
A esta árvore
Me conta, vai!
do alto de tua experiência
do fundo de tuas raízes profundas
tudo o que aqui viste
para que eu sinta
no âmago de minhas raízes-alma
que algum dia
num futuro possível
reuniremos as lutas
por sociedades dignas
para todos e para tudo.
9º Movimento
Andante
Conhecer a ‘Assemblage’, minha residência artística até 30 de outubro de 2017.
Pauta: ‘Assemblage’
“Assemblage é uma organização sem fins lucrativos, direcionada à comunidade das artes visuais de Johannesburgo.
Conecta e compartilha ideias, informações, aconselhamento e colaboração. Oferece um fórum inclusivo onde estudantes de artes visuais, graduados e profissionais podem se comunicar.
Assemblage encoraja a produção, a participação, o profissionalismo e o compartilhamento de recursos, conhecimento e habilidades.
Através de um site informativo, monitora grupos, workshops, exposições coletivas, estúdios de artistas, e outros projetos colaborativos. Espera contribuir e promover inovações artísticas, colaboração e vibração pro-ativa em Johannesburgo.
Nosso objetivo é gerar e inspirar um dinâmico, vibrante e inclusivo fórum para a comunidade das artes visuais”.
Disponível em: <http://www.assemblage.co.za/about>
Acesso em: 10 ago 2016.
Alegro
A ‘Assemblage’ localiza-se na 03 Marshal St., bem no centro comercial de Johannesburgo, o que facilita o acesso.
Uma comunidade de artistas jovens, brancos e negros, circula nesses espaços e realiza pesquisa e produção artística.
Vários artistas trabalham nos estúdios aqui existentes, numa energia colaborativa, atenciosa e carinhosa.
Espaço
Seria fantástico ver espaços como este, espalhados em todas as cidades do mundo!
10º Movimento
Andante
Viagem de Johannesburgo a Soweto.
Primeiro destino: Casa Museu Nelson Mandela.
Pauta: Soweto
Cidade da região metropolitana de Johannesburgo.
Conta com população aproximada de 1.270.000 habitantes.
Dois Prêmios Nobel da Paz viveram em uma única rua de Soweto – a Vilakazi Street – Nelson Mandela e Desmond Tutu.
A cidade é famosa por sua resistência política no período do apartheid, com histórias de repressão – noticiadas ao redor do mundo – que conscientizaram a comunidade internacional dos horrores praticados pela repressão política da África do Sul.
Hoje – centro turístico do país – oferece sua história como pontos de atração para visitantes de todo o mundo.
Sobre Soweto
‘Soweto – South Africa Travel Channel 24’ (documentário longo, com câmera andando pelas ruas).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YN1brFJjZiY#t=362.67578>
Acesso em: 10 set 2016.
11º Movimento
Andante
Casa-Museu Nelson Mandela.
Pauta: Nelson Mandela.
A melhor maneira que encontro, neste momento, para falar de Nelson Mandela, é através do resumo de sua biografia.
Cronologia – Nelson Mandela
18 de julho de 1918.
Nasce Nelson Rolihlahla Mandela, perto de Qunu, no Transkei (agora Cabo do Leste), o filho mais novo de um conselheiro do chefe de seu clã, o Thembu.
1944
Funda a Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (‘CNA’), com Oliver Tambo e Walter Sisulu.
Casa-se, pela primeira vez, com Evelyn. Eles têm uma filha e dois filhos, e se divorciam em 1957.
1952
Mandela e outras pessoas são presas e acusadas com base no ‘Ato de Supressão do Comunismo’.
A pena de prisão é suspensa.
É escolhido como vice-presidente nacional do ‘CNA’.
1958
Casa-se com Winnie Madikizela.
Os dois se separam em abril de 1992 e se divorciam cerca de quatro anos depois.
1960
A polícia massacra manifestantes negros em Sharpeville.
1962
Mandela parte secretamente para treinamento militar no Marrocos e na Etiópia.
Ao retornar à África do Sul, ele é capturado e sentenciado a cinco anos de prisão, por incitamento à violência e por ter deixado o país de modo ilegal.
1963
Enquanto cumpre a pena, Mandela é acusado de conspiração e sabotagem.
12 de junho de 1964
Mandela e sete outros são sentenciados à prisão perpétua na Ilha Robben, na costa da Cidade do Cabo.
2 de fevereiro de 1990
F.W. de Klerk, o último presidente branco da África do Sul, retira o banimento do ‘CNA’ e de outros movimentos de libertação.
11 de fevereiro de 1990
Mandela é libertado da prisão.
1991
É eleito presidente do ‘CNA’.
Outubro de 1993 – Ganha o Prêmio Nobel da Paz, com De Klerk.
27-29 de abril de 1994
Primeira eleição multirracial na África do Sul.
10 de maio de 1994
Toma posse como primeiro presidente negro da África do Sul.
Dezembro de 1997
Passa a liderança do ‘CNA’ para o vice-presidente Thabo Mbeki, na primeira etapa da transferência paulatina de poder.
18 de julho de 1998
Celebra o 80º aniversário, casando-se com Graça Machel, viúva do presidente moçambicano Samora Machel.
16 de junho de 1999
Aposenta-se e entrega o poder a Mbeki.
6 de janeiro de 2005
Anuncia que o único filho homem que sobreviveu, Makgatho Mandela, morreu de Aids aos 54 anos.
18 de julho de 2007
Lança um grupo internacional de estadistas idosos para combater a mudança climática, HIV/Aids, pobreza e outros problemas mundiais.
26 de junho de 2008
Congressistas dos EUA eliminam dos bancos de dados nacionais as referências a Mandela como um terrorista.
11 de julho de 2010
Vai à final da Copa do Mundo entre Espanha e Holanda.
08 de junho de 2013
Hospitalizado por infecção pulmonar recorrente.
18 de julho
Sul africanos celebram o Dia de Mandela, com 67 minutos de serviço público para homenagear os 67 anos que Mandela serviu à humanidade.
1 de setembro
Mandela tem alta e retorna para casa, após 87 dias num hospital de Pretória.
5 de dezembro
Morre pacificamente em casa.
(Reportagem de David Cutler)
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,cronologia-vida-e-momentos-de-nelson-mandela,1104783>
Acesso em: 13 ago 2016.
‘Nelson Mandela – Mini Biography’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UqoYmx_L-Xs>
Acesso em: 13 fev 2017.
Sobre Nelson Mandela, em português:
‘Documentário Nelson Mandela. Completo e Dublado. Bio HD’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gmneEFUIBQ0>
Acesso em: 13 fev 2016.
Sobre ‘Qunu’, a terra natal de Nelson Mandela:
‘Qunu: The Place that Shaped Nelson Mandela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1vZIxmUBixw>
Acesso em: 13 ago 2016.
‘Nelson Mandela – O homem por detrás da lenda’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SzY8EnTakvw>
Acesso em: 10 ago 2016.
Campanha de libertação de Nelson Mandela:
‘The Free Mandela Campaign’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UjfE6Hp56NY>
Acesso em: 13 fev 2017.
‘Yvonne Chaka Chaka – Freedom – Original’ (Gravação histórica, de 1988).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DRFsC1cEebA&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=12>
Acesso em: 19 fev 2017.
‘Hugh Masekela – Bring Him Back Home (Nelson Mandela) live’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NG3oKb2JQow>
Acesso em: 19 fev 2017.
‘10 Feb 1990 – FW de Klerk announces the release of Nelson Mandela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8DdNV6nbByM>
Acesso em: 19 fev 2017.
‘Nelson Mandela Released From Prison – 1990’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=png6cUURZB8>
Acesso em: 19 fev 2017.
‘Ruota Libera – Madiba’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DAtN2obBD94&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=19>
Acesso em: 20 fev 2017.
‘Mandela Song – Al Jha Man’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zTyvAjHRJBQ&index=20&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 20 fev 2017.
Alegro
Nelson Mandela, em 1994, tona-se o primeiro presidente democraticamente eleito da África do Sul, e seu primeiro presidente negro, tomando posse no dia 10 de maio de 1994.
Seu discurso de posse, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pJiXu4q__VU>
Acesso em: 10 ago 2016.
‘Nelson Mandela, interviewed by Neil Mitchell – 2000’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=o2v3ckPI4Ws>
Acesso em: 10 ago 2016.
Nelson Mandela recebe o título de Doutor Honoris Causa, da Universidade de Harvard, em 18 de setembro de 1998.
Seu discurso, ao receber o título, está disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=6D2YSOGpen0>
Acesso em: 13 fev 2017.
Afirmações de Nelson Mandela
Sobre racismo:
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.“
Conceito: Racismo.
“Conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias; doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras; preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente, geralmente considerada inferior; atitude de hostilidade em relação a determinada categoria de pessoas.“
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2373).
Sobre a educação:
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.“
Conceito: Educação.
“Ato ou processo de educar(-se); qualquer estágio desse processo; aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano; pedagogia, didática, ensino; desenvolvimento metódico de uma faculdade, de um sentido, de um órgão; conhecimento e observação dos costumes da vida social; civilidade, delicadeza, polidez, cortesia.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1100).
Para Paulo Freire, a Educação é um processo humanizante, social, político, ético, histórico, cultural.
‘Paulo Freire – An Incredible Conversation’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aFWjnkFypFA>
Acesso em: 07 jun 2017.
Sobre o medo:
“Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas o que conquista esse medo.”
Conceito: Medo.
“Estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência; temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio; apreensão em relação a (algo desagradável).”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1879).
Eduardo Galeano nos fala em ”A ditadura do medo’ (Legendas em português).
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=fdwvNRuw51g>
Acesso em: 03 mar 2017.
Sobre os seres humanos:
“Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós.
Não está apenas em um de nós: está em todos nós.
E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.
E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros.”
Sobre os esportes:
‘Nelson Mandela – Speech That Changed The World’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=x0w7EnExt5U>
Acesso em: 13 fev 2017.
Sobre a comunicação:
“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração.”
Sobre autonomia:
“Eu sou o capitão da minha alma.”
Sobre o impossível:
Alegro
Alguns filmes, documentários e entrevistas sobre Nelson Mandela
Aqui faço um resumo de vídeos encontrados na rede mundial de computadores:
‘Mandela – O Caminho Para a Liberdade’ – Dublado para o português.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MKaBjOZiIUY>
‘Fifty years since Mandela’s Rivonia Trial speech’ (Documentário histórico com a voz de Nelson Mandela).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=g5OJ205MdKI>
Acesso em: 13 ago 2016.
‘Entrevista a Nelson Mandela al salir de prisión’
(Entrevista histórica, com legendas em espanhol).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FZVXhJ1MtG8>
Acesso em: 14 out 2013.
Informações no link do vídeo: “Entrevista a Nelson Mandela concedida a distintos medios nacionales e internacionales al salir de prisión, luego de haber cumplido 27 años de condena de lo que originalmente era una cadena perpetua.
Universidad de Los Andes. Facultad de Humanidades y Educación. Escuela de Historia. Centro de Estudios de África y Asia José Manuel Briceño Monzillo.
Edición, traducción y subtítulos: Leonel Zambrano.
Mérida, Venezuela.”
‘Mandela release from prison speech full speech’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=M6U_QeIgepI&t=457s>
Acesso em: 13 ago 2016.
‘1990 Town Hall Meeting With Nelson Mandela (New York, USA)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=q6eE9BIUfBg>
Acesso em: 13 ago 2016.
‘Nelson Mandela’s Fight for Freedom’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fcsCwPk982U>
Acesso em: 10 ago 2016.
‘Viva Mandela! How Music Helped Beat Apartheid’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ngW3xQX6qhU&t=2s>
Acesso em: 13 ago 2016;
‘Nelson Mandela: Long
Walk to Freedom’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bAFyBR3fjiw>
Acesso em: 13 ago 2016.
‘Mandela: Son of Africa, Father of a Nation’
Dirigido por: Angus Gibson e Jo Menell.
Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, em 1996.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0_eYnCrh6gU&t=41s>
Acesso em: 13 ago 2016.
Pauta: Casa-Museu Nelson Mandela.
Na Orlando West, Soweto, esquina das ruas Vilakazi e Ngakane, encontra-se a casa que Nelson Mandela e sua família chamaram de lar, de 1946 a 1990.
Mandela viveu na casa com sua primeira esposa e, depois do divórcio, com Winnie Madikizela-Mandela, sua segunda esposa.
Mandela não passou muito tempo na casa, por causa de sua vida clandestina durante as lutas antiapartheid.
Depois de ser libertado, em 1990, ele voltou para a casa por um curto período de 11 dias, mudando-se logo após para uma casa mais segura no subúrbio de Houghton, Johannesburgo.
A casa, de quatro cômodos, foi transformada em museu e guarda obras de arte, prêmios, entre outros pertences de Nelson Mandela e sua família.
Disponível em: <http://www.gauteng.net/attractions/soweto_and_the_mandela_family_museum>
Acesso em: 15 mar 2017.
Site da Casa-Museu Nelson Mandela: <http://www.mandelahouse.com/>
Acesso em: 15 mar 2017.
Alegro
A casa onde Nelson e Winnie Mandela viveram, em Soweto, transformou essa região em centro de turismo.
Milhares de pessoas, de todas as partes do mundo, a visitam.
Espaço
Esta já foi simplesmente uma casa, entretanto uma casa de revolucionários, que não somente influenciaram os povos de seu próprio país, como espalharam lutas e esperanças ao redor do mundo.
Quando um lar, o que aconteceu aqui dentro está segredado entre suas paredes.
A outra parte do que aconteceu,
todos nós sabemos…
Alguns e algumassul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Winnie Mandela.
Nomzamo Winifred Zanyiwe Madikizela nasceu em Bizana na região de Transkel, em 26 de setembro de 1936.
Em 1953, Winnie se muda para Johannesburgo.
No ano de 1955, formou-se em Serviço Social.
Logo cedo envolveu-se com o ativismo político de seu país.
Trabalhando em um hospital em Johannesburgo, conheceu a futura esposa de Oliver Tambo, que a apresentou a Nelson Mandela, quando ela tinha 22 anos de idade. Ele já era uma figura importante na luta antiapartheid.
Winnie e Nelson se casam em 14 de junho de 1958.
Logo ela descobriu que a solidão seria constante no casamento com um militante proeminente nas lutas.
Em outubro de 1958, Winnie participa do grande protesto, organizado por mulheres, contra a Lei dos Passes.
Neste protesto 1.000 mulheres foram presas, inclusive Winnie.
A partir desse momento, ela sai da ‘sombra’ do marido famoso.
Tiveram influência sobre Winie: Lillian Ngoyi, Albertina Sisulu, Florence Matomel, Frances Baard, Kate Molale, Ruth Mompati, Hilda Barnstein e Ruth First.
Quando Mandela estava escondido, eles se encontravam secretamente. Seus encontros mais prolongados aconteceram na Liliesleaf Farm, em Rivonia.
Daí em diante, iniciam-se as consecutivas prisões de Mandela, que se acumulariam no total de 27 anos de encarceramento.
Winnie foi ‘banida’ em 28 de dezembro de 1962, o que impediu seus movimentos e a proibiu de entrar em qualquer espaço educacional, de entrar ou participar de reuniões ou lugares onde mais de duas pessoas estivessem presentes.
A imprensa também foi proibida de citar qualquer um de seus pronunciamentos.
Em 1963, quando Mandela foi transferido para a Ilha Robben, ela foi proibida de visitar seu marido.
Em uma visita conseguida, eles não podiam se comunicar em Xhosa, somente em Inglês.
A polícia do apartheid nunca tirou os olhos dela, perseguindo-a por todo o tempo.
Em 12 de maio de 1969, a polícia a prende e a mantém em solitária por 17 meses. Durante os primeiros 200 dias, ela não teve nenhum contato com seres humanos, além de seus interrogadores, os quais a mantiveram acordada por cinco dias e cinco noites.
Nada enfraqueceu seu espírito de luta, e sua mensagem às autoridades foi “Vocês não podem mais intimidar pessoas como eu.”
Foi presa novamente, em 1973 e em 1976.
O levante estudantil de Soweto – ‘Soweto Uprising’ – aconteceu na rua de sua residência.
Durante os anos de prisão de Mandela, em suas lutas, ela se afastou politicamente do marido. Enquanto ele se aproximava da luta pacífica, ela ia em direção à não-reconciliação com os opressores.
Em 11 de fevereiro de 1990, Mandela sai livre da prisão, e finalmente o casal estava junto após quase 30 anos de separação.
Devido ao natural afastamento desse longo período, e depois de algumas complicações políticas vividas por Winnie, em 13 de abril de 1992, Mandela anuncia a separação do casal, divorciando-se somente em 1996.
Mais informações disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/people/winnie-madikizela-mandela>
Acesso em: 23 set 2016.
Sobre os momentos atuais
Sobre as mulheres:
‘Winnie Madikizela-Mandela address to women’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=m-fRYC9NbhA>
Acesso em: 13 fev 2017.
‘Winnie Mandela’s exclusive full interview with the SABC’ Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Tz6Xb2MIYYQ&t=128s>
Acesso em: 12 fev 2017.
Adágio
Ao visitar esta casa, reflito profundamente sobre as lutas libertárias em Soweto, na África do Sul, no continente africano, e no resto do mundo.
E muito, muito, muito, sobre o que esta história significa para as lutas na América Latina.
12º Movimento
Andante
Meu encontro com Winnie Mandela.
Alegro
Parecia um dia ‘normal’ do meu trabalho na África do Sul, mas numa dessas confluências astrais, ou, botando os pés no chão, como uma confluência histórica, chego à Casa-Museu Nelson Mandela, em Soweto, exatamente na mesma hora em que Winnie Mandela está chegando para uma conferência de imprensa.
Agarro minha câmera e tento fazer algumas fotos de sua comitiva, na esperança de que ela esteja entre as pessoas fotografadas.
Com minha parca habilidade visual, eu não consegui distinguir quem era Winnie entre as pessoas que entravam na casa naquele momento… muito menos eu sabia se poderia entrar na casa-museu após sua entrada.
Alegro
Entramos na casa-museu, praticamente juntas, Winnie Mandela e eu.
Eu vou direto para o quintal.
Neste quintal, sinto abaixo de meus pés um solo fértil, o chão firme, um espaço contíguo aos tempos aqui vividos por ela e Nelson Mandela.
Aproprio-me de parte fundamental da minha própria história.
Adágio
Espaços temporais perpassam meus pensamentos, de quando eu ouvia as notícias do que aqui acontecia durante as lutas contra o apartheid.
Não sei mais em que época estou.
Viajo longe
no tempo, no espaço
entre Recife e Soweto
entre mim e Winnie.
Essa mulher
representante e representativa
de tantas lutas.
Lutas antigas
que clamam por retomada
nesses tempos injustos.
Espaço
Suspensa nesse tempo-espaço, não-tempo, não-espaço, entrei na casa, pela porta dos fundos, e lá está ela.
Aquela mulher simples e imponente… bela e sofrida… alegre!
Um contato direto com ela, nesse momento tão próximo, coloca-se em um tempo intangível.
Alegro
Chego mais ou menos junto dela
chego mais junto
mais e mais junto
olho-a nos olhos
seus olhos me convidam a uma fala.
Que falar nesse momento?
As palavras entrecortam minha garganta.
Meu coração bate forte.
Eu me aproximo:
Winnie, sou Eliane Velozo, do Brasil. Estou aqui fazendo pesquisa e produção de conteúdos para meu projeto ‘Senha Aberta’, que, na África do Sul, trabalha as questões relacionadas ao apartheid.
O projeto baseia-se nas minhas memórias de nossas lutas comuns, pois enquanto vocês lutavam aqui, nós estávamos nas ruas, no Brasil, gritando ‘abaixo o apartheid’ na África do Sul!
Ela me olhou e me abraçou.
Naquele momento éramos uma coisa só!
Uma confluência de sofrimentos e alegrias. Uma política de unificação.
E ela disse, dirigindo-se aos que estavam por perto:
“Chega, chega, alguém tira uma foto da gente aqui! Chega, chega…”
Como em um passe de mágica, entreguei minha câmera a alguém que estava ao alcance de minha mão.
Espaço
Nesse momento, não é preciso dizer mais nada.
Depois desse encontro inusitado, faço fotos do estandarte em vários espaços da casa.
13º Movimento
Andante
Foto do estandarte entre duas pessoas, uma negra e uma branca.
Alegro
Busco quebrar o estigma montado pelo apartheid da separação das pessoas por raça, ou pela cor da pele.
Encontro Thuli Molefe, e Johan Brummer, uma funcionária do museu e um turista, que aceitam estar no projeto ‘Senha Aberta’, relacionados ao estandarte na Casa-Museu Nelson Mandela.
14º Movimento
Andante
‘Hector Pieterson Memorial and Museum’.
Pauta: Hector Peterson.
(A forma de escrever o sobrenome varia, em diferentes fontes, entre Peterson e Pieterson).
Hector Peterson foi um estudante de 13 anos, morto pela polícia, durante o ‘Soweto Uprising’, em 16 de junho de 1976.
Apesar de não ter sido o primeiro estudante morto durante os levantes de Soweto, sua morte ficou conhecida ao redor do mundo, pela fotografia feita pelo fotógrafo Sam Nzima, publicada em vários países.
A fotografia causou imediata reação internacional ao massacre dos estudantes e aos problemas do regime sul-africano.
NO CASO DE FAZER O LIVRO DO PROEJTO, AQUI DEVEIRA ESTAR A REFERIDA FOTOGRAFIA.
ários protestos estudantis em Soweto, causados, basicamente, pela discordâncias dos estudantes sobre a utilização da língua ‘Afrikans’ nas escolas.
Análises posteriores à sua morte afirmaram que ele foi morto por uma bala direcionada a ele, e não por ‘acaso’, como a polícia tentou provar.
Aproximadamente 566 crianças de escolas foram mortas durante os levantes estudantis em Soweto.
Desde 1994, o dia 16 de junho passou a ser feriado nacional – Dia da Juventude – na África do Sul.
A irmã de Hector Peterson fala sobre o dia 16 de junho:
Hector Pieterson’s sister talks to eNCA about June 16’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lkbG0JeRUkk>
Acesso em: 27 nov 2016.
Sobre a divulgação das imagens dos protestos em Soweto, Sam Nzima fala sobre os direitos de uso de sua fotografia de Hector Peterson, onde ele explica que nunca recebeu direitos autorais pela mesma.
‘Sam Nzima Interview (Full)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=k42tI3nIizc>
Acesso em: 27 nov 2016.
Sobre o Levante de Soweto – e outros levantes estudantis:
‘June 16, 1976 uprising, students relives that day’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CyicKHs_cSg&t=2s>
Acesso em: 12 set 2016.
‘Reflecting on the June 16 1976, 40 years later’
Parte 1/5
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=r1fBkkDM0jc&t=28s>
Parte 2/5
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PoCQ3c9jmdU>
Parte 3/5
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Fdl0F7IYKgw>
Parte 4/5
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=R9U8BQLWLRU>
Parte 5/5
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tA_a9EC5MMI>
Acesso em: 04 dez 2016.
Relatos da Comissão da Verdade estão disponíveis em: <http://sabctrc.saha.org.za/glossary/soweto_uprising.htm?tab=victims>
Acesso em: 27 nov 2016.
Pauta: ‘Hector Pieterson Memorial and Museum’.
O Memorial foi inaugurado no início dos anos 90, na
Rua Khumalo, em Soweto, próximo ao local onde Hector Peterson foi morto.
Homenageia todas as pessoas mortas e feridas nos levantes de Soweto.
O museu, próximo ao memorial, inaugurado a 16 de junho de 2002, destina-se à preservação da memória, não somente dos levantes de 1976, como também dos outros acontecimentos estudantis de Soweto. Na coleção do museu encontram-se testemunhos orais, fotografias, audiovisuais e objetos.
O museu ressalta a importância dos movimentos estudantis na luta por liberdade na África do Sul.
Conceito: Perímetro, em inglês perimeter.
Volto a conceituar esta palavra, usada quando da terceira afinação deste projeto, no Chile.
Basicamente, uso esta palavra para definir lugares em que fui proibida, dentro do meu projeto, de exercitar a Liberdade de captar imagens em instituições públicas, mesmo com a prévia acordância de não refotografar as fotografias expostas.
Adágio
Proibiram-me de fotografar em qualquer dependência do Museu Hector Peterson, assim como os estudantes eram proibidos de se manifestarem, aqui mesmo, em 1976.
Deixo registrado o meu protesto.
Após dias tentando contato para conseguir autorização para fotografar, ao chegarmos ao Museu, tivemos uma reunião com um dos curadores, que tentou explicar, em dez minutos de texto, que eu não poderia fotografar. Porém, em sua terceira palavra, eu já sabia que a resposta seria ‘NÃO’.
O que acontece, de forma recorrente, em lugares com muito fluxo de turistas, é o não diferenciamento entre um turista que entra em museus com uma câmera na mão – que nesse caso não se sabe o destino das imagens captadas – e as pessoas que estão pesquisando, como no meu caso – com um projeto, inclusive, apoiado por uma instituição pública brasileira, e já com três etapas realizadas em outros três países.
Acredito que essas atitudes não somente prejudicam projetos necessários, como não dignificam os ideais das pessoas a quem esses lugares se referem, não gerando propostas de continuidade das lutas.
Cria um distanciamento social e dificulta o entendimento de cada cidadão e cidadã de sua importância na história político-social da atualidade.
Acredito que isso pode ser o início de uma discussão sobre as funções desses espaços.
Com esse banimento de minha câmera, assumo que esse foi somente mais um ‘não’.
Como eu era somente uma, e não sou sul-africana, nem fiz nenhum protesto!
Minhas câmeras foram banidas do museu.
Conceito: Banimento
“Ato ou efeito de banir, expulsão; pena imposta a alguém para deixar o país e não retornar a ele enquanto durar a pena.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 397).
No caso da história política da África do Sul, o termo foi aprimorado para banimentos dentro do próprio país, e para evitar a participação em reuniões ou encontro entre pessoas.
O conceito de banimento vai além do conceito de perímetro.
Considero um perímetro um lugar onde já é ‘proibido’, ou onde se supõe que não se pode fotografar e, sem negociações, realmente é proibido.
O banimento é o lugar em que se passa por um processo de negociação, de onde se chega a lugar nenhum.
Ou, também, à expulsão de uma pessoa, de um equipamento, de uma ideia.
Alegro
Dou a volta por cima e visito o Hector Peterson Museum de forma rápida.
Fotografo o estandarte no memorial.
Dedico este canção aos que lutam por liberdade de imprensa:
‘Freedom is coming romorrow’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=F_MNNzqQnkg>
Acesso em: 14 out 2013.
15º Movimento
Andante
Estandarte na obra de arte pública ‘Student’s Confrontation’
A obra de arte pública, de autoria de Stone Mabunda, erque-se imponente em uma calçada localizada próxima ao Memorial à juventide dos levantes de Soweto e a Casa Museu Nelson Mandela.
Johannesburgo, 23.09.2016 (6ª feira)
1º Movimento
Andante
Primeira visita à Escola Primária Hector Peterson.
Pauta: ‘Hector Peterson Primary School’
A escola, localizada em Soweto, tem espaços amplos e suas paredes, bem pintadas, sem manchas ou rasuras.
Atualmente 1.248 alunos são orientados por 31 professores (pouco mais de 40 alunos por turma, o que não é muito diferente, em números de alunos por turma, do período do apartheid).
Alegro
Conheço a escola, seu diretor, e alguns professores, e definimos os detalhes do projeto ‘Desejos Compartilhados’.
Mr. Bonongo, diretor da escola, nos recebe com alegria e prontidão.
Conversamos sobre a escola, o projeto Senha Aberta, o ‘Desejos Compartilhados’ e sobre a necessidade de autorização dos pais para fotografarmos as crianças.
Definimos que o projeto será realizado, na escola, na semana do dia das crianças do Brasil.
‘Desejos Compartilhados’
(Ação do Projeto Senha Aberta)
Esta ação é inspirada na definição de ‘felicidade’ do escritor uruguaio Eduardo Galeano: “Para definir a palavra ‘felicidade’, basta dar uma bola nas mãos de uma criança”. Também comemora o dia da criança no Brasil, 12 de outubro, cruzando ideias e ideais com a história de Hector Peterson, estudante de 13 anos, morto durante o ‘Levante de Soweto’, em 1976.
Consideramos a necessidade de compartilhamento de ações, na luta por adição de sentido e transformação do mundo em que vivemos.
Brincar junto é uma das maneiras de promover relações entre as crianças, e necessidade constante nos processos intermináveis de construção dos Direitos Humanos, considerando a falta desses direitos em muitas sociedades.
A ação conecta 15 crianças da Escola Municipal Waldemar D’Luz Gonçalves (Betim, Minas Gerais, Brasil), com 15 estudantes da Escola Primária Hector Peterson (Soweto, Johannesburgo, África do Sul).
Os alunos da escola do Brasil enviaram, cada um, uma bola assinada para os alunos de Soweto, em um gesto simbólico de conexão e prática da palavra africana ‘ubuntu’.
Pretendemos exaltar os significados da não-fronteiras e de universalidade entre as crianças.
As atividades da ação:
- Cada uma das 15 crianças brasileiras, escolhidas para o projeto, assinou uma das 15 bolas e foi fotografada ‘enviando’ cada uma das bolas para as crianças de Soweto.
- As crianças brasileiras pintaram suas mãos em uma bandeira branca de tecido, e as crianças sul-africanas farão o mesmo.
- Eu trouxe comigo as 15 bolas para os alunos da Escola Primária Hector Peterson.
- Na Escola Primária Hector Peterson, cada criança que receber a bola será fotografada segurando/recebendo a sua bola, e pintará sua mão no banner branco.
- As fotos serão expostas em ambas as escolas.
- As fotos serão incluídas no projeto ‘Senha Aberta’.
Conceito: ‘ubuntu’
‘Ubuntu’ é uma filosofia africana cujo significado se refere à humanidade com os outros. Trata-se de um conceito amplo sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade.
Para os africanos, ’ubuntu’ é a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, uma ideia semelhante à de amor ao próximo.
‘Ubuntu’ significa generosidade, solidariedade, compaixão com os necessitados, e o desejo sincero de felicidade e harmonia entre os homens.
Para mim, este conceito está relacionado a uma série de pessoas.
2º Movimento
Andante
‘Apartheid Museum’
Pauta: ‘Apartheid Museum’
O Museu do Apartheid, inaugurado em 2001, é considerado o melhor museu do mundo que lida com a África do Sul do século XX, tendo à frente a história do apartheid.
O Museu apresenta a construção e a queda do regime do apartheid.
As exposições foram montadas e organizadas por uma equipe multi-disciplinar de curadores, cineastas, historiadores e designers.
Para quem deseja entender e experienciar o que o apartheid sul-africano foi, visitar o museu é fundamental.
Disponível em: <https://www.apartheidmuseum.org/about-museum-0>
Acesso em: 23 set 2016.
Alegro
O Museu chama a atenção por sua arquitetura.
Ao chegarmos, fazemos contato com a direção do Museu para iniciarmos o trabalho fotográfico.
3º Movimento
Andante
Tour por todo o museu.
Devido à minha decisão de não ver, na internet, os lugares que vou visitar, antes da visita, eu sempre me surpreendo com os trabalhos de museografia que encontro.
4º Movimento
Andante
Fotos com o estandarte.
Alegro
Fotografo o estandarte na frente do Museu, na área relacionada às placas,
na escuridão do escuro, com frestas de luz: as lutas do porvir,
com o camburão: símbolo de opressão e falta de Liberdade,
nas celas, e o estandarte a ponto de ser ‘atropelado’,
além de em outras partes do museu.
A parede externa, montada com milhares de pedras, simbolizam os imigrantes que vieram para trabalhar nas minas.
Alegro
O museu apresenta, também, uma incrível proposta de interação com o público, através de inúmeros bastões coloridos, que devem ser escolhidos pelo público e colocados em área especificada.
Os bastões, tem cores diferentes, onde cada cor representa um conceito explicado por Nelson Mandela em uma série de painéís.
Esses conceitos, a princípio, são formadores de uma nação arco-iris.
Conceitos do Presidente Nelson Mandela:
Sobre as questões relacionadas ao apartheid, podemos encontrar inúmeros vídeos.
Aqui, relaciono alguns:
‘Apartheid Documentário Completo’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=O8m33wm05wk&t=244s>
Acesso em: 23 set 2016.
‘Apartheid – documentary series by Liza Key’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FScbCMnQuC0&t=5s>
Acesso em: 13 fev 2017.
Johannesburgo, 24.09.2016 (sábado)
1º Movimento
Andante
Observações iniciais no ‘Constitution Hill’.
Pauta: ‘Constitution Hill’.
O ‘Constitution Hill’ é a casa da Corte Constitucional do país.
Porém, sua história guarda a dor e o sofrimento pois, antes de ser transformado na Corte, o ‘morro’ – casa do fo
rte (The Fort) – manteve um conhecido presídio com áreas para ‘nativos’, mulheres, prisioneiros esperando julgamento e prisioneiros políticos.
Mantinha, ao mesmo tempo, criminosos comuns e pessoas com acusações de terem desrespeitado leis do regime do apartheid.
“O complexo prisional do ‘Forte’ impactou profundamente a vida de centenas de mulheres de sul africanos, por ser, essencialmente, uma prisão de trânsito, onde prisioneiros eram mantidos até serem sentenciados para pagar suas penas em outros lugares.”
Em meados dos anos 1990, passa a ser sede da Corte Constitucional, e partes das edificações foram transformadas em memorial e museu.
Mais informações, disponíveis em: <https://www.constitutionhill.org.za/>
Acesso em: 02 fev 2016.
Espaço
O que é um(a) criminoso(a)?
Quem são os(as) criminosos(as)?
Um sistema que mata pela cor da pele, é um criminoso?
Um sistema que pune por crença religiosa ou política, é um criminoso?
Um sistema que exclui, por capacidade financeira, é um criminoso?
Um sistema que destrói o planeta, a morada de todas as coisas e pessoas, é um criminoso?
Quem seriam os(as) criminosos(as)?
Você é um(a) criminoso(a)?
O que você mata, todos os dias?
Talvez seja hora de pensar e mudar paradigmas!
Adágio
No ‘Constitution Hill’ os presos políticos eram separados de maneira a não ‘contaminar’, com suas ideias, os outros presos.
2º Movimento
Andante
Alegro
A força da arte é infinita, mesmo nas mais inimagináveis situações.
Os cobertores eram transformados em esculturas, a cada nascer do dia, voltando a ser cobertores, ao cair da noite.
Faiga Ostrower considera a criatividade um potencial inerente ao ser humano, e que o ser humano necessita realizar essa potencialidade. Em sendo assim, mesmo em condições subumanas de vida, o ser humano é capaz de exercitar seus processos criativos.
Espaço
Essa escultura, montada em uma das antigas celas, por um ex-detento, faz com que eu fique um tempão aqui, meio paralisada, observando esta obra de arte, que surgiu de um limbo, no sentido pleno desses presídios como ‘depósitos de coisas inúteis’ para a sociedade, leia-se, para a roda do capitalismo.
Como na religião, seriam almas celestiais para o inferno e infernais para o céu.
Um lugar não-lugar.
Um espaço não-espaço.
Cubículo
Um ser não-ser.
Capaz de sonhar
transformando seus sonhos
realidades intangíveis em sonhos.
Conceito: Cela
“Nas penitenciárias e estabelecimentos afins, compartimento de prisioneiro(s); qualquer cômodo de reduzidas dimensões”.
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 667).
Lugar em que, geralmente, são jogadas as pessoas condenadas por algum motivo social ou político.
Quase sempre um depósito de seres humanos ineficientes para o sistema político e econômico vigente.
3º Movimento
Andante
O circuito distribuição de comida-restaurante-latrinas.
A distribuição do alimento realizava-se obedecendo a critérios de classe de preso, definidos pela cor da pele:
Panela A – comida para os brancos.
Panela B – comida para os mestiços.
Panela C – comida para os negros.
Somente um muro baixo separava as panelas de alimento das latrinas.
O mau cheiro das latrinas diminuía a vontade de comer.
Adágio
A ideia central: humilhar, baixar ainda mais a estima dos prisioneiros, e fazer com que eles comessem pouco.
Aqui, mostro a fotografia feita no Museu dos Direitos Humanos no Chile, que se relaciona com o continente africano, e onde esses direitos são desrespeitados:
Alegro
Faço fotos em diversos espaços desse circuito.
Espaço
Os banheiros, hoje em ruínas, serviam a 2.000 prisioneiros, que iam ao banho em grupos de 20.
4º Movimento
Andante
A experiência das celas.
Alegro
Mais ou menos preservadas, as pequenas celas guardam algumas medidas do horror.
Liberdade:
Link no youtube: <https://www.youtube.com/watch?v=uSGigG9UuAQ&t=40s>
Entre outros prisioneiros, políticos ou não, ficaram nessas celas inúmeros estudantes trazidos para cá durante os levantes estudantis.
Em cada uma das celas ficavam 3 a 4 estudantes.
Adágio
Aqui, existe, bem preservada, a área destinada ao presídio feminino.
Adágio
Do lado de fora, no pátio da pequena cela-prisão, o céu azul, sonorizado por barulhentas gralhas…
separado de mim por grades…
Gradeado?
O ´céu’ tem grades?
5º Movimento
Andante
A Corte Suprema.
Alegro
A fachada da Suprema Corte está escrita nas onze línguas oficiais do país.
Dentro do prédio, descendo do teto, árvores com onze galhos, dão significado à ‘justiça embaixo das árvores’, e afirmam que a justiça é exercitada em onze idiomas.
Alegro
O guia que acompanho, ao se referir à importância dos meios de comunicação para a democracia, fala: “A mídia são as pessoas que mantêm os olhos na nação”.
Pauta: A imprensa
Observando a história da imprensa – a grande mídia –, percebemos sua servidão ao poder econômico-político, mantendo distantes as opiniões que questionem esse poder.
Na África do Sul, a imprensa a serviço da minoria branca, manteve essa mesma minoria também dominada, para que ela não soubesse o que realmente acontecia no país.
Os meios impressos, em língua africaners ou inglês, apoiavam o governo, e a ele serviam, não oferecendo nenhum suporte às lutas por igualdade racial.
Espaço
‘Manter os olhos na nação’ significa ter os olhos abertos, mas, essencialmente, ter liberdade para escrever e publicar, sem nenhuma forma de censura.
Onde?
Onde?
Onde?
E ainda,
Onde?
Onde?
Onde?
O ‘retrato’ da imprensa:
6º Movimento
Andante
Ponte Nelson Mandela.
Pauta: ‘Nelson Mandela’s Bridge’.
A Ponte Nelson Mandela é a maior ponte sustentada por cabos da África do Sul. Mede 284m de comprimento e 42 metros de altura no lado norte e 27 metros de altura no lado sul.
Embaixo da ponte passam mais de 40 trilhos da ferrovia de Johannesburgo.
Nelson Mandela inaugurou-a em 20 de julho de 2003.
Alegro
Surpreendo-me com a beleza da ponte, plantada bem no centro da cidade.
As fotos com o estandarte são tarefa árdua, pois pessoas passam junto de mim, o sol ‘racha’ de cima para baixo, os carros passam do lado.
Minha principal preocupação é com a possibilidade do estandarte sair voando para cima dos carros…
Espaço
Amarro o estandarte, com fitas de velcro, na única posição possível, no único local viável para fazer as fotos.
Tento firmar os ideais do estandarte – uma ponte na ponte.
Essa utopia do estandarte significada pela utopia da ponte.
Como diz Lenine, na canção ‘A Ponte’:
[…] Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte
[…] Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte.
[…] A ponte não é de concreto, não é de ferro
Não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento.
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento
[…] Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte
A ponte nem tem que sair do lugar
Aponte pra onde quiser
A ponte é o abraço do braço do mar […].
‘A Ponte – Lenine & Martin Fondse Orchestra’
‘Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1rnwlXltL7k>
Acesso em: 03 dez 2016.
Johannesburgo, 25.09.2016 (domingo)
1º Movimento
Andante
Filme: ‘A World Apart’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UUi_pfStOBM&t=39s>
Acesso em: 25 set 2016.
Um drama antiapartheid, de 1988, escrito por Shawn Slovo, dirigido por Chris Menges. Baseado nas vidas dos pais de Shawn Slovo, Ruth First e Joe Slovo.
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Ruth First.
Ruth Fist nasceu em Johannesburgo, em 1925. Seus pais pertenciam ao Partido Comunista da África do Sul.
Casou com Joe Slovo, em 1949.
Lutou por justiça social na África do Sul.
Ajudou a fundar a ‘Federation of Progressive Students’, organização não-racial, e se filiou ao Partido Comunista sul-africano.
Trabalhava durante o dia e à noite dava aulas em escolas para negros.
Cooperou com a fundação de várias organizações antiapartheid.
Em 1956, seu marido Joe Slovo e outros líderes foram presos acusados de alta traição.
Mesmo com vários companheiros presos, ela aproveita os privilégios de sua raça para continuar em atividade política.
Apoiadora do ‘ANC’, foi presa em 1963.
Ao final desse mesmo ano, ela, com suas três filhas, juntam-se ao resto da família, no exílio, na Inglaterra.
Com a publicação, em 1970, do livro ‘Power in Africa’, ganha reconhecimento internacional.
Em 1977, retorna ao sul do continente africano – para Moçambique – onde dirigiriu o Centro de Estudos Africanos.
Usava seu talento como professora para ensinar ativismo, estratégia e ajudou os estudantes a compreender a necessidade da luta por justiça social.
Foi assassinada em Maputo, Moçambique, a 7 de agosto de 1982.
Disponível em: <http://biography.yourdictionary.com/ruth-first>
Acesso em: 09 set 2016.
Conceito: Exílio
“Ato ou efeito de exilar; expatriação forçada ou por livre escolha; degredo; isolamento do convívio social; solidão”.
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1284).
Sobre Ruth First, Nelson Mandela afirma: “Ela estava entre as estrelas mais brilhantes deste país, no sentido próprio da palavra.”
Textos de Ruth First estão disponíveis em: <http://www.ruthfirstpapers.org.uk/>
Acesso em: 20 fev 2017.
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Joe Slovo
Je Slovo nasceu na Lituânia, em 1926.
Aos nove anos, mudou-se com seus pais para a África do Sul.
Estudou na ‘University of the Witwatersrand’, onde se diplomou como bacharel em artes e em direito.
Serviu, voluntariamente, ao exército sul-africano, durante a II Guerra Mundial.
Membro ativo do Partido Comunista Sul-Africano (SACP), desde os anos 40, destacou-se como advogado em julgamentos políticos.
Em 1950, juntamente com sua esposa Ruth First, estava entre as 600 pessoas citadas nos termos da Lei de Supressão do Comunismo.
Em 1954, permaneceu banido de participar de assembleias e manifestações.
Em dezembro de 1956, acusaram-no, com outros ativistas, de traição. Agiu como acusado e como defensor.
Em 1960, detiveram-no por quatro meses.
Um dos primeiros membros da ‘Umkhonto we Sizwe’ (MK), a ala armada do ‘ANC’, em 1985, tornou-se o primeiro branco a ser membro da executiva nacional do ‘ANC’.
Em janeiro de 1990, Slovo faz circular o documento ‘Has Socialism Failed?’.
Disponível em: <http://www.sacp.org.za/docs/history/failed.html>
Acesso em: 04 dez 2016.
Depois das eleições de 1994, Slovo passou a ser o ‘Minister of Housing’, até sua morte em 6 de janeiro de 1995.
Resumo do artigo, disponível em: <http://www.sahistory.org.za/people/joe-slovo>
Acesso em: 03 dez 2015.
Sobre Ruth First e Joe Slovo, ’Ruth First and Joe Slovo in the War to end Apartheid“
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2CnxNht7-PY&t=36s>
Acesso em: 03 dez 2016.
Johannesburgo, 26.09.2016 (segunda)
1º Movimento
Andante
‘WestPark Cemetery’
Allegro
Chegamos ao Cemitério WestPark, em busca do ‘Memorial aos Seis Milhões’, obra do escultor judeu Hernan Wald.
Adágio
O cemitério tem setores separados para os judeus, muçulmanos, católicos…
Aqui, cai mais um paradigma: as pessoas, mesmo depois de mortas, não se misturam.
É verdade que para a realizaçao de cultos religiosos seria mais fácil manter esses mortos separados, mas isso não basta, não justifica este apartheid postmortem.
Allegro
Pauta: Herman Wald
Herman Wald (1906 – 1970), escultor sul-africano, nascido na Hungria. Mudou-se para a África do Sul em 1937, onde viveu e trabalhou até a sua morte.
Sua história, fotos e informações encontram-se em um importantíssimo espaço digital, disponível em: <http://hermanwald.com/pages/Biography.aspx>
Acesso em: 04 dez 2016.
Seus trabalhos, disponíveis em coleções de arte ao redor do mundo, e em espaços públicos, formam um apanhado de sua obra.
Alegro
Descobri Herman Wald, na busca por similaridades entre o regime nazista e o apartheid.
Acredito que as ‘leis de superioridade racial’, o exercício profissional e o direito à propriedade foram aplicados nas duas situações.
É necessário detalhar que, na África do Sul, uma minoria branca impôs suas regras à maioria da população.
Em ambos os casos, os regimes foram paulatinamente sendo implantados, de forma a garantir a aceitação da comunidade.
A separação por raça, no caso da África do Sul – realizada sem necessariamente expulsar do país –, deixando áreas ‘abertas’ para os negros, diferencia-se do banimento dos judeus e dos guetos durante o nazismo.
No caso do apartheid, os guetos foram nominados de ‘townships’ e eram ‘abertos’, apesar dos negros não poderem circular pelas áreas dos brancos, exceto em caso de estarem comprovadamente ‘prestando serviços’ (leia-se subserviência) aos brancos.
No caso do nazismo, os judeus – aprisionados, mortos, incinerados – em um sistemático processo de supressão.
No apartheid, os dissidentes foram presos e mortos, banidos do país, e toda a população negra deslocada de seus espaços naturais e relocada conforme os impositores.
Por causa da complexidade desse tema, deixo aqui somente minhas impressões iniciais.
Alguns artigos estão disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/article/comparison-between-racial-policies-nazi-germany-1938-and-apartheid-laws-south-africa-grade-1>
Acesso em: 20 nov 2016.
‘Diggers Fountain, Kimberley’
Disponível em: <http://www.mediaclubsouthafrica.com/culture/4199-22-monuments-for-22-years-of-freedom#Robben>
Acesso em: 20 ago 2016.
Alegro
Alpha Blondy nos apresenta uma canção que diz que ‘América’ deve parar o nazismo na África do Sul.
‘Alpha Blondy – Apartheid is Nazism (with Lyric)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LbwlThzlxX4>
Acesso em: 14 out 2016.
“O ‘Memorial aos Seis Milhões’
O monumento retrata seis punhos em bronze, de 152,4 cm de altura, saindo do chão, como um protesto às mortes. Cada punho representa um milhão de judeus mortos sob o nazismo. Cada um segurando um chifre de carneiro, de 10.6 metros de altura, dos rituais judaicos.
Em pares, eles formam três arcos […]” (H. Wald).
‘Herman Wald Exhibition’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rpNXYWvuyVM&t=4s>
Acesso em: 13 nov 2016.
2º Movimento
Andante
Ida à Universidade de Witwatersrand, em busca da escultura ‘Ao Mineiro Desconhecido’, de Herman Wald.
Espaço
Somos impossibilitados de entrar na universidade, por causa da ocupação estudantil.
Aqui, como nos dias em que estive no Chile, os estudantes universitários estão em revolta contra o sistema de ensino e as taxas cobradas.
Sobre as lutas estudantis atuais na África do Sul, ver artigo, que quase não esclarece sobre as lutas, mas nos oferece um panorama dos problemas enfrentados pelos estudantes:
‘Political divisions start taking their toll on the latest phase of the student #Fallist movement’
Disponível em: <http://mg.co.za/article/2016-09-23-00-political-divisions-start-taking-their-toll-on-the-latest-phase-of-the-student-fallist-movement>
Acesso em: 28 set 2016.
‘Wits students sing Nkosi Sikelela iAfrica durring the Fees Must Fall movement #FeesMustFall #Wits’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GIkJFj1NWp4>
Acesso em: 21 fev 2017.
Espaço
3º Movimento
Andante
Filme: ‘South Africa in Pictures’.
Allegro
O documentário da BBC, ‘África do Sul em Fotos’, narrado pelo fotógrafo inglês Rankin, em 2010, mostra alguns desenvolvimentos da fotografia sul-africana, através de entrevistas e imagens dos fotógrafos: David Goldeblatt, Alf Kumalo, Greg Marinovich, Rankin, Jorgen Schadeberg, João Silva e Nontsikelelo ‘Lolo’ Veleko.
‘South Africa in pictures – documentary ‘
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FzBW2BOUgjQ&t=35s>
Acesso em: 28 ago 2016.
Sobre os fotógrafos citados no documentário:
David Goldeblatt – a ele dedicarei uma maior atenção, mais tarde, neste projeto.
‘Alf Khumalo’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2Ks4z64a3Vs>
Acesso em: 05 dez 3016.
Greg Marinovich
‘Entrevista Greg Marinovich – Jornalismo FIAM FAAM – 2º semestre’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Bs3K-o6d4oA>
Acesso em: 05 dez 2016.
‘Mandela and me – Reflections by Greg Marinovich’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wCvVdY2WDUY>
Acesso em: 05 dez 2016.
Jorgen Schadeberg
‘Fotometodo.com – Entrevista a Jürgen Schadeberg, fotógrafo de Nelson Mandela’ (subtítulos en español)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MW2FEqJ5cbk>
Acesso em: 05 dez 2016.
João Silva
‘João Silva, a war photography survivor’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kL6m1m7t32Q>
Acesso em: 05 dez 2016.
Nontsikelelo ‘Lolo’ Veleko.
‘South AFRICAN Artist Nontsikelelo Veleko in Profile’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gFHE7aii4PM>
Acesso em: 05 dez 2016.
‘Nontsikelelo Veleko’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Z45miENWO-g>
Acesso em: 05 dez 2016.
Johannesburgo, 27.09.2016 (Terça-feira)
1º Movimento
Andante
Projeto ‘Desejos Compartilhados’, 2ª. Parte, na Escola Primária Hector Peterson. Soweto.
Alegro
Chegamos à escola com as bolas e com a certeza da significação da palavra ‘ubuntu’, que essencialmente simboliza a necessidade do outro.
A existência do Senha Aberta, depende da existência, nesse exato momento, da Escola Primária Hector Peterson, e dos que a fazem.
Espaço
Essa ação – entrega das bolas e captação de fotografias de 15 alunos desta escola – possibilita um espaço-não-espaço, sem fronteiras, onde essas crianças foram encontradas pelas 15 crianças da Escola Municipal Waldemar D’luz Gonçalves.
Gera um elo, um subtefúrgio para o encontro. Esse encontro maravilhoso, subjetivo-objetivo.
Adágio
Quem dera um avião e um lugar-lugar para que essas crianças brincassem juntas com essas bolas!
Saudade de uma ancestralidade latente.
Alegro
O trabalho é realizado na escola com a cooperação do professor Sr. Sam Kekana, e do Sr. Bonongo (o Mr. B), Diretor da Escola.
Sorriso
A criança sorri
com a bola na mão.
O professor sorri
com o sorriso da criança
com a bola na mão.
O diretor da escola sorri
com o sorriso do professor
com o sorriso da criança
com a bola na mão.
Eu, sorrindo
fotografo o sorriso
dos três.
Alegro
Algumas crianças ‘posam’ com desenvoltura para as fotos. Outras, tímidas, não se sentem à vontade nessa posição de modelo.
São lindas!
São todas muito lindas!
2º Movimento
Andante
Pintura das mãos das crianças na ’bandeira’ do compartilhamento.
Alegro
Para essas crianças, tudo parece uma festa.
3º Movimento
Andante
Despedida de Masimba e Sisi, como assistentes do projeto.
Pagamentos e promessas de que tornaremos a nos encontrar.
Johannesburgo, 28.09.2016 (quarta-feira)
1º Movimento
Andante
Visita e almoço na ‘Bag Factory’.
Pauta: ‘Bag Factory’
Por mais de duas décadas, a ‘Bag Factory’ vem realizando oficinas, residências artísticas e exposições, em Johannesburgo.
Trabalha para estimular intercâmbios criativos, não somente com artistas de outras parteS da África do Sul, como do resto do mundo.
Busca motivar artistas locais a criarem obras artísticas que possam contribuir para o desenvolvimento da comunidade onde cada artista vive e trabalha.
Já estiveram envolvidos com a ‘Bag Factory’ artistas vindos de São Paulo, Nairobia, Zurique, Japão, Dele e Montreal.
Disponível em: <www.bagfactoryart.org.za>
Acesso em: 02 set 2016.
Alegro
Este foi um dia de contatos artísticos e sociais.
2º Movimento
Andante
Estudos sobre as questões relacionadas ao apartheid.
Filmes:
‘Catch A Fire’ (2006).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gbGiCvHXTv8&t=62s>
Acesso: 28 set 2016.
No link do filme: Filme biográfico sobre ativismo antiapartheid. Dirigido por Phillip Noyce. Roteiro de Shawn Slovo.
‘History Channel – Miracle Rising South Africa’.
Escrito e dirigido por Brett Lotriet Best.
Nos fornece contradições dos processos de anistia, na Comissão da Verdade e Reconciliação, com depoimentos de lideranças e imagens históricas dos momentos conflituosos dos últimos anos do regime racista.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IKDrRdfvUg8>
Acesso em: 20 fev 2017.
Johannesburgo, 29.09.2016 (quinta-feira)
1º Movimento
Andante
Edição fotográfica.
Alegro
Edição de fotos do projeto ‘Desejos Compartilhados’, que serão expostas na Escola Primária Hector Peterson.
Alegro
Resolvo cortar as fotos para o formato quadrado.
Adoro este trabalho tão trabalhoso com minha pouca habilidade visual!
Adágio
Um dia inteiro de trabalho pesado!
Chega um momento que parece que o negócio não tem mais fim… é quando rola o cansaço mental.
Johannesburgo, 30.09.2016 (sexta-feira)
1º Movimento
Andante
‘Oliver and Adelaide Tambo Foundation’
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Oliver Tambo.
Nasceu em 27 de outubro de 1917, em Kantolo, nas proximidades de Bizana, em Pondola.
Seu nome ‘inglês’ foi imposto quando entrou para a escola, onde todos os alunos eram obrigados a ter nomes ingleses.
Apesar de desejar estudar medicina – a essa época nenhum negro era aceito nas escolas de medicina –, Tambo resolve estudar matemática e física, na ‘Fort Hare University’.
Após se formar, ele continua os estudos na universidade e, ao organizar um protesto estudantil, o expulsam da mesma.
Depois de 1944, com a imposição de leis discriminatórias, Tambo resolve estudar direito, por correspondência.
Em 1952, entra para o escritório de advocacia com Nelson Mandela, para defender os negros nas lutas antiapartheid.
Em dezembro de 1956, casa-se com Adelaide Tsukudu – enfermeira e ativista da liga da juventude – com quem teve três filhos: Thembi, Dali e Tselane.
Passou mais de 30 anos no exílio. Depois do exílio, ele viu sua família muito pouco. Adelaide mantinha a família e abriu sua casa para os membros do ‘ANC’, que retornavam do exílio.
Tambo realizou missões de esclarecimento sobre a política do apartheid em vários países, buscando apoio internacional para os movimentos de libertação da África do Sul.
Nesses movimentos ele se destaca como defensor dos direitos das mulheres.
Ajudou a promover Nelson Mandela no exterior e a torná-lo um símbolo da resistência à intolerância racial.
Em dezembro de 1990, volta para seu país.
Suas palavras:
“É nossa responsabilidade derrubar barreiras divisionistas e criar um país onde não existirão brancos ou negros, mas simplesmente sul-africanos, livres e unidos na diversidade.”
Morreu em 24 de abril de 1993.
Disponível em: <http://www.africansuccess.org/visuFiche.php?id=384>
Acesso em: 18 ago 2016.
Pauta: ‘Oliver and Adelaide Tambo Foundation’.
Inaugurada em 24 de outubro de 2011, a fundação busca veicular políticas afirmativas e de desenvolvimento nas áreas socioeconômicas, educacionais, de empoderamento das mulheres e de promoção de iniciativas nas áreas artísticas e relacionadas à herança cultural.
Site da Fundação Oliver e Adelaide Tambo: <http://www.tambofoundation.org.za/>
Acesso em: 18 ago 2016.
Alegro
Depois de um longo processo, tentando agendar uma visita, chego de táxi à Fundação.
O espaço – provisório – no qual estão instalados, é bem pequeno.
Não tenho nenhuma possibilidade de fazer fotos aqui.
Ganho, de presente, o catálogo da Fundação, rico em informações sobre esse casal fundamental nas lutas por libertação na África do Sul.
Johannesburgo, 01.10.2016 (sábado)
1º Movimento
Andante
Edição final das fotos a serem ampliadas para a mostra do projeto ‘Desejos Compartilhados’.
2º Movimento
Andante
Pesquisa e estudos sobre alguns artistas sul-africanos.
Sydney Kumalo
Nasceu em Sophiatown, em 1935.
Sua família foi uma das obrigadas a se mudarem de Sophiatown, quando declararam essa cidade uma ‘cidade branca’.
Seu trabalho artístico, enraizado em suas heranças culturais, sofre influências da arte europeia.
Arrodeou-se de pessoas que não aceitavam a discriminação racial.
Participou de exposições internacionais, tais como: as Bienais de Veneza e de São Paulo.
Influencia os artistas das novas gerações.
Consciente das frustrações e privações dos sul-africanos negros, cresceu artisticamente com dignidade.
Kumalo manteve seus valores de integridade artística, amizade leal e princípios políticos, até o fim de sua vida, em 1988.
Disponível em: <http://www.sahistory.org.za/people/sydney-alex-kumalo>
Acesso em: 22 ago 2016.
Kendell Geers
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=MGJDXFKIz0U>
Acesso em: 20 mar 2017.
Artista branco, nascido e educado para ser branco, com todos os valores que isso significou na África do Sul, começa, muito cedo na vida, a questionar os valores da sociedade militarizada e racista na qual está inserido.
Como artista, considera-se livre, ao contrário da maioria das pessoas que estão limitadas por valores religiosos, políticos e econômicos.
Com temática política e ecológica, seus trabalhos são respeitados ao redor do mundo.
Matéria em português, disponível em: <http://www.videobrasil.org.br/africa/kendell.htm>
Acesso em: 06 dez 2016.
3º Movimento
Andante
‘The Lost Generation’
‘A Geração Perdida’ é uma série de perfis, de Jack Tomczuk, sobre a geração que cresceu durante os últimos anos do regime do apartheid, entre os anos de 1976 a 1993, na África do Sul.
A série foi inspirada em declarações do guia turístico de 41 anos, Kenny Paulos Takala, que declarou: “Esse foi um período louco, provavelmente o mais louco na história do país.”
Por que essa é uma geração perdida?
As histórias:
Kenny Paulos Takala – Negro, Soweto. Preso aos 11 anos de idade:
“Muitos jovens estavam tão envolvidos no movimento de libertação que negligenciaram a educação (formal). Todos eram, potencialmente, um
‘freedom fighter’ (as pessoas que lutavam por Liberdade na África do Sul), consequentemente aconteceu um aprisionamento em massa. […]
Por um lado, você tinha uma criança branca criada em um ambiente onde eles tinham que temer os negros. Enquanto eles alimentavam essa paranoia mantinham o apartheid vivo.
Daí, eles viravam adolescentes e tinham que ser treinados no exército. Depois que terminavam o treinamento, tinham uma arma na mão, um caminhão.”
Sobre os dias atuais, ele afirma: “Acredito que não estamos onde deveríamos estar. Enquanto tivermos uma liderança que pensar somente em como éramos durante o apartheid, teremos problemas. Porque, sem dúvida, o apartheid foi um pesadelo, mas o que é muito importante é o lindo sonho que substituiu o apartheid, e deveríamos ser inspirados por esse sonho. […] Estamos matando o futuro e o apartheid não deveria ser a referência”.
François Smit – Branco, 41 anos, vive em Pretória:
”Não somos monstros. […]
‘The Black Economic Empowerment (BEE)’ “Infelizmente é forçado.
Sempre acreditei que cada um deveria conseguir um emprego baseado na sua qualificação, experiência e vontade de trabalhar. Se você emprega alguém somente por grupo étnico, mas ele não pode fazer o trabalho, você vai ter um problema mais à frente. Sou a favor de ações afirmativas, e eu apoio, mas não da forma que foi implementadas.
Trabalhávamos com eles – os negros – nas fazendas e tínhamos relações próximas. Vivíamos juntos, de fato vivíamos bem. Nós tomávamos conta de nosso povo. […] Eles dizem que não tinham oportunidades iguais. Em parte eu concordo com você. Mas na pequena cidade onde vivia, a escola dos negros era tão boa quanto a que eu frequentei.”
Nkosinathi Mkhwanazi – Negro, 41 anos, Soweto
Foi membro do ‘siyayinyova youth’ (que significa, em Zulu, ‘devemos destruir’).
Lembra as autoridades procurando por um homem chamado ‘siyayinyova’. […]
“Foram em todas as escolas, em todas as ‘townships’, procurando por ‘siyayinyova’. Todo jovem era ‘siyayinyova’. […] Costumávamos atingi-los (a polícia) com pedras, enquanto eles nos atingiam com armas de fogo.
Incendiamos caminhões da coca-cola.
Nós pressionávamos as companhias para que eles pressionassem o governo.”
Acredita que o governo atual do ‘ANC’ não provê o que a Constituição determina para o povo da África do Sul.
Andrew Josephs – Mestiço, 45 anos, Cidade do Cabo:
“Agora não somos bons o suficiente. Não somos suficientemente negros. […] Continuamos no meio, nem brancos o suficiente, nem negros o suficiente.
Eram os mestiços, na Cidade do Cabo… quem estavam na frente, marchando com os estudantes, […] quando a luta acabou, esse poder não obteve reconhecimento. […] Onde estão os mestiços que também lutaram por esse país? […]
A luta continua. Talvez não mais por causa da cor, porém agora é a pobreza. […]
Eu quero saber onde está aquele mesmo senso de unidade que eles tiveram (se referindo aos palestrantes com quem ele trabalha), quando lutaram para a gente ser livre na África do Sul.”
Terry Lester – Mestiço, 55 anos, Cidade do Cabo.
Preso três vezes.
Aos 16 anos ele segurou duas pedras no bolso, […]. Antes de ele agir, foi parado por um homem branco que o mandou retornar para casa.
“Eles haviam posicionado segurança branca ao redor das poucas casas dos brancos. […].“
Acredita que a religião foi importante nas lutas antiapartheid.
Explica que as igrejas pareciam ser um dos principais espaços para as lutas, consequentemente, havia a proeminência de líderes religiosos, cristãos, muçulmanos, judeus.
“As pessoas usavam sua fé como agente para trazer transformações. […] Apesar do apartheid ter acabado, as tensões entre mestiços e negros não são incomuns.”
Os mestiços eram valorizados acima dos negros durante o apartheid.
Ele acredita que todos não brancos (de cor) sofreram durante o apartheid.
“Quem sofreu mais? É sobre isso? É sobre injustiça? Porque todos tiveram essa experiência. E foram outros que se beneficiaram com isso.”
Lester foi amigo de Desmond Tutu e critica a ‘Truth and Reconciliation Commission (TRC)’, que foi dirigida por Tutu.
”A ‘TRC’ anistiou os que cometeram violações aos Direitos Humanos se eles compartilhassem suas histórias. […]
A comissão certamente somente ouviu as violações grosseiras aos Direitos Humanos, as que eram casos grandes, que geraram manchetes ao redor do mundo. Eles não ouviram a história da minha família.
Tem muita gente no país cujos ferimentos e dor não foram registrados, reconhecidos.
[…] Tutu popularizou o termo ‘Rainbow Nation’ (Nação Arco-íris) em relação à África do Sul”.
Lester abraça a diversidade do país.
”Liberdade significa que temos que ‘deitar’ nossos fardos e nossa dor.
Ao invés de ficar estancados no passado, apressar para a frente, para um lugar onde queremos estar, está em nossas mãos. A pessoa não pode deixar o passado nos roubar o hoje.”
Liani Maasdorp – Branca, 40 anos, Cidade do Cabo.
“Escolhemos ser cegos. […]”
Ela é parte da minoria branca (8.4% da população sul-africana, que oprimiu a maioria negra (80.2%) durante o período do apartheid.
Apesar de não oprimir, de forma direta, os negros de seu país, ela se sente culpada.
“Eu me sinto extremamente culpada. Penso que boa parte da culpa que sinto vem do fato que o privilégio dos brancos, o fato de ter tido acesso a todos os benefícios simplesmente porque sou branca, não porque fiz alguma coisa especial ou porque sou boa estudante, ou talentosa, nada. Simplesmente por causa da cor da minha pele e pelo lugar onde nasci.
Grande parte da culpa é porque eu cresci embaixo desse sistema e nunca fiz nada a respeito.
Penso que Nelson Mandela nos salvou de uma guerra civil.”
Sobre as notícias da época, ela fala, “Eu sabia que alguns seguimentos da população estava infeliz com a situação, mas a questão é que na África do Sul, a informação que chegava à classe média era muito, muito severamente controlada.
Se havia um protesto, o que nós ouvíamos era que houve uma revolta, e que uma desorganizada bagunça de jovens violentos usaram armas para atacar transeuntes inocentes ou pessoas, e que a polícia retaliou para os controlar e os proteger.
E a mensagem que recebíamos nunca era que o governo era um demônio, um câncer maligno que deveria ser arrancado.”
Ela acredita que alguns membros de sua família se recusaram a reconhecer que tinham privilégios.
“Não tenho nenhuma ilusão sobre o quanto foi fácil para mim (referindo-se à universidade e outros ‘benefícios’) e quanto foi difícil para uma mulher negra, nascida na mesma época que eu”.
Ela ainda vê desigualdade na formação racial do departamento da ‘UCT’, onde trabalha.
“Se olho na formação racial e de gênero do meu departamento, ainda tem mais de 50% de homens brancos. Portanto precisamos mudar isso.”
Acrescenta que a classe média reclama da dificuldade e dos preços de uma empregada doméstica.
Brenda Leonard – Autoidentifica-se como negra, 46 anos, Cidade do Cabo:
Liderou movimentos juvenis contra o apartheid.
“Eu estava escondida desde os 15 anos de idade. Não vivia em casa porque a polícia estava me procurando.
Fui apanhada, presa, sempre digo, provavelmente umas 100 vezes na minha vida.
Fui acusada várias vezes por violência pública, reunião ilegal, protesto ilegal. Ilegal tudo. Não planejávamos para a violência… mas planejávamos para as consequências da violência”. (Falando de pessoas preparadas para levarem as crianças feridas para os hospitais).
Diante da violência policial, “Nós, então, ensinávamos os estudantes, outros métodos (que não os pacíficos), como a fazer uma bomba de gasolina.” (No Brasil, conhecido como coquetel Molotov).
Sobre a situação atual do racismo na África do Sul, ela afirma que continua existindo muito preconceito racial e que “Você precisa, ativamente, fazer com que as pessoas entendam e mudem conscientemente.”
Bassie Montewa – Negro, 55 anos, Gugulethu, Cidade do Cabo.
Ele viu um amigo sendo morto pela polícia em um protesto estudantil.
Hoje tem dificuldade de aceitar os resultados da ‘Truth and Reconciliation Commission’.
“Eu perdi um amigo. Ainda quero saber por que eles atiraram no meu amigo – uma criança estudante.”
Foi detido várias vezes.
Uma vez a polícia veio atrás dele, tentando encontrar Bassie.
“Então eles me perguntaram: ‘quem é Bassie?’ Eu simplesmente respondi ‘Sir, você sabe o que eu sei. Você está procurando por Bassie. Não posso lhe dar uma dica onde está Bassie’. Eles não sabiam que estavam falando com Bassie.
E eles começaram me dando o número do telefone deles, e tudo”.
Na universidade, ele começou a usar a arte como meio de ativismo político, relacionado com sua cor.
Sobre a situação atual, ele fala: “Sim, estou feliz. Estou votando. Vivo onde quero. Vou aonde quero.”
Afirma que o que os brancos fizeram com ele somente o tornou mais forte.
Leigh Meinhert – Branca, 36 anos, Cidade do Cabo:
Recusou-se a ir para uma escola privada de elite, indo para uma escola pública.
Passava boa parte do tempo nas ‘townships’ onde os brancos não ousavam ir, caso não fossem da polícia ou militares.
“Eu e minha mãe brigávamos, porque tanto quanto eu entendo, ela é profundamente racista.“
Resolveu trabalhar com educação e co-fundou a ‘Tertiary School in Business Administration’ (TSiBA) – a única universidade livre da África do Sul – onde os estudantes podem pagar depois que se formarem, e podem ajudar a comunidade.
“Essa é também uma libertação através da educação. Ter a melhor educação não somente para mim, mas também para minha comunidade.”
A maioria dos estudantes da ‘TSiBA’ é negra ou mestiça, vinda das ‘townships’.
“Nesse momento, continuamos fazendo fogueiras. Não vai ser resolvido nessa geração. Agora existe uma outra geração perdida.
Não tenho esperança nos espaços formais (escolas do governo).“
Resumo de entrevistas disponíveis em: <http://tusouthafrica.com/post/124272290092/reflections-on-meeting-desmond-tutu-haley-k>
Acesso em 01 out 2016.
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Desmond Tutu.
Desmond Mpilo Tutu nasceu em Klerksdorp em 7 de outubro de 1931.
Aos 12 anos, mudou-se com a família para Johannesburgo.
Estudou teologia no King’s College de Londres.
Já sagrado bispo, tornou-se secretário-geral do Conselho das Igrejas da África do Sul, em 1978.
Como uma das figuras centrais nas lutas antiapartheid, lutou em favor dos direitos civis iguais para brancos e negros na África do Sul; abolição das leis que limitavam a circulação dos negros.
Religioso e anticomunista declarado.
Em 1984, por sua importância na luta por igualdade, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Presidiu a Comissão de Reconciliação e Verdade, em 1996, tendo, no ano seguinte, divulgado os resultados finais dessa Comissão.
Atualmente, é membro do comitê de patrocínio da Cooperação Internacional da Cultura da não-violência e da paz.
Desmond Tutu já recebeu 4 prêmios internacionais por seu trabalho pela igualdade entre as raças.
Tutu é uma das figuras centrais da política sul-africana.
Nelson Mandela disse que “A voz de Desmond Tutu será sempre a voz dos sem vozes”.
Desmond Tutu, atualmente, tem feito duras críticas ao governo, acusando os governantes de corrupção e ineficácia para lidar com a pobreza e com eventos xenofóbicos acontecidos recentemente no país.
Critica a elite política do país, e já afirmou publicamente que o país está “sentado num barril de pólvora.”
Resumo de matéria disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Desmond_Tutu>
Acesso em 19 out 2013.
Biografia completa de Desmond Tutu disponível em: <http://www.sahistory.org.za/article/desmond-mpilo-tutu-timeline>
Acesso em: 21 fev 2017.
Sobre a situação atual do país, em entrevista postada em 2012, The ‘Frost Interview – Desmond Tutu: Not going quietly’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=r3yxFzs73Ss&t=1788s>
Acesso em: 22 fev 2017.
Johannesburgo, 02.10.2016 (domingo)
1º Movimento
Andante
Pesquisas sobre Pretória.
Pauta: Pretória.
Pretória – Capital Executiva e sede do governo da África do Sul – localizada a 48 km a nordeste de Johannesburgo, é o terceiro centro econômico do país.
Fundada em 1885, por Andries Wilhelmus Jacobus Pretorius, localiza-se na Província de Gauteng.
Na primavera, é conhecida pelo nome de ‘Jacarandá City’.
Conta com aproximadamente 1,5 milhões de habitantes.
Segundo informações encontradas na rede mundial de computadores, em maio de 2005, o Conselho Geográfico Sul Africano (SAGNC), vinculado à Diretoria de Patrimônio do Departamento de Artes e Cultura, aprovou a alteração do nome de Pretória para Tshwane – que significa ‘Somos todos iguais’.
Porém, logo aí, existe a comunidade de Kleinfontein.
Segundo a ‘Gazeta do Povo’:
“Não há sinais que dizem ‘somente brancos’. Há, porém, homens em uniformes militares com carros habilitados por placas específicas para entrar em Kleinfontein, um enclave rural, lar de cerca de mil brancos africâneres (grupo étnico de africanos descendentes de europeus, principalmente de holandeses).
Lá há um busto de Hendrik Verwoerd, ex-líder sul-africano que liderou o movimento racista branco.
Este caso isolado, perto da capital da África do Sul, Pretória, é mais do que um retrocesso dos tempos do apartheid […].
Kleinfontein e sua campanha para ser reconhecida oficialmente como um município se tornou um marco no debate moderno sobre a legislação, a Liberdade e uma espécie de ‘nação arco-íris’ que a África do Sul está tentando ser.
Kleinfontein, uma propriedade privada em sua totalidade, exige que seus moradores sejam africâneres e falem africâner, língua baseada no holandês.”
Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/comunidade-sul-africana-mantem-vivos-restos-do-apartheid-0bmy4uhu637fvlcve3m9xfvpq>
Acesso em: 20 fev 2017.
2º Movimento
Andante
Contato com Mpho, o segundo assistente do projeto na África do Sul.
Alegro
Agendamento para trabalhos da semana vindoura.
3º Movimento
Andante
Documentário: ‘Everything Was Moving: In Conversation with David Goldblatt’
Alegro
Algumas experiências de várias décadas de fotografia do mais renomado e reconhecido internacionalmente fotógrafo da África do Sul, David Goldblatt.
(Uma longa entrevista)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TbtK_-FGcYs>
Acesso em: 02 out 2016.
Pauta: David Goldblatt
Fotografias de David Goldblatt, disponíveis no site da Goodman Gallery: <http://www.goodman-gallery.com/artists/davidgoldblatt>
Acesso em: 10 out 2016.
‘In Boksburg, David Goldblatt photographs the reality of apartheid’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_dNpInTeBI8>
Acesso em: 02 out 2016.
4º Movimento
Andante
Criação da página ‘África do Sul’, no site do projeto ‘Senha Aberta’.
Alegro
Crio a página da Quarta Afinação do Senha Aberta.
Johannesburgo, 03.10.2016 (segunda-feira)
1º Movimento
Andante
Contatos para pesquisa e produção de imagens na Cidade do Cabo.
Alegro
Retomo o longo percurso até chegar às instituições na Cidade do Cabo.
Adágio
Como tudo seria mais fácil e prático se as pessoas tivessem um pouco de consciência do trabalho que tenho para estar aqui neste momento!
É sempre: contato telefônico-email-contato telefônico-reencaminhamento para outra pessoa-contato telefônico-email-espera por resposta… e assim em diante… numa interminável fila até chegar à ‘sexta pessoa’ com quem necessito, realmente, falar!
Praticamente o dia inteiro de trabalho para conseguir alguns poucos resultados.
Algumas instituições têm respostas automáticas aos e-mails.
Não consegui ajuda para contatos, desde o final da primeira semana de trabalho. Masimba Sasa fez isso, já com grande dificuldade, com relação às instituições em Johannesburgo.
Deste modo, são dias e dias de trabalho para conseguir respostas.
No trabalho ao telefone, os sotaques muito diferentes dificultam meu entendimento, como por exemplo, entre um ‘m’ e um ‘n’.
Em geral, acredito que as pessoas não observam que não sou uma turista, e me tratam como tal.
Desisto de algumas instituições pela dificuldade de acesso quanto a conseguir autorização para pesquisar e produzir os conteúdos deste projeto.
Não existe uma instituição brasileira nos países que já visitei que se sensibilize com esse tipo de situação, e que seja capaz de dar um telefonema para esses lugares aos quais necessito ter acesso, para facilitar o meu trabalho.
2º Movimento
Andante
O ‘Desejos Compartilhados’ no site do Senha Aberta.
Alegro
Busco alívio para as tensões geradas pelo exaustivo trabalho de fazer contatos. Olho nas carinhas lindas dessas crianças segurando uma bola, e faço a postagem das fotografias do ‘Desejos Compartilhados’, e envio o link para as pessoas: as que ajudaram a comprar as bolas que eu trouxe para Soweto, e as que apoiam o projeto aqui na África do Sul.
Espaço
Pela primeira vez, na história dessas duas escolas de ‘periferia’, acontece um projeto que busca conectar, com uma bola na mão, 30 crianças, quinze de cada uma das escolas.
Desejos Compartilhados:
Link no youtube: <https://youtu.be/GTU2l2xsZBM>
Alegro
Esse é um ‘fazer’. Uma ação dentro da ação.
Conceito: Periferia
“Linha que delimita uma superfície; linha imaginária que delimita qualquer corpo ou qualquer superfície; numa cidade, região afastada do centro urbano e que geralmente abriga população de baixa renda; conjunto dos países pouco desenvolvidos em relação às grandes potências, estas consideradas como centro de um sistema socioeconômico mundial.“
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p.1696).
Dentro da perspectiva do capitalismo é o local que abriga, em geral, as classes trabalhadoras, que tornam possível o acúmulo de capital por algumas poucas pessoas, em nível local ou global.
Na perspectiva racista, o continente africano já é considerado periferia do mundo, e, em sendo assim, Soweto, por exemplo, seria a periferia da periferia.
As periferias, geralmente, são áreas distantes do acesso de pessoas de outras culturas e países, o que fortalece o atual sistema de segregação social e racial.
3º Movimento
Andante
Minha morada
Alegro
Estou bastante confortável aqui. A morada é repleta de luz e de silêncio para trabalhar.
O supermercado está próximo, e consigo fazer minha própria comida.
Do mundo para mim
de mim para o mundo
esse movimento constante
de fazer-me forte
para o enfrentamento
nas lutas de mim
para comigo mesma
nas lutas minhas com o lá fora
as lutas lá do fora, juntamente com os outros,
estas fundamentais
no gerar e gerir
transformações essenciais.
4º Movimento
Andante
A morada dos outros.
Adágio
A morada dos outros, aqui na África do Sul…
Mas, quem são os outros?
Existem vários tipos de outros.
Os outros como eu, que moram longe, do outro lado do oceano, mas não é desses que desejo falar.
Os outros que moram aqui, onde me encontro momentaneamente, em um bairro de classe média-branca, de Johannesburgo.
Os outros, os negros, que também moram bem – esses muito poucos.
Os outros – a imensa maioria negra de outros, que moram longe e mal.
E, ainda, outros que, ainda negros, moram pior do que os que moram longe e mal, aqui na África do Sul, pois moram ainda mais longe e ainda pior do que os que moram longe e mal.
Adágio
O caminho é longo
muito longo.
O percurso é árduo
muito árduo.
Os dominadores
são vários.
São poderosos
e carregam suas armas capitalistas:
granas, coisas, turismos,
silêncios, submissões, ódios,
mentiras, muitas mentiras
que nos desviam do olhar do outro, do amigo.
Nossa marcha está dispersa
cada um por sí
indo em direções diferentes.
Até quando?
Johannesburgo, 04.10.2016 (terça-feira)
1º Movimento
Andante
Conhecer o terceiro assistente: Mpho.
Alegro
Fotógrafo, negro, indicado pelo ‘Assemblage’, para trabalharmos juntos.
2º Movimento
Andante
Viagem de Johannesburgo a Sharpeville.
Alegro
Viajamos uma hora e meia, de Johannesburgo a Sharpeville.
3º Movimento
Andante
O memorial de Sharpeville.
Espaço
O prédio foi edificado no local onde aconteceu o massacre.
Adágio
É surpreendente como o prédio se destaca no meio de uma comunidade de baixa e baixíssima renda.
Penso no significado de ‘Direitos Humanos’, e faço profundas reflexões com o que vejo lá fora.
Que contradições guardam essas imagens desse prédio e do povo lá fora!
Jovens e adultos conversam ‘desocupadamente’, em pleno dia de trabalho.
Observo a funcionária que nos atende, o prédio, o local onde está inserido, o povo lá fora…
Quais itens da Declaração Universal dos Direitos Humanos estão sendo cumpridos neste lugar – in-out, neste momento – agora-futuro – algum dia?
O direito ao ar
o direito ao nada,
talvez nada mais que isso.
O que desejar?
O que querer?
Nada mais que nada?
O vazio
Vazio de escola
vazio de trabalho
vazio do que acontece no resto do mundo.
Vazio de perspectivas
vazio de futuro.
Que futuro?
Alegro
Somos recebidos pelo diretor do memorial e por uma funcionária que nos acompanha e explica os acontecimentos aos quais o memorial se refere.
Faço um ‘tour’ geral, antes de pegar nas câmeras.
Na galeria, uma pequena exposição, com fotos históricas do massacre, expostas sobre cavaletes.
4º Movimento
Andante
Fotografias com o estandarte na lista com os nomes dos assassinados durante o massacre.
Alegro
Nominados um a um, não os esqueceremos.
Aos massacrados em Sharpeville:
LInk no youtube: <https://youtu.be/0QDIhlZlQCU>
5º Movimento
Andante
Fotos no ‘jardim’.
Alegro
Faço fotos do ‘jardim das lembranças’, com 69 pilares, cada um com um dos nomes dos 69 mortos.
Adágio
Pilares brancos que representam os negros.
Tão brancos que fazem nossos olhos se encandearem embaixo dos raios do sol por eles refletidos.
Não é como um cemitério. É como um jardim forrado de grama verde que sublima os(as) 69 pessoas – homens, mulheres e crianças – que estavam neste exato lugar.
São totens que exaltam estas presenças-ausências. Que vigiam nossas memórias, em desesperadas súplicas de não-esquecimento.
Dói pelo vazio
dói pelas presenças
dói pelo projeto dos dominadores, sobre os dominados.
6º Movimento
Andante
Fotos com a obra referente ao sangue derramado no dia do massacre.
Da parede brotam canos que simbolizam as armas dos soldados.
Dos canos jorra água, simbolizando a chuva do dia do massacre, que molha as pedras (todo o povo da manifestação).
Esta água, que escorre além das pedras, simboliza o sangue derramado – vai até as 69 pedras, no círculo no chão – os 69 mortos.
A bomba que levaria a água à obra não está funcionando, mas consigo visualizar a água jorrando, lavando a dor das pessoas e o sangue dos mortos e feridos.
7º Movimento
Andante
A bicicleta.
Adágio
A bicicleta, encontrada depois do massacre, encontra-se exposta na galeria.
A bicicleta foi largada, às pressas, na tentativa de fuga de seu ocupante.
O sangue na bicicleta foi lavado pela chuva daquele dia.
De quão longe vieram a bicicleta e seu ocupante para participarem de um protesto, que a princípio seria pacífico?
O que ia na mente?
O que ia no coração?
Adágio
‘O menino e a bicicleta’
(Inspirado pela bicicleta encontrada no local do massacre de Sharpeville, em que a polícia chacinou 69 civis negros)
O menino ia.
Com a trouxa de roupa na cabeça, ele ia.
Ia com ela de longe, da casa da avó, para o rio, para a casa da avó, da casa da avó, para a casa da madama, que lhe entregava o parco pago, e entregava, também, outra trouxa de roupa suja.
A avó guardava parte desse pouco que recebia, todo enroladinho, em um lenço branco, tão branco de encadear.
Certo dia, a avó pegou o pacotinho branco em uma mão, e, na outra mão, a mão do menino negro.
E foram.
Foram comprar a bicicleta do menino, que daquele dia em diante levava a roupa e a avó na garupa.
Ia buscar e levar: roupa-suja-limpa-suja-limpa-suja-limpa-suja.
Um dia, juntaram-se todos, em um protesto contra a segregação racial e contra o mal pago pelo trabalho dos negros.
E ele foi,
com a bicicleta, ele foi…
Eram homens, mulheres e crianças, menos a avó que ficara na beira do rio, limpando a roupa suja da madama.
Logo, logo o menino ouvia: ‘Dispersar! A polícia tá vindo com muitas armas! Dispersar!’
Atingido por uma bala no coração, ele ainda tentou pegar a bicicleta,
Mas foi…
e foi…
e foi…
e foi.
Agora ele é contado: número 69!
8º Movimento
Andante
A ‘police station’.
Alegro
A delegacia de polícia, para onde as pessoas estavam indo no dia do massacre, e onde a força policial se encontrava, hoje representa moradia para várias pessoas de Sharpeville, sobreviventes e descendentes de sobreviventes ao massacre.
9º Movimento
Andante
O artista e sua obra.
Alegro
Moses Fotsolo, nascido em 1978, 18 anos após o massacre, reside neste lugar.
Sua obra ‘The Crack of 1960’ – A Rachadura de 1960 – está exposta em uma das salas da antiga delegacia de polícia.
Esta sala permanece fechada quando não há visitantes.
Espaço
Moses faz questão de me descrever sua obra e de ser fotografado com o meu estandarte junto dela.
Alegro
A obra, monocromática, feita em papel machê, tem como base quatro rodas, como se fosse um trator.
De um lado, as pedras do povo. Do outro, as balas da polícia; três soldados armados; um megafone com o qual alguém gritava ‘dispersar!’; correntes que significam civis presos.
10º Movimento
Andante
A mulher do container.
Espaço
Ela mora aqui, em um container, no pátio da antiga delegacia de polícia. Desde muitos, muitos anos, ela, sobrevivente da chacina de Sharpeville, mora agora em uma casa…
Veio a mim interessada em saber o que iria ganhar se me passasse informações sobre o massacre.
Disse-me que já cansou de falar sobre o massacre sem ganhar nada com isso, segundo suas próprias palavras.
Apesar de minhas tentativas em lhe explicar sobre meu projeto, e sobre minhas próprias lutas contra o apartheid da África do Sul.
Acredito que, para ela, além da necessidade de ganhar uma grana, a nossa separação, essencial, ainda continua sendo, e sempre será, a cor da pele.
Agradeci a atenção da ‘senhora do container’, e me afastei, mediante a minha profunda insignificância.
Não compro palavras
não compro gestos amáveis
não compro simpatias.
Eu também não vendo nada!
Eu espalho esperanças-sem esperas.
Eu espalho utopias
no caminhar singelo.
11º Movimento
Andante
Cemitério de Sharpeville.
Espaço
Aqui foram enterrados os 69 mortos do massacre.
O que eles nos ensinam?
Ao lado, o símbolo do Congresso Pan-Africano, que buscou compreender o continente como uma unidade.
Conceito: Pan-africanismo
“Doutrina ou movimento que busca o desenvolvimento da unidade e da solidariedade entre os países da África”.
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2115).
Sobre o pan-africanismo:
‘O pan-africanismo e a formação da OUA’, de Érica Reis de Almeida.
(Geógrafa, pela Universidade Fluminense).
“Descreve o início da construção do conceito do pan-africanismo no final do século XIX, como o conceito chega à África e o momento em que o mesmo enquanto movimento organizado milita pela independência dos estados africanos. Descreve e analisa como o conceito de pan-africanismo foi utilizado ao longo da história, especialmente da história do continentalismo africano, como um instrumento político na tentativa de transformar o continente numa grande federação. E ainda a disputa entre dois grupos antagônicos, os maximalistas e os minimalistas, pela definição de que tipo de unidade o continente estaria inserido, culminando na formação da Organização da Unidade Africana (OUA).“
Disponível em:
‘Entendendo o que é o pan-africanismo’: <https://www.youtube.com/watch?v=UGVCPAqboxs>
Acesso em: 17 fev 2017.
‘Pan-africanismo: tendências políticas, Nkrumah e a crítica do livro Na Casa De Meu Pai’
Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/sankofa/article/viewFile/88952/91815>
Acesso em: 17 fev 2017.
12º Movimento
Andante
Ampliação de fotografias.
Alegro
Vou a uma loja – laboratório fotográfico – ampliar as 30 fotografias, 15 das crianças da Escola Municipal Waldemar d’Luz Gonçalves, de Betim, Brasil, e 15 das crianças da Escola Primária Hector Petersom, de Soweto, África do Sul.
Esse trabalho será exposto, na escola de Soweto, ainda durante minha permanência por aqui.
13º Movimento
Andante
Pesquisa e produção de conteúdos para Sharpeville.
Pauta: Massacre de Sharpeville.
Nesta ‘township’ foi edificado o ‘Sharpeville Human Rights Precinct’, um memorial dedicado as 69 pessoas que morreram em consequência do massacre de Sharpeville, em 21 de março de 1960.
O ‘Massacre de Sharpeville’ chocou a comunidade internacional por sua brutalidade, e aumentou a pressão internacional contra o regime do apartheid.
Na segunda-feira, 21 de março de 1960, mais de 300 pessoas fizeram uma passeata em direção à delegacia de polícia de Sharpeville, para protestar contra o uso dos passes para os negros.
A polícia disparou contra os participantes da passeata, matando 69 pessoas, além de ferir outras 180.
O dia 21 de março, atualmente, é considerado um dia dos Direitos Humanos e, desde 1966, foi declarado pela ONU ‘Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial’.
O ‘Sharpeville Memorial’ foi inaugurado em 2001, por Nelson Mandela.
Mais informações, disponíveis em: <http://www.southafrica.net/za/en/articles/entry/article-southafrica.net-sharpeville-human-rights-precinct>
Acesso em: 04 out 2016.
Sobre o Massacre de Sharpeville:
‘Apartheid: Sharpeville Massacre, 21 March 1960’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6Sxx-HtaL44&t=16s>
Acesso em: 10 set 2016.
‘Young Blood – Sharpeville 1996’ Produzido por Kevin Harris.
Episódio 1/2
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=W2O2bPxTzk8>
Episódio 2/2
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XBBLXJYyDSA&t=31s>
Acesso em: 10 set 2016.
Johannesburgo, 05.10.2016 (quarta-feira)
1º Movimento
Andante
Contatos.
Alegro
A metade do dia fazendo contatos com as instituições da Cidade do Cabo, para autorização de fotos.
2º Movimento
Andante
Filme: ‘Repórteres de Guerra’ (Legendas em português)
Direção: Steven Silver.
Roteiro: Steven Silver e João Silva.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3lkYBDbpdjg&t=48s>
Acesso em: 05 fev 2014.
O filme, baseado em fatos reais, relata o trabalho de alguns fotógrafos de guerra e como eles se relacionam física e psicologicamente com os ‘objetos’ de suas fotografias, geralmente seres humanos famintos, feridos, ou mortos. Discute ética no fotojornalismo e a movimentação dos fotógrafos em meio a conflitos sócio-políticos.
Trilha original do filme.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kNivDcjqRUg>
Acesso em: 16 out 2016.
Johannesburgo, 06.10.2016 (quinta-feira)
1º Movimento
Andante
Viagem de Johannesburgo à Cidade do Cabo, pelo Voo ‘Comair’, MN 453.
Saída 14h55min. (Aeroporto Lanseria).
Chegada: 17h00mim. (Cidade do Cabo).
Duração do voo: 02h05min.
No aeroporto de Lanseria, encontro um painel que dialoga com o projeto Senha Aberta.
Pauta: Cidade do Cabo.
A segunda cidade mais populosa do país, com 3,5 milhões de habitantes – senso de 2007.
Situada na província do Cabo Ocidental, é a capital legislativa do país, abriga o Parlamento Nacional.
Localizada na costa da Baía da Mesa, serviu de porto para a Companhia Holandesa das Índias Orientais como uma estação de abastecimento de navios holandeses que navegavam para a África Oriental, Índia e o Extremo Oriente.
Jan Van Riebeeck chegou à região em 6 de abril de 1652, estabelecendo o primeiro assentamento europeu permanente no país.
Moradores de subúrbios multirraciais foram removidos durante o regime do apartheid.
A Ilha Robben – prisão de inúmeras lideranças das lutas antiapartheid – localiza-se na costa da Cidade do Cabo.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_do_Cabo>
Acesso em: 17 out 2013.
Cidade do Cabo, 06.10.2016 (quinta-feira)
1º Movimento
Andante
Assistentes na Cidade do Cabo.
Alegro
Sou recebida por Wendi e Zuko, que serão os assistentes do Projeto Senha Aberta, aqui na Cidade do Cabo.
2º Movimento
Andante
A residência artística do ‘Greatmore Art Studios’.
Alegro
Chego à residência artística do ‘Greatmore Art Studios’, uma casa de quatro quartos, em bairro de classe média alta.
Aqui passarei uma semana.
‘Site do Greatmore Art Studios’: <http://www.greatmoreart.org/greatmore_studio/About_Us.html>
Acesso em: 29 set 2016.
Cidade do Cabo, 07.10.2016 (sexta-feira)
1º Movimento
Andante
Visita ao ‘District Six Museum’.
Pauta: ‘District Six’ e ‘District Six Museum’
Em 1867, a prefeitura da Cidade do Cabo nomeou esta parte da cidade como o ‘Sexto Distrito’.
Estabeleceu-se como uma área de população mista – escravizados libertos, negociantes, artesãos, trabalhadores e imigrantes.
O Distrito Seis tornou-se um centro vibrante, porém, no início do século XX, com o processo de remoção e marginalização, os primeiros moradores forçados a sair dessa área da cidade foram os negros.
Em fevereiro de 1966, o Distrito foi declarado área dos brancos.
Sobre a tomada dos brancos:
Disponível em: <http://www.sahistory.org.za/article/district-six-declared-white-area>
Acesso em: 14 dez 2016.
Removeram, pela força, mais de 60.000 pessoas.
Sobre destruição das casas do Distrito Seis:
Disponível em: <http://www.sahistory.org.za/content/destruction-houses-during-forced-removals-district-six>
Acesso em: 14 dez 2016.
Alegro
O ‘District Six Museum’, inaugurado em 1994, guarda as memórias do Distrito Seis, incluindo as dos que foram daqui removidos forçadamente.
Alegro
Somos recebidos por funcionários do Museu, que nos deixam à vontade e se colocam à disposição.
Nenhuma recomendação restritiva ao trabalho!
Fantástico!
Espaço
O Sr. Noor Ebrahim, autor do livro ‘My life in District Six’, é um co-fundador do Museu e nos recebe com prazer de contar a história da qual faz parte.
O homem inserido na história, como elemento fundamental também para contar essa história.
Para usar algumas palavras, com relação às questões do apartheid, acredito ser necessário definir alguns termos:
O primeiro, ‘separação’, que pode ser analisado simplesmente como o que separa, parede, muro, cerca etc.
Já o termo ‘segregação’ quer dizer afastamento, ainda separação, mas de outros ou de um grupo. E pode ser usado para definir discriminação.
No caso de ‘apartheid’, este resulta de organização jurídico-social, montada para propiciar justificativas jurídicas – jurisprudência – que ‘demonstrem pela lei’ a superioridade de uma raça sobre outra – como aconteceu na África do Sul.
A complexidade do sistema montado justificou a divisão da sociedade entre brancos e não-brancos, e a suposta superioridade daqueles sobre estes.
2º Movimento
Andante
Fotos com o estandarte.
Alegro
O Museu expõe fotos antigas de lugares e de pessoas que fazem e faziam o bairro.
Apesar de não termos muita luz, faço diversas fotos do estandarte dentro do Museu.
3º Movimento
Andante
O ‘Memory Cloth’ – Tecido da Memória.
Alegro
Mais de 200 metros de tecidos, estendidos no museu, com nomes e depoimentos de ex-moradores do D-6, colocam a comunidade para dentro do museu, através de suas assinaturas e depoimentos.
Adágio
Esses tecidos estendidos, de alto a baixo, oferecem uma força comunitária extremamente importante. A comunidade está aqui… onipresente neste espaço.
Alegro
Na perspectiva dos problemas atuais, enfrentados na África do Sul, o museu exibe textos contra o xenofobismo.
4º Movimento
Andante
Compra de livro.
Alegro
Compro, nas mãos do autor, o livro ‘My life in District Six’, de Noor Ebrahim.
O livro nos oferece uma visão ampla de quem viveu inúmeros acontecimentos históricos nessa parte da cidade.
5º Movimento
Andante
Visita ao ‘Slave Lodge’.
Espaço
Seria muito bom se eu tivesse conseguido autorização para fotografar neste museu.
Ele guarda parte da história da escravidão na África do Sul.
Ao chegar ao museu, vi que todo o esforço que fiz no sentido de conseguir autorização para fotografar havia sido em vão, pois não consegui preencher um formulário necessário para ser ‘analisado’, antes de ter autorização assinada por um superior.
Adágio
Tomei a decisão de não visitar o museu, somente indo até sua parte aberta, externa, no quintal.
Nesta parte externa, havia uma fonte d’água, onde os escravizados ficavam todos reunidos, e passavam por um processo de contagem e separação, realizado por um tipo de feitor – também escravo – que selecionava, a cada vez, um certo número de homens que ia para o trabalho, voltando ao final do dia, quando eram recontados para a certificação se algum havia escapado.
Segundo informações do funcionário que nos recebe, os primeiros escravizados daqui vieram de Angola, em 1558, quando os holandeses interceptaram um navio negreiro português que estava a caminho do Brasil.
Mais de 9.000 escravizados viveram no que hoje é o museu, entre 1679 e 1811.
Os escravizados daqui vieram de: Angola; Madagascar; Moçambique; Índia e Indonésia.
6º Movimento
Andante
‘Nobel Price Square’
Alegro
A ‘Praça dos Prêmios Nobel’ foi edificada nas proximidades do porto que dá acesso à Ilha Robben, na Cidade do Cabo.
No centro da praça, estátuas em bronze de: Albert Luthuli, Desmond Tutu, FW de Klerk e Nelson Mandela.
Albert Luthuli
O primeiro sul-africano a receber o Prêmio Nobel da Paz – 1961 – foi presidente do ‘ANC’:
“O importante é que podemos construir uma África do Sul homogênea, baseada em valores humanos e não de cor.”
Arcebispo Emérito Desmond Tutu
Prêmio Nobel da Paz, em 1984.
Conhecido mundialmente por sua luta antiapartheid, mais tarde coordenou a Comissão de Reconciliação Nacional:
“Uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas.”
FW de Klerk
Prêmio Nobel da Paz – 1993 – juntamente com Nelson Mandela. Ele foi o último presidente sul-africano da era do apartheid, que em 1990 liberta Nelson Mandela, ‘unbanning a ‘ANC’, e conduz o país à sua nova constituição, juntamente com Mandela:
“Nossa nova constituição é um símbolo poderoso de reconciliação, justiça e do fim de séculos de conflito.”
Nelson Mandela
Prêmio Nobel da Paz – 1993 – juntamente com FW de Klerk: “Nunca, nunca e nunca novamente acontecerá desse lindo país, ter experiência de opressão de um contra o outro.”
As esculturas são de Claudette Schreuders.
Espaço
Somente homens que receberam prêmios da Paz, relacionados à vida política deste país estão representados nesta praça.
Adágio
Ao fundo, a marina que separa o continente da Ilha-prisão-Robben.
7º Movimento
Andante
Compra de bilhete para visitar a prisão da Ilha Robben.
8º Movimento
Andante
Filme: ‘Mandela’s fight for freedom’. (Documentário)
Dirigido por: Stephen Clarke.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fcsCwPk982U&t=99s>
Acesso em: 13 out 2016.
No link do documentário:
“Nelson Mandela, durante os anos ‘mais quentes’ da luta – entre 1985 e 1994.
Os processos de liberação, negociações antes e depois da soltura de Mandela.”
Enfatiza os esforços pela paz e conciliação de Mandela.
“Minha Liberdade e a de vocês não pode ser negociada.”
“Se a pessoa negocia quando o inimigo está muito forte, você pode assumir muitos compromissos.” (Nelson Mandela).
O documentário mostra também as lutas entre as etnias e o enorme esforço de conquistar a paz após a soltura de Mandela.
9º Movimento
Andante
Filme: ‘Nelson Mandela: The Fight for Freedom BBC Full Documentary 2013. Nelson Mandela (1918 – 2013)’
Dirigido por: David Dimbleby. (Legendas em português).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YoC20GPmXc8>
Acesso em: 13 out 2016.
Cidade do Cabo, 08.10.2016 (sábado)
1º Movimento
Andante
Fotografar Nonceba Elizabeth Kwintshl-Catal
Adágio
Nonceba teve sua família removida de Simonstown – um paraíso ao pé da Montanha da Mesa, na Cidade do Cabo.
Espaço
Em seu depoimento, ela lamenta a remoção de sua família, e espera “ter uma casa grande que possa abrigar toda a minha família”.
Adágio
Vive em uma casa pequena, em rua relativamente larga. As casas amontoadas permitem ir de uma a outra, na maioria das vezes, como se fossem casas contíguas.
Alegro
Nesta família estão felizes por terem todos, cada um, um aparelho celular… mesmo a criança menor da casa, que tem menos de 4 anos de idade!
Adágio
Que distorção!
2º Movimento
Andante
‘Gugulethu Seven Memorial’
Pauta: Gugulethu e ‘Gugulethu Seven Memorial’.
A ‘township’ de Gugulethu localiza-se a 15 km da Cidade do Cabo.
Sua população, de cerca de 99.000 habitantes, aglomera-se na pequena cidade.
Os negros totalizam 98,6% de sua população, dos quais 88.6% falam Xhosa.
Estabelecida durante o apartheid, parte de sua população foi removida do Distrito Seis.
Vários eventos de extrema violência têm acontecido em Gugulethu.
Alegro
O Memorial aos Sete de Gugulethu foi estabelecido em 21 de março de 2005 – Dia dos Direitos Humanos na África do Sul – em memória aos sete ativistas negros antiapartheid, que tinham entre 16 e 23 anos de idade, aqui mortos, pela polícia, em 3 de março de 1986.
Foram mortos, no exato local onde se ergueu o memorial: Mandla Simon Mxinwa, Zanisile Zenith Mjobo, Zola Alfred Swelani, Godfrey Jabulani Miya, Christopher Piet, Themba Mlifi e Zabonke John Konile.
A obra é dos artistas Donovan Ward e Paul Hendricks.
Mais informações, disponíveis em: <http://www.capetownpartnership.co.za/2015/03/gugulethu-seven-memorial-our-heroes-died-here/>
Acesso em: 15 dez 2016.
Alegro
No meio da manhã, do sábado, chegando ao memorial, rapidamente fotografo.
Porque hoje é sábado
e alguns por aqui
ao meio do meio do dia
de sábado
tentando suportar a vida, no sábado
parca vida, de sábado
já estão alcoolizados
e podem atacar
quem de longe esteja perto.
Porque hoje é sábado.
(Segundo informações da assistente em Cape Town, este lugar, a esta hora do sábado, é perigoso para pessoas de pele branca).
‘The Spirits of the Gugulethu Seven’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Amrf8Oj5iEg>
Acesso em: 15 dez 2016.
3º Movimento
Andante
Polismor Prision
Adágio
Passo, rapidamentem pela frente do presídio onde inúmeras lideranças das lutas contra o apartheid ficaram presas.
Cidade do Cabo, 09.10.2016 (domingo)
1º Movimento
Andante
‘City Hall’
Alegro
Chego ao balcão da Prefeitura da Cidade do Cabo, na tentativa de, aqui de cima, fotografar o estandarte do local onde Nelson Mandela fez seu primeiro discurso após ser liberado, depois de 27 anos de prisão.
Adágio
Alegro
Trechos do discurso proferido por Nelson Mandela aqui na sacada da Prefeitura:
Discurso de Nelson Mandela na Cidade do Cabo, após sair da prisão, em 11 de fevereiro de 1990:
“Meus amigos, camaradas e companheiros sul-africanos, saúdo todos vocês em nome da paz, democracia e Liberdade para todos. Estou aqui diante de vocês não como um profeta, mas como um humilde servo de vocês, o povo.
Seus sacrifícios incansáveis e heroicos tornaram possível eu estar aqui hoje. Por isso, coloco o resto dos anos da minha vida em suas mãos.
Neste dia de minha libertação, estendo a minha mais sincera gratidão para os milhões de compatriotas e para todos de cada canto do mundo, que fizeram incansavelmente uma campanha para a minha libertação.” […]
Alegro
Aqui ele se refere a mim, quando nas ruas do Recife gritávamos ‘abaixo o apartheid na África do Sul!’
Continuando o discurso:
[…] “Saúdo o Congresso Nacional Africano, que tem cumprido todas as nossas expectativas no seu papel de líder da grande marcha para a Liberdade.
Saúdo o nosso presidente, o camarada Oliver Tambo, por liderar o ANC, mesmo sob as circunstâncias mais difíceis. E os membros do ANC, combatentes do Umkhonto we Sizwe, como Solomon Mahlangu e Ashley Kriel, que pagaram o preço final pela Liberdade de todos os sul-africanos, o PC sul-africano e grandes comunistas, tais como: Moisés Kotane, Yusuf Dadoo, Bram Fischer e Moses Mabhida. Joe Slovo, a Frente Democrática Unida.” (Sitaoutras organizações que participaram das lutas).
“Dirijo as minhas saudações à classe trabalhadora do nosso país. Sua força organizada é o orgulho do nosso movimento. Continua sendo a força mais confiável na luta para acabar com a exploração e opressão.
Presto homenagem às muitas comunidades religiosas que levaram a campanha pela justiça para a frente quando as organizações do nosso povo foram silenciadas. […] Aos líderes tradicionais do nosso país, muitos de vocês continuam a seguir os passos dos grandes heróis. […]
Ao heroísmo infindável da juventude. Às mães, esposas e irmãs de nossa nação.
Nesta ocasião, agradecemos ao mundo. Agradecemos à comunidade mundial por sua grande contribuição para a luta antiapartheid. Sem o seu apoio a nossa luta não teria chegado a este estágio avançado. O sacrifício de Estados, a linha de frente será lembrada pelos sul-africanos para sempre.
Minhas saudações seriam incompletas se não expressassem o meu profundo agradecimento pela força que me foi dada durante meus longos e solitários anos de prisão por minha amada esposa e família. Estou convencido de que a sua dor e sofrimento foi muito maior do que a minha.
E antes de eu ir mais longe, eu gostaria de frisar que eu pretendo fazer apenas alguns comentários preliminares neste palco. Eu vou fazer uma declaração mais completa só depois que eu tiver a oportunidade de consultar os meus companheiros.
Hoje, a maioria dos sul-africanos, negros e brancos, sabe que o apartheid não tem futuro. Tem que acabar através da nossa própria ação das massas, fundamental para construir a paz e a segurança. A vasta campanha de desafio e outras ações da nossa organização e do povo só podem culminar na instauração da democracia.
A destruição causada pelo apartheid no nosso subcontinente é incalculável.
O tecido da vida familiar de milhões do meu povo foi destruído. Milhões estão sem abrigo e desempregados. A nossa economia encontra-se em ruínas e o nosso povo mergulhado em conflitos políticos.
O nosso recurso à luta armada em 1960 com a criação da ala militar do ‘ANC’, ‘Umkhonto we Sizwe’, foi uma ação puramente defensiva contra a violência do apartheid. Os fatores que tornaram necessária a luta armada ainda hoje existem.
Não temos outra escolha senão continuar.
Temos a esperança que um clima conducente a um acordo negociado será em breve criado para que deixe de haver a necessidade da luta armada.
Eu sou um membro leal e disciplinado do Congresso Nacional Africano. Estou portanto totalmente de acordo com os seus objetivos, estratégias e táticas.
A necessidade de unir o povo do nosso país é agora uma tarefa importante, como sempre foi. Nenhum dirigente sozinho é capaz, por si só, de levar a cabo esta enorme tarefa. É nossa tarefa como dirigentes apresentar as nossas opiniões à nossa organização e deixar que as estruturas democráticas decidam.
Sobre a questão da prática democrática, tenho o dever de afirmar que o líder do movimento é uma pessoa que foi eleita democraticamente numa conferência nacional. É este o princípio que deve prevalecer sem exceções.
Hoje, quero dizer a vocês que as minhas conversações com o governo tiveram como objetivo normalizar a situação política no país. Ainda não começamos a discutir as exigências fundamentais da luta.
Quero sublinhar que eu próprio nunca entrei em negociações sobre o futuro do país, exceto para insistir num encontro entre o ‘ANC’ e o governo.
O Sr. De Klerk foi mais longe do que qualquer Presidente Nacionalista ao dar passos para normalizar a situação. Contudo, existem mais passos, de acordo com o traçado na Declaração de Harare, que devem ser dados antes de iniciar as negociações para as exigências fundamentais do nosso povo.
Reafirmo o nosso apelo, entre outros, para o fim imediato do Estado de Emergência e a libertação de todos, e não apenas de alguns prisioneiros políticos.
Só uma total situação normalizada, que permita uma atividade política livre, pode permitir-nos consultar o nosso povo para obter um mandato.
O povo precisa ser consultado sobre quem irá negociar e o conteúdo dessas negociações. As negociações não podem ter lugar por cima das cabeças ou por trás das costas do nosso povo.
É nossa convicção que o futuro do nosso país só pode ser decidido por um órgão eleito democraticamente numa base não racial.
As negociações para o desmantelamento do apartheid terão que responder à esmagadora exigência do nosso povo, por uma África do Sul democrática, não racial e unida.
Deve ser posto fim ao monopólio branco sobre o poder político e uma reestruturação fundamental do nosso sistema político e econômico para garantir que as desigualdades do apartheid serão enfrentadas e a nossa sociedade totalmente democratizada.
Deve-se acrescentar que o Sr. De Klerk é um homem íntegro que conhece muito bem os perigos de uma figura pública não honrar os seus compromissos.
Mas, como organização, baseamos a nossa política e estratégia na dura realidade que enfrentamos. E a realidade mostra que ainda sofremos a política do governo nacionalista.
A nossa luta chegou a um momento decisivo.
Apelamos ao nosso povo que aproveite este momento para que o processo para a democracia seja rápido e ininterrupto.
Esperamos tempo demais pela nossa Liberdade. Não podemos esperar mais.
É este o tempo de intensificar a luta em todas as frentes. Abrandar os nossos esforços agora seria um erro que as gerações vindouras não poderão desculpar.
A visão da Liberdade no horizonte deve encorajar-nos para redobrar os nossos esforços.
Só com a ação de massas disciplinadas, a nossa vitória estará assegurada.
Apelamos aos nossos compatriotas brancos para que se juntem a nós na criação de uma África do Sul nova.
O movimento pela Liberdade é também a vossa casa política.
Apelamos à comunidade internacional para que continue a campanha de isolar o regime do apartheid.
Levantar agora as sanções seria correr o risco de abortar o processo de erradicação total do apartheid.
A nossa marcha para a Liberdade é irreversível. Não podemos deixar que o medo surja no nosso caminho.
O sufrágio universal, num caderno eleitoral comum, numa África do Sul unida, democrática e não racial é o único caminho para a paz e harmonia racial.
Para concluir quero citar as minhas próprias palavras durante o meu julgamento em 1964, que continuam verdadeiras até hoje:
Tenho lutado contra a dominação branca e tenho lutado contra a dominação negra. Defendo o ideal de uma sociedade livre e democrática onde as pessoas vivam em harmonia, com oportunidades iguais.
É um ideal pelo qual desejo viver e atingir.
Mas se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer.”
Resumo de texto disponível em: <http://spqvcnaove.blogspot.com.br/2014/05/nelson-mandela-discurso-apos-sair-da.html>
Acesso em: 15 dez 2016.
O discurso, no original: ‘Nelson Mandela’s Speech’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-Qj4e_q7_z4&t=20s>
Acesso em: 05 set 2016.
Alegro
Vou para o meio da praça,
de onde uma multidão ouviu
Nelson Mandela.
Estar aqui, frente a frente deste lugar, é como ver essa praça repleta de pessoas esperançosas e ouvir as palavras de luta de Nelson Mandela.
E ouvir os ‘vivas’ ouvidos durante o discurso.
2º Movimento
Andante
‘Castle of Good Hope’
Pauta:
‘Castelo da Boa Esperança’
O Castelo – o mais antigo prédio colonial existente na África do Sul – foi edificado em 1666, pela Companhia Holandesa das Índias Orientais, como ponto de apoio para as navegações entre a Europa e o Oriente.
Atualmente, abriga o Museu Militar do Castelo e a coleção de William Fehr, que data do século XVII ao século XIX, e contém obras de arte, mobiliário, objetos de metal, cerâmica e vidro.
Informações sobre o castelo, disponíveis em: <http://www.southafrica.net/za/en/articles/entry/article-southafrica.net-castle-of-good-hope>
Acesso em: 15 dez 2016.
Allegro
O Castelo da Boa Esperança está localizado na mesma praça da Prefeitura da Cidade do Cabo.
O ponto marcante dessa fortaleza, para mim, são as celas de isolamento de prisioneiros.
Prisioneiros marinheiros
prisioneiros
políticos
Vinte e quatro passos
O que é um prisioneiro político?
A princípio, quem discorda de qualquer sistema vigente, e é aprisionado por suas divergências, é um preso político.
E quantos prisioneiros políticos nunca foram nominados, nem tampouco contados como tal!
Hoje, visitando o ‘Castelo da Boa Esperança’, na Cidade do Cabo, contei 24 passos, dos meus mínimos passos, desde a entrada até a parede final, da cela de isolamento, destinada aos marinheiros, e, certamente, nem sempre marinheiros.
Presos políticos que não deixaram seus nomes nas enormes listas dos presos de consciência deste e de tantos outros países.
Vinte e quatro passos:
Link no youtube: <https://youtu.be/eTLF-BVsGQQ>
Cidade do Cabo, 10.10.2016 (segunda-feira)
1º Movimento
Andante
Primeira visita à ‘Bush Radio’.
Pauta: ‘Bush Radio’
‘Bush’ a palavra que significa ‘fita k-7’, porque durante os primeiros tempos da rádio, nos últimos anos do regime do apartheid, toda a programação era gravada em fitas k-7.
Caracteriza-se como rádio comunitária, levada ao ar, até hoje, através de seus diretores e também de voluntariado da comunidade local.
Estabeleceu-se como emissora alternativa, não comercial.
Site da rádio: <http://www.bushradio.co.za/>
Blog da Bush radio: <https://bushradio.wordpress.com/>
Alegro
Agendamos para amanhã uma entrevista com os diretores da rádio.
Alegro
Na rádio, recebo um exemplar do Jornal ‘Right2know’
2º Movimento
Andante
‘Trojan Horse’
Pauta: ‘Trojan Horse Massacre’ e ‘Trojan Horse Memorial’
Localizado em Athlone, Cidade do Cabo, marca uma área de protestos juvenis contra o apartheid.
O massacre ficou conhecido como ‘Massacre Cavalo de Tróia’, porque, no dia 15 de outubro de 1985, policiais que estavam escondidos dentro de um caminhão, saíram de dentro deste e jorraram ‘fogo’ contra os jovens, matando três dos que participavam dos protestos.
Morreram neste massacre: Jonathan Claasen, de 21 anos, Shaun Magmoed, de 15 anos, e Michael Miranda, de 11 anos.
O memorial homenageia os mortos e feridos deste massacre.
Mais informações disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/dated-event/trojan-horse-massacre>
Acesso em: 10 out 2016.
Alegro
Depois de andarmos em círculos à procura do memorial, o encontramos.
Fotografo o memorial, bastante singelo, localizado numa calçada, no muro do colégio local.
3º Movimento
Andante
Cabo das Tormentas, ou Cabo da Boa Esperança.
Pauta: Cabo das Tormentas
Os sul-africanos chamam esse cabo de ‘Cape of Good Hope’, originalmente batizado pelo primeiro navegador português que o alcançou por mar – Bartolomeu Dias – de Cabo das Tormentas, por causa das constantes tempestades que lá ocorreram durante sua navegação.
O Cabo das Tormentas localiza-se no sul do continente africano.
Bartolomeu Dias conseguiu cruzar o Cabo das Tormentas pela primeira vez no ano de 1488, descobrindo a junção entre os oceanos Atlântico e Índico.
Chegar a esse ponto tornou-se fundamental para a descoberta do caminho das Índias.
Com esta rota, o cabo foi renomeado de ‘Cabo da Boa Esperança’, pelos lucros possibilitados pelo caminho das Índias oferecidas aos europeus.
‘A Viagem de Bartolomeu Dias’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nVhMiSGGls0>
Acesso em: 15 dez 2016.
4º Movimento
Andante
Minha viagem da Cidade do Cabo até o Cabo da Boa Esperança. Digo: Cabo das Tormentas.
Distância: 69,5 km, via M3.
Tempo de Viagem: 01h30min.
Alegro
Chegamos a Simonstown, lugarejo ao pé da Montanha da Mesa.
Um paraíso de belezas naturais resplandecentes.
Adágio
Quando entrevistei a senhora Nonceba, em Gugulethu, no dia 08 de outubro, ela me falou que sua família foi removida de Simonstown.
Agora eu sei o significado de sua saudade deste lugar!
Cerca de cinco mil negros foram forçados a sair da pequena cidade, onde todos se conheciam.
Sobre o processo de remoção da população negra de Simonstown:
‘Apartheid’s Dividing Sword’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8QeDz2_pCDo>
Acesso em: 15 dez 2016.
Adágio
Os negros eram e são negros… supostamente não tinham o direito de estar em um paraíso como Simonstown.
Isso é tão grande, tão enorme, que chega a doer!
Ver a favela de Gugulethu e ver de onde eles foram removidos…
São momentos de ainda mais conscientização do ocorrido neste país.
Havia sol
havia praia
havia peixe.
Foram arrancados
pela raiz
como erva daninha
indefesa.
Foram isolados
como uma peste
que se espalharia
tão logo
tão rápido.
Hoje faz frio
nas casas amontoadas
que não permitem passagem da luz
do sol
do ar puro.
Sem acesso ao conhecimento
sem educação política
seremos o sempre foi assim
e assim será!
Será?
Alegro
Chegamos ao pé da Montanha da Mesa, ‘Table Mountain’ – assim chamada porque seu design se assemelha a uma mesa.
Ao pé da montanha, a última estação de trem vindo da Cidade do Cabo.
Na entrada do parque, o setor de pagamentos e uma loja de lembranças do parque.
Cidade do Cabo.
Para chegarmos ao Cabo da Boa Esperança, na extremidade do Parque Nacional da Montanha da Tábua, vamos de carro por 12 km, da entrada do parque até o início de uma grande subida, para observar a junção dos dois oceanos, na ponta do Cabo da Boa Esperança.
A subida é íngreme.
Fomos eu e Zuko, o assistente-motorista. Ele sempre me ajudando a subir… e me chama de ‘Mama’, cuidando de mim.
Adágio
Busco compreender a importância que esse ponto teve para os conquistadores, não somente a caminho das Índias, mas sobretudo na ‘conquista’ do extremo sul do continente africano.
Olhar essa junção dos oceanos significa um ‘estar aqui’ fundamental para o Projeto Senha Aberta, pois a compreensão da divisão do mundo entre os brancos e os negros depende da compreensão da economia, da globalização, praticadas pelos colonizadores.
Aproprio-me deste lugar.
5º Movimento
Andante
Filme: ‘Sarafina!’
Dirigido por: Darell James Roodt.
Discute os processos de conscientização política de um grupo de estudantes negros da África do Sul, durante o apartheid.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jBq26Qyae3w>
Acesso em: 15 dez 2016.
Cidade do Cabo, 11.10.2016 (terça-feira)
1º Movimento
Andante
Entrevista na ‘Bush Radio’.
Alegro
Conversa na Bush Radio (dividida em duas partes):
Parte 1
Parte 2
Link no youtube: <https://youtu.be/O7sax2Gu0Z4>
Link no Vimeo: <https://vimeo.com/225987939>
2º Movimento
Alegro
O grande olho.
Fotografo ‘o grande olho’, pintado no interior da rádio.
Ele significa os olhos abertos da imprensa livre.
Onde existe liberdade de imprensa?
Onde?
Onde?
3º Movimento
Andante
Ilha Robben.
Adágio
Trago para este lugar toda uma ‘novela’ sobre minha tentativa de visitar e fotografar a cela onde Mandela esteve preso, na Ilha Robben, parte do museu que hoje funciona onde antes foi um presídio e a ‘jaula’ na qual Nelson Mandela passou 18 anos de sua vida.
Conceito: Jaula
“Prisão guarnecida de barras de ferro, especial para feras; gaiola; qualquer prisão ou cárcere.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1678).
Utilizo o termo jaula, considerando que, em geral, presos são comparados a animais perigosos que devem ser isolados para não contaminar o resto da sociedade. (Com todo o respeito aos animais!)
Espaço
Os primeiros contatos telefônicos, envio de projeto, explicação escrita do que eu ia fazer, re-telefonema, re-e.mail, foram feitos alguns dias antes, quando eu estava em Johannesburgo.
O que escrevi em 07.10.16:
O poder
Porque o poder é sempre o poder.
Depois de inúmeros e.mails, e de ter recebido informações de que eu deveria ter solicitado autorização para fotografar com mais ou menos 45 dias de antecedência, fui avisada que em ‘Robben Island’ não entram bandeiras.
Enviei uma imagem do meu estandarte para tentar acalmar os ânimos, dizendo que ele não é uma bandeira…
As explicações dos países aonde o estandarte já foi, e que ainda irá, nada resolveram.
Resposta taxativa:
“Aqui não entram bandeiras”.
Ou seja, meu estandarte já estava, de antemão, ‘por ordem superior’, execrado, banido da ilha.
O estandarte, proibido de entrar, como os familiares dos presos.
Apesar de todas as argumentações, de ser um projeto e pesquisa sobre o apartheid, de caracterizar-se como trabalho de arte…
Nada!
Assunto en-cer-ra-do! Estandarte fora!
O poder é insensível, irredutível, insensato. Impressionantemente burro.
Vamos para o segundo capítulo: entrar com duas câmeras para fotografar no museu e na cela de Mandela:
Novos telefonemas e novas mensagens para saber sobre a autorização para fazer as fotos – sem ‘bandeiras’, lógico!
“Pode fotografar mediante o pagamento de uma taxa”.
Apesar de minha tentativa de agendar para os primeiros dias em que eu estaria em Cidade do Cabo, a responsável marcou minha visita para a terça-feira, dia 11 de outubro.
Sobre a taxa, mesmo sem saber quanto deveria pagar, realizei inúmeras explicações de que o projeto é ‘non-profit’, ou seja, sem fins lucrativos, projeto de pesquisa e de arte… e de quanto seria essa taxa…
Vieram formulários que eu deveria preencher…
Mas,
sem conseguir nenhuma redução de taxa, somente descobri o exato valor quando eu já estava no píer, para comprar minha passagem no barco que me levaria à Ilha.
Ok, finalmente o valor: a bagatela de R21.500, e alguns centavos, pois os centavos eu nem contei!
Isso seria um pouco mais do que R$5.000,00 (cinco mil reais).
Uma bagatela!
Que parece?
Em tempo de promoção, daria para ir e vir de avião, da África do Sul até São Paulo, duas vezes!
Ou seja:
‘fora!’
‘Fora!’
‘Fora!’
Leia-se,
O poder é sempre descarado.
Eu teria vergonha de fazer isto!
Pobre funcionária! Nem sabe que minha arma – a arte – é muito superior às restrições que alguém possa encher a boca para salientar!
O poder é triste! Estúpido, idiota e triste!
E viva a arte que segue em frente!
Terceiro capítulo:
“Sem pagar a taxa você pode fotografar, no fluxo dos turistas, com uma câmera que não seja profissional”.
O que é uma câmera profissional?
A explicação é que uma câmera pequena pode, mas no fluxo do caminhar de todo e qualquer turista. Isso significa que não posso me atrasar para fazer fotos.
Ok. Decisão tomada. Terça-feira, dia 11 de outubro, dia determinado pela madama, eu vou lá, levo minha câmera ‘profissional’ dentro da mochila – creio que não irão revistar minha mochila, afinal aquilo lá não é mais um presídio, e não devem praticar revista nas pessoas que entram.
Levarei minha câmera ‘não-profissional’ no pescoço…
Minha câmera profissional = BANIDA!
E vou quietinha, para nem ver a funcionária na minha frente!
Agora volto para hoje, 11 de outubro.
Entre o céu e o inferno
A Ilha Robben foi um paraíso – provedora de alimento e guarita para portugueses, holandeses, ingleses, entre outros.
E foi o inferno para qualquer um que questionou o establishment…
Escrever sobre essa ilha, no que se relaciona à vida política do país e a Nelson Mandela, leva à conclusão de que a vida dele foi transformada, simplesmente, em uma maneira de ganhar dinheiro.
Não qualquer dinheiro, mas muito, muito dinheiro.
Os banimentos.
Primeiro banimento: o meu estandarte.
Meu projeto que traça um caminho imaginário, uma utopia de união entre oito países foi banido.
Segundo banimento: a grana.
A obviedade de que eu não pagaria tudo que foi exigido, deixando-me de fora do que necessitaria fazer.
Terceiro banimento: minha câmera profissional.
Não poderia ser vista, sem pagar a taxa, usando câmera ‘profissional’.
Quarto banimento: meu banimento.
Tudo bem, lá vou eu com minha câmera não-profissional no pescoço, para embarcar…
O que aconteceu, no dia em que cheguei ao porto para finalmente embarcar?
Ventos e chuvas fortes fizeram as autoridades cancelarem as travessias do continente à Ilha Robben.
Afinal, definitivamente eu estava banida!
Adágio
Antes, as pessoas que discordavam do apartheid, ou de tantas outras questões políticas que já envolveram este país, eram banidas da sociedade e enfiadas na Ilha-presídio de Robben.
Seus familiares eram banidos de comparecerem à ilha para visitar seus prisioneiros políticos.
Cartas, cartões, notícias eram banidas – proibidas de entrar na ilha.
Triste história!
Não a minha, mas a que relata o uso que fazem da história de Nelson Mandela!
Relembro meus comentários sobre como algumas pessoas vivem, no Chile, da luz de Pablo Neruda, e reafirmo que aqui, na África do Sul, muitas pessoas vivem da luz de Nelson Mandela.
O que se fará para que as coisas não sejam medidas simplesmente por valores financeiros?
Que luz será essa luz
que ilumine percepções
que ilumine o importante
que não vise a sordidez
do dinheiro
como medida final?
Uma ilha
que não é uma ilha
que não é uma ilha
que não é.
Repleta de histórias
de dominadores
e dominados
de natureza dizimada.
Agora
a ganância disfarçada
de protecionismo
perpetua-se.
Alegro
Nada que venha de fora deverá diminuir a importância do Senha Aberta, ou a força que esse projeto precisa de ter.
Nenhuma pessoa cega de espírito poderá diminuir a força política do Senha Aberta.
Adágio
Algumas pessoas seguram
com unhas e dentes
as histórias de outras pessoas
como se fossem donas-proprietárias
da vida edificadas tijolo por tijolo
na construção de ideais
que nunca serão diminuídos
por pertencerem à história
dos trabalhadores do mundo
transpassando a história dos povos
por dignidade.
Informações sobre a Ilha de Roben, com cronologia, estão disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/topic/robben-island-timeline-1400-1999>
Acesso em: 13 out 2016.
Cidade do Cabo, 12.10.2016 (quarta-feira)
1º Movimento
Andante
Viagem da Cidade do Cabo a Johannesburgo.
Johannesburgo, 13.10.2016 (quinta-feira)
1º Movimento
Andante
Contatos para fotografar em Pretória.
Alegro
Mais um dia com o trabalho de organização do trabalho.
2º Movimento
Andante
Hoje, o dia em que nasci. 64 anos depois.
Alegro
O que acontecia em 1952?
Hoje, 13 de outubro de 2016, relaciono o que acontecia na África do Sul enquanto eu nascia.
A história sul-africana ressalta, no ano de 1952, vários eventos da ‘Defiance Campaign’ – campanha de desafio, contra o regime do apartheid.
O marco que decido citar neste dia, ocorrido nesse ano, é o protesto contra o uso dos ‘pass books’, realizado por Nelson Mandela, enquanto eu nascia.
Eu e Mandela
Nasci menina
fogo, vida, renovação, desafio.
Cresci mulher, fogo
Movimento, consciência política.
Desafio.
Nasci fogo destruidor
de ações caducas
que segregam raças, amores
e plantam ódios.
Cresci fogo renovador
de Liberdades
tal como Mandela
quando em sincronia perfeita
queima seu ‘pass book’.
Ação-fogo
regeneradora nas lutas
contra o apartheid.
Revivo, subjetivamente, a ação de Nelson Mandela, 64 anos depois de meu nascimento e de ele ter queimado seu ‘pass book’ contra o regime de segregação racial sul-africano:
Adágio
Hoje, 2016, quantos coisas precisariam de ser queimadas?
Johannesburgo, 14.10.2016 (sexta-feira)
1º Movimento
Andante
Ainda sobre contatos em Pretória.
2º Movimento
Andante
Minha festa de aniversário no ‘Assemblage’.
Alguns artistas sul-africanos se reúnem comigo, no Assemblage, para comemorarmos meu aniversário: bolo, guaraná e parabéns.
3º Movimento
Andante
Filme: ‘Viva Mandela!’ (Documentário)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ngW3xQX6qhU>
Acesso em: 14 out 2016.
O documentário apresenta informações a partir do final da II Guerra Mundial, quando o apartheid começou a ser implementado.
Informações a partir de gravações históricas, depoimentos, matérias de jornais e outros materiais.
O fio condutor são canções de diversos artistas.
4º Movimento
Andante
Canções das lutas antiapartheid (sem ordem cronológica).
‘12 Songs that Shaped the Struggle (With Lyrics & Translations) | Apartheid SA’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4qhHmy_6zrE>
Acesso em: 17 ago 2016.
Alegro
‘Simple Minds – Mandela Day (Lyrics)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=J1SWKumsKNo&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 17 ago 2016.
‘Johnny Clegg (With Nelson Mandela) – Asimbonanga – 1999 Fran’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BGS7SpI7obY&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=2>
Acesso em: 17 ago 2016.
‘Nelson Mandela Song Iqalapha by Nomfusi & The Lucky Charms’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ooHsKZJqpT0&index=3&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 14 out 2016.
‘Lucky Dube – House of Exile’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sT6PgvDHVGk&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=4>
Acesso em: 14 out 2016.
‘Sooner Than Later’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vxOoxHT9l88&index=5&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 14 out 2016.
‘One Love, Madiba – song by Yolanda Y’awa‘
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NJr8DxtXdsk>
Acesso em: 14 out 2016.
‘A Mandela song by Zahara and Mzwakhe Mbuli’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=t5xAcjpo-jE>
Acesso em: 14 out 2016.
‘Umkhonto we Sizwe ANC Choir seventies’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=br_i1UsNJx0&list=PL1rcdkEHYpmoHqxi1WKcbpCDQjvtRgHGY>
Acesso em: 16 dez 2016.
‘The Spear Of The Nation – Izakunyathel’ I Africa’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pa3nSF6jNxc&list=PL1rcdkEHYpmoHqxi1WKcbpCDQjvtRgHGY&index=2>
Acesso em: 16 dez 2016.
‘Struggle Songs for Mandela – Outside Heart Hospital Pretoria. South Africa’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WbfTlPkeHPA&index=3&list=PL1rcdkEHYpmoHqxi1WKcbpCDQjvtRgHGY>
Acesso em: 16 dez 2016.
‘Steel Pulse – Biko’s Kindred Lament – Live 1979’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4E7oEMP1ls8>
Acesso em: 18 out 2013.
Andante
A música na África do Sul.
Alegro
Uma importante cronologia sobre a história da música na África do Sul, no período que vai de 1600 a 2004, está disponível em: http://www.sahistory.org.za/topic/development-music-south-africa-timeline-1600-2004
Acesso em : 04 jul 2016.
Sobre a música e os movimentos de libertação na África do Sul:
‘Music and apartheid in South Africa’
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=T3XhzmNxR8w
‘The Sounds of Resistance: The Role of Music in South Africa’s Anti-Apartheid Movement’
Disponível em: https://www.inquiriesjournal.com/articles/265/the-sounds-of-resistance-the-role-of-music-in-south-africas-anti-apartheid-movement
Acesso em: 09 set 2016.
Johannesburgo, 15.10.2016 (sábado)
1º Movimento
Andante
‘Economic Freedom Fighters – EFF’
4-EFF
“O EFF vê a Liberdade econômica como a propriedade total dos recursos naturais e econômicos pela maioria previamente oprimida. Acreditam que Liberdade econômica acontece quando os direitos e a Liberdade do povo lhes possibilitam tomar decisões, tais como, alocarem seus próprios recursos econômicos para o desenvolvimento e elevação de suas próprias vidas.”
Informações disponíveis em: http://www.sahistory.org.za/article/economic-freedom-fighters-eff
Acesso em: 05 set 2016.
Segundo o site do ‘EFF’:
O ‘Economic Freedom Fighters’ é um movimento radical e militante pela emancipação econômica que junta ativismo revolucionário, destemor radical e militante, aos movimentos dos trabalhadores, organizações não-governamentais e organizações comunitárias.
É um movimento radical, de esquerda, anti-capitalista, anti-imperialista e internacionalista.
O ‘EFF’ leva em conta que poder político sem emancipação econômica não faz sentido.
O estatuto do ‘EFF’, no qual esse pequeno resumo se baseia, está disponível em: http://effighters.org.za/about-us/
Acesso em: 05 set 2016.
Alegro
Trabalham na direção contrária ao que propõe o neoliberalismo e o modelo atual de globalização.
Vale a pena pesquisar mais sobre esta organização.
Alegro
O ‘EFF’ discute muitos questionamentos colocados ao longo deste projeto.
Alguns depoimentos:
‘EFF Farewell Speech – Floyd Shivambu’
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wXRPdzG3JdQ&index=1&list=PLOlN0GrgjpJU4m6jvVYtQ0tzZwQthZPOF
Acesso em: 16 dez 2016.
Espaço
O ‘EFF’ tem um coral, com inúmeros vídeos publicados no youtube, porém, por ainda não saber a tradução das letras, eu me privo de publicar os links neste projeto.
As canções, em sua maioria, são viscerais, ecoam no fundo de minha alma.
O ‘EFF’ exige a retirada, de todos os espaços públicos sul africanos, das estátuas que simbolizam o colonialismo, exigindo que elas sejam removidas para museus.
Notícias de suas ações neste sentido: ‘EFF And ANC Destroy Apartheid Statues. Paul Kruger Vandalized.’
Disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=5W6Cc_Iussw
Acesso em: 05 set 2016.
Johannesburgo, 15.10.2016 (sábado)
1º Movimento
Andante
Busca por mulheres para o projeto.
Alegro
Mediante a dificuldade dos assistentes ao projeto para conseguir algumas mulheres, nascidas entre 1950 a 1954, parto para o trabalho direto. Vou a um shopping que localiza-se próximo à minha morada, faço perguntas, até que consigo Alleta Aishabalala que fará parte do projeto.
2º Movimento
Andante
Entrevista e fotos com Alleta Aishabalala.
Alegro
Ela prefere falar sobre seu desejo de que a África do Sul seja melhor do que está agora. Está melhor, do que nos tempos do apartheid, mas ainda não com igualdade, onde todos sejam realmente livres.
3º Movimento
Andante
Busca, sem sucesso, por mais uma mulher para ser entrevistada e fotografada.
Adágio
Essa tarefa me tomou a tarde inteira!
4º Movimento
Alguns(as) sul africanos e sul africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Robert Sobukwe.
Robert Mangaliso Sobukwe nasceu em 5 de dezembro de 1924, em Graaff-Reinet, na Província do Cabo.
Seu irmão mais velho o incentivou a ler.
Com bolsa de estudo foi para a ‘Fort Hare University’, em 1947.
Vai, progressivamente, se interessando mais por poesia e drama.
Iniciou seu interesse em política quando estudava ‘Native Administration’.
Foi na Universidade ‘Fort Hare’ que muitos jovens estudantes negros da África de Sul e de outros países foram expostos às questóres políticas, o que tornou Sobukwe mais ativo politicamente.
Em 1948 entra para liga jovem do ‘ANC’ (ANCYL).
Participa de várias organizaçãoes estudantis.
Em 1950, casa-se com Veronica Mathe. No mesmo ano, começa a ensinar inglês, história e geografia, na ‘Jandrell Secondary School, em ‘Standerton’, posição que perde por razões políticas em 1952, tendo logo depois, recuperado sua posição de professor.
Muda-se, em 1954, para Johannesburgo, e passa a ensinar na cátedra de Estudos Africanos, na ‘University of the Witwatersrand’, onde lhe deram o apelido de ‘the Prof’. Em 1957, torna-se editor da ‘The Africanist‘, e logo começa a criticar o ‘ANC’, por se permitir a ser dominado pelo que chamou de ‘’liberal-left-multi-racialists’.
Acreditava que o futuro da África do Sul deveria estar nas mãos dos negros sul africanos, o que o leva, à criação do ‘Pan Africanista Congress – ‘PAC’, sendo seu primeiro presidente, em 1959.
Participa ativamente das campanhas contra o uso do passe pelos negros.
Participou do protesto de Sharpeville, que deixou 69 mortos pela polícia.
Em 1960, é aprisionado por três anos, e depois por mais seis anos, desta vez em Robben Island, onde foi mantido em solitária, para não ter contato com nenhum outro prisioneiro, mas tinha acesso a livros, e, em consequência passou seu tempo estudando e obterve uma graduação da ‘University of London’.
Deixou a prisão em maio de 1969, sendo banido para a township de ‘Galeshewe’, proibido de participar de toda e qualquer atividade política.
Em 1970, consegue um posto de professor na ‘University of Wisconsin’ – EUA, mas seu pedido de passaporte é negado pelo governo sul africano.
Em 1975, começa a estudar direito, enquanto estava em prisão domiciliar, e montou seu escritório de advocacia em 1975.
Conceito: Prisão domiciliar.
Tipo de aprisionamento onde a pessoa é proibida de sair de casa. E, muitas vezes, proibido, também, de receber visitas.
Morre de complicações pulmonares, e seu sepultamento ocorre em 11 de março, de 1978.
Existe uma vasta bibliografia sobre Roberto Sobukwe.
(Resumo traduzido).
Original disponível em: <http://www.sahistory.org.za/people/robert-mangaliso-sobukwe>
Acesso em: 15 out 2016.
Alegro
Sobre Roberto Sobukwe:
‘Remember Africa. Remember Sobukwe’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ooKNHUd4xY8>
Acesso em: 15 out 2016.
Informações no link:
Remember Africa Documentário de Kevin Harris – 2011 – Comissionado pela Fundação Nelson Mandela e pelo ‘Robert Sobukwe Trust’.
Versão editada do documentário de ’48 minutos, de Kevin Harris, de1996: ‘Robert Sobukwe – A Tribute to Integrity’.
Sobukwe, uma vez, disse: “Liderança verdadeira requer subjugação completa, honestidade absoluta, integridade e elevação de caráter, coragem e destemor e, sobretudo, um amor incondicional pelo povo.”. Essa declaração é o motivo pelo qual ele deve ser sempre lembrado.
4º Movimento
Andante
Filme: Sobukwe – a great soul
‘Robert Sobukwe’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gnRcS1DMY48/>
Acesso em: 15 out 2016.
Alegro
São ‘pérolas do pensamento de Sobukwe:
“Terra é comida. Terra é economia. Terra é riqueza. Terra é filosofia.”
Espaço
“Terra é comida”.
Terra
Terra é comida.
O grão guardado
no seio da terra
brota
cresce, floresce, frutifica.
O fruto colhido
distribuído a todos
realiza o milagre do alimento
da festa outonal
dos enlaces
da alegria
trazida pelo pão.
O imponderável: “Terra significa alimento”.
“Terra significa economia.”.
Os poderosos do mundo
na conquista insana da terra
buscaram e buscam garantir
suas próprias ‘superioridades’, baseando-se na capacidade de fazer girar, entre eles, a fortunante roda da economia.
O imponderável: “Terra é economia.”.
“Terra é riqueza.”.
Onde houve distribuição igualitária da terra
não haverá nunca
espaço para a pobreza
de trabalho
de alimento
de alegria
de espírito
de cultura.
O imponderável: “Terra é riqueza”.
“Terra é filofosia.”.
Cultivar a terra
sentir o solo
cheirar o cheiro
do chão molhado
ver o grão plantado
rachar a terra
regar o verde
colher e repartir
gerar filosofias
de amor
de vida.
O imponderável: “Terra significa filosofia”.
Adágio
O destino dos homens, das mulheres e das crianças do continente africano foi determinado quando os invasores lhes tomaram as terras.
Essa ‘tomada das terras’, foi construída com as religiões, com a escravizazação, a expulsão dos povos para longe de seus mundos.
Alguma volta dos povos originários às suas terras foi meticulosamente organizada pelos poderosos de variadas maneiras.
A industrialização organizou o trabalho semi-escravo, explorou e vem explorando milhões de trabalhadores.
Johannesburgo, 16.10.2016 (domingo)
1º Movimento
Andante
Filme: ‘Invictus’
(Dublado para o português).
Dirigido por: Clint Eastwood.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6Cih8feX8Zw>
Acesso em: 16 out 2016.
Poema de William Ernest Henley, em ‘Invictus’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_ngZhTC28B8>
Acesso em: 16 out 2016.
O texto original do poema:
Invictus
William Ernest Henley (1849–1903)
“Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.”
Falas de Nelson Mandela, em trechos do filme:
”O passado ficou para trás. Nós olhamos para o futuro.”
Conceito: Passado
“Que passou; decorrido, pretérito; imediatamente anterior; que envelheceu, que aparenta velhice; envelhecido.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2142).
Resultado de nossas memórias, individuais e coletivas.
Conceito: Futuro
“Tempo que se segue ao presente; conjunto de fatos relacionados a um tempo que há de vir; destino, sorte; que ainda está por vir.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1409).
A mais duvidosa expectativa de tempo.
O que não foi, ainda não é, e possivelmente será, ou não.
Base do pensamento para a acumulação de bens de capital, mas também para a luta diária na perspectiva de construção de algo diferente.
Base da esperança, algumas vezes simplesmente na espera, outras vezes na ação diária para construção do amanhã – possível, provável, ou não.
“Como nos inspiramos para a grandeza quando nada menos será o bastante? Como inspirar os que estão perto de nós?”
Conceito: Inspiração.
“Ato ou efeito de inspirar(-se); criatividade, entusiasmo criador;
pessoa ou coisa que inspira, estimula a capacidade criativa; ideia súbita e espontânea, geralmente brilhante e/ou oportuna; iluminação, lampejo
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1626).
Geralmente, resultado e consequência de processos de pesquisa e trabalho. De dedicação a determinado assunto ou tema.
“Precisamos superar nossas próprias expectativas.”
Conceito: Expectativa
0“Situação de quem espera a ocorrência de algo, ou sua probabilidade de ocorrência, em determinado momento.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1287).
“Se eu não posso mudar junto com as circunstâncias, como posso esperar isso dos outros?”
Conceito: Circunstância
‘Condição de tempo, lugar ou modo que cerca ou acompanha um fato ou uma situação e que lhes é essencial à natureza; conjunto de fatores materiais ou não que acompanham ou circundam alguém ou alguma coisa; contexto; conjuntura, momento, ocasião
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 728).
“O senhor não tem senso de ocasião.”
Conceito: Senso de ocasião
Saber usar e aproveitar os acontecimentos em prol do que se deseja alcançar.
Resumo de conversa com o capitão do time de ‘rugby’.
(Trecho do filme)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Dh2IZDd6z6I>
Acesso em: 23 out 2016.
Poema ‘Invictus’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ii28l1WrqA0>
Acesso em: 23 out 2016.
‘Invictus’ (Trilha Sonora)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GzMQrXWoTpw>
Acesso em: 23 out 2016.
2º Movimento
Andante
Filme: ‘O milagre de Nelson Mandela’.
(Dublado para o português).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1P1DU0lYFOo>
Acesso em: 16 out 2016.
3º Movimento
Andante
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Miriam Makeba.
Cantora sul-africana nascida em 04 de março de 1932, em Johannesburgo, conhecida como ‘Mama África’ ou a Mãe da África do Sul.
Aos 27 anos, com o avanço do regime de segregação racial em seu país, mudou-se para a Europa.
Testemunhou sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comitê das Nações Unidas contra o Apartheid, em 1963.
Proibida de entrar no seu país, teve sua nacionalidade sul-africana cassada e seu passaporte anulado. Permaneceu exilada por 31 anos, até que o presidente Nelson Mandela a convidou para retornar à África do Sul, em 1990.
Faleceu na Itália em 09 de novembro de 2008.
Trechos do discurso de Miriam Makeba, na ONU, em 1963, quando estava exilada:
“Eu pergunto a vocês, e a todos os dirigentes do mundo: vocês ficariam calados, sem fazer nada, se estivessem em nosso lugar?
Vocês não resistiriam se não fossem permitidos seus direitos nos seus próprios países porque a cor de sua pele difere da dos governantes? E se fossem punidos simplesmente por terem pedido a igualdade?
Eu suplico a vocês, e por intermédio de vocês, a todos os países do mundo, que façam tudo o que puderem para deter a tragédia que está por vir. Eu apelo a vocês: salvem as vidas dos nossos líderes, esvaziem as prisões daqueles que nunca deveriam ter sido colocados lá!”
Gravação histórica:
‘Miriam Makeba, ONU, 1963 (South African Apartheid)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uWP5mBJ4HWs>
Acesso em: 22 fev 2017.
‘Miriam Makeba Live interview on Conversations – Peter Ndoro’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rkB-ojOSUTE>
Acesso em: 19 dez 2016.
‘Mandela Tribute by Miriam Makeba’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ot0qm6isnc8>
Acesso em: 19 dez 2016.
‘Zulu Song – Miriam Makeba’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=k27LiD3YDZ4>
Acesso em: 19 dez 2016.
‘Miriam Makeba – The Sound of Africa – 60 Original Recordings (Not Now Music) [Full Album]’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bZfADtpNzpo&t=538s>
Acesso em: 19 dez 2016.
4º Movimento
Andante
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Dra. Nkosazana Clarice Dlamini Zuma.
Dra. Nkosazana Clarice Dlamini Zuma nasceu em 27 de janeiro de 1949, em KwaZulu-Natal.
Iniciou seus estudos de medicina na ‘University of Natal’, onde se engajou nas lutas democráticas do continente africano, através de seu envolvimento com o ‘ANC’.
Exilada em 1976.
Terminou seus estudos de medicina na ‘University of Bristol’, no Reino Unido, em 1978.
Em um tempo em que as mulheres ‘deveriam’ ser somente donas de casa, a sua luta como ativista política é testemunho de sua coragem.
Depois da eleição de 1994, assume o cargo de Ministra da Saúde do governo do Presidente Nelson Mandela, onde fez transformações fundamentais no sistema de saúde pública da África do Sul.
Em 1999, o Presidente Thabo Mbeki a apontou como Ministra de Assuntos Estrangeiros, onde ela promoveu os direitos humanos, a paz e o desenvolvimento coletivo.
Já ocupou o cargo de Ministra dos Assuntos Internos.
Em 2012, H.E. Dra. Dlamini Zuma elegeu-se Presidente da Comissão para a União Africana, sendo a primeira mulher a dirigir essa organização continental.
Informações traduzidas de texto disponível em: <http://www.au.int/en/cpauc/profile>
Acesso em: 19 ago 2016.
5º Movimento
Andante
‘A Marcha das Mulheres’
Pauta: A Marcha das Mulheres.
Em 09 de agosto de 1956, mais de 10.000 (a estimativa oficial é de entre 10 e 20 mil participantes) mulheres vindas de várias partes do país se encontraram em Pretória e marcharam em direção ao Palácio do Governo, contra a ‘lei do passe’, em uma grandiosa e importante marcha na luta antiapartheid.
Esta foi a primeira grande revolta do país, que, envolvendo as mulheres, de certa forma, surpreendeu o poder, desde que elas, até então, aparentemente, não tinham um papel político importante na sociedade e nas lutas antiapartheid.
Sobre a ‘Marcha de Mulheres’, artigo disponível em: <http://www.sahistory.org.za/topic/1956-womens-march-pretoria-9-august>
Acesso em: 07 fev 2017.
‘History of Women’s Rights in South Africa’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3i5FPOlVb20>
Acesso em: 07 fev 2017.
6º Movimento
Andante
As mulheres.
Pauta: Algumas mulheres.
Inúmeras mulheres participaram das lutas antiapartheid.
Destacamos aqui, entre outras:
Albertina Sisulu.
Conhecida como ‘Mama Sisulu’, foi um dos maiores ícones da luta contra o apartheid.
Em 1955, participou da liderança da Marcha de Mulheres, na capital, Pretória, em protesto contra a infame ‘Lei dos Passes’ (que obrigava os negros a serem portadores de passes para terem acesso às áreas designadas aos brancos), sendo presa por três semanas, foi representada por Nelson Mandela, então advogado, que conseguiu que fosse absolvida de todas as acusações.
Tornou-se uma das mais respeitadas e amadas figuras do universo político da África do Sul.
Dedicou sua vida à militância política e ao trabalho de enfermagem, dando assistência aos mais desfavorecidos, nas periferias de cidades sul-africanas.
Passou mais de 10 anos em prisão domiciliar.
Dedicava-se, também, às causas da educação.
Afirmou:
“Quer na luta, quer na paz, a educação é essencial para a liberdade dos povos.”
“Devemos educar as nossas mulheres, porque elas são amiúde as que mais sofrem, e as suas crianças com elas. Se todas soubéssemos o que é realmente importante através da educação apenas teríamos de gritar uma vez.”
Mais informações, disponíveis em:
<http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1868902>
Acesso em: 20 out 2013. Helen Joseph
Professora, assistente social e ativista política, nascida na Inglaterra, em 08 de abril de 1905.
Em 1930, muda-se para Durban, na África do Sul.
Veterana da II Guerra Mundial, tendo servido como auxiliar da Aeronáutica.
Membro, e uma das fundadoras do ‘ANC’, participou da organização da Marcha de Mulheres.
Presa por alta traição, em dezembro de 1956, foi banida em 1957.
Em 1962, passa a ser a primeira pessoa em prisão domiciliar, e sofre várias tentativas de assassinato.
Morre em Johannesburgo, em 25 de dezembro de 1992.
Resumo de informações disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/people/helen-joseph#sthash.4ORNqbPQ.dpuf>
Acesso em: 17 ago 2016.
Lilian Masediba Ngoyi
Ativista antiapartheid, exerceu o cargo de presidente da liga feminina do ‘ANC’.
Nasceu em 1911, em Pretória.
Presa, pela primeira vez, por usar as instalações dos correios reservadas para brancos.
Em 1956, tornou-se a primeira mulher eleita para a comissão executiva nacional do ‘ANC’.
Em dezembro, foi presa por alta traição, juntamente com outras 156 pessoas.
Passou a maioria de seu tempo de prisão confinada em solitária.
Faleceu de ataque cardíaco em 13 de março de 1980.
Disponível em: <http://www.sahistory.org.za/people/lilian-masediba-ngoyi#sthash.z5TRiKHj.dpuf>
Acesso em: 17 ago 2016.
Sophia Theresa Williams de Bruyn
Nascida em 1938, em Port Elizabeth.
Membro da executiva da União dos Trabalhadores Texteis, em Port Elizabeth.
Membro fundadora do ‘South African Congress of Trade Union (SACTU)’. Organizadora do ‘Colored People’s Congress’, em Johannesburgo, e uma das líderes da Marcha de Mulheres, em 1956.
Informações disponíveis em: <http://www.sahistory.org.za/people/sophia-theresa-williams-de-bruyn#sthash.nYzPAz44.dpuf>
Acesso em: 17 ago 2016.
Rahima Moosa
Nasceu em 14 de outubro de 1922, na Cidade do Cabo.
Membro da ‘União dos Trabalhadores da Cape Town Food and Canning Workers Union’, do ‘Transvaal Indian Congress’ e do ‘ANC’, ajudou a organizar a Marcha de Mulheres, em 1956.
Disponível em: <http://www.sahistory.org.za/people/rahima-moosa>
Acesso em: 17 ago 2016.
Estas são somente algumas das inúmeras mulheres que lutaram contra o regime do apartheid na Áfrrica do Sul.
Johannesurgo, 17.10.2016 (segunda-feira)
1º Movimento
Documentário: ‘Apartheid in South Africa Laws, History: Documentary Film – Raw Footage (1957)’
Apresenta questões relacionadas à igreja e às mulheres.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MOA66AOG52M>
Acesso em: 17 ago 2016.
Johannesburgo, 18.10.2016 (terça-feira)
1º Movimento
Andante
Busca de autorizações para fotos em Pretória.
2º Movimento
Andante
Compra de bolas para as crianças de Betim, dentro do projeto ‘Desejos Compartilhados’.
3º Movimento
Andante
Filme: ‘Voices of Sarafina’
Dirigido por: Nigel Noble.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vrtAAhZeVBc&t=354s>
Acesso em: 18 out 2016.
Através de depoimentos de jovens que deixaram a África do Sul, são narrados acontecimentos de uma escola de Soweto, e da repressão policial na escola, onde surgem questionamentos sobre os valores impostos e as lutas dos estudantes durante o período do apartheid.
Mostra como a polícia permanecia dentro das salas de aula.
O exílio
A partida obrigatória
por causa da cor da pele
em país de maioria negra
fato desumanizante
da história.
A minoria racista
aparta os filhos
de sua terra ancestral
como se nada valessem
como se fora um lixo
inutilizável
irreciclável.
Adágio
Inúmeros sul-africanos e sul-africanas deixaram o país, e de fora empreenderam a luta contra o apartheid.
Alegro
Amanda!
Amanda!
Amanda!
Johannesburgo, 19.10.2016 (quarta-feira)
1º Movimento
Andante
Fotografar e entrevistar Caroline Glauber.
Sonha em estar no mundo e não em um só país.
2º Movimento
Andante
Fotografar e entrevistar Jennifer Strong.
Filha de policial do período do apartheid.
O pai mudou de cidade e de emprego para não participar da repressão daquela época e os ensinou sobre o direito dos negros à liberdade.
Em sua lembrança, a tristeza das atrocidades do período de infância sob o apartheid, e seu desejo pela eleição de Mandela.
Neste momento, baseada nos sonhos dela e de Mandela, crê que está sendo construída uma nova divisão, que não foi para o que ele lutou.
“O ‘empoderamento dos negros’ tem beneficiado uma elite negra no poder. Existem muitos negros pobres nas ruas, e isto está muito triste.
Em termos globais, parece que vamos começar as atrocidades novamente.”
3º Movimento
Andante
Fotografar e entrevistar Jessie Brien.
Não há nada que conecta seus sonhos às suas memórias.
4º Movimento
Andante
Fotografar e entrevistar Geraldine M. C.
Nascida em Zibawe, onde todos eram respeitados, independentemente de cor.
Sua família aceitava e respeitava a todos.
Ao chegar aqui sentiu-se estranha com a situação sob o apartheid.
Para ela, o governo de agora não cumpre seus propósitos e existe muita corrupção.
Acredita que o ódio racial agora se encontra em outro nível.
Em seus sonhos, deseja que as pessoas respeitem umas às outras.
5º Movimento
Andante
Conhecer Sifiso Temba, outro assistente do projeto aqui na África do Sul.
Alegro
Fotógrafo, ele se coloca de pronto para seguirmos com o projeto.
6º Movimento
Andante
Funda.
Pauta: ‘Funda Community College’
Fundada em 1984, é uma das mais antigas instituições independentes de treinamento em artes visuais da África do Sul.
Estabelecida em resposta à falta de capacitação especializada para os negros, sob o regime do apartheid.
Funda continua servindo como um porto à juventude negra.
7º Movimento
Andante
‘Funda Community College’.
Alegro
Conversa com Charles Nksoi, diretor do departamento de belas artes da escola e com o artista-professor Tumelo Mokopakgosi.
Link n o youtube: <https://youtu.be/hLAsMCi0vlA>
Adágio
Uma das informações mais significativas que eles me passaram, é que a escola encontra-se há mais de nove anos com a energia elétrica cortada.
Informações sobre a Funda, através de matéria da jornalista Stefanie Jason, do Mail & Guardian, no dia 20 de março de 2015.
Disponível em: <https://mg.co.za/article/2015-03-19-funda-dark-days-for-iconic-soweto-art-school>
Acesso em: 19 mar 2017.
Energia e luz
(Dedicado aos que fazem a Funda)
A energia cortada
a luz acesa
brilho intenso
ação simplificada
nas questões imponderáveis.
Estar aqui
disponível
pronta
para coordenar os jovens
em busca de perspectivas.
Eles não batem à porta
pois ela está sempre aberta.
Entram
Entram
Entram…
O fogo ilumina.
Há um imensurável círculo
de compartilhamento
enquanto o resto do mundo
compete e se individualiza.
Espaço
Fazer o impossível
Fazer o inimaginável
Criar do desejo
Expor e se expor
cuidando por ideias e ideais
de um novo porvir.
Alegro
Conhecer a ‘Funda Community College’ significa sair daqui diferente, muito diferente.
Entrei com muitas perguntas sobre a escola, e saí com a certeza da essencialidade da resistência como metodologia de sobrevivência. De ser grande, imensuravelmente grande pelas ideias e ações.
Espaço
Amanda!
Amanda!
Amanda!
8º Movimento
Andante
O trabalho do artista-professor Tumelo Mokopakgosi.
Alegro
Tumelo, de poucas falas e olhar certeiro, nos recebe de braços abertos na ‘Funda Community College’ e nos apresenta seu incrível trabalho, realizado com luz solar e lupas.
Apresenta-nos sua obra, partindo da impressionante coleção de lupas que usa para desenhar-pintar, queimando o papel com a luz do sol.
Segundo ele, “trabalho melhor no inverno, quando não há muito calor e a luz do sol fica mais fácil de controlar através das lupas.”
Espaço
Aqui, é onde a luz elétrica não faz a menor falta!
Informações sobre Tumelo Mokopakgosi, disponíveis em:
<http://www.sowetanlive.co.za/entertainment/2012/03/30/creating-art-from-the-sun>
Acesso em: 20 out 2016.
Johannesburgo, 20.10.2016 (quinta-feira)
1º Movimento
Andante
Viagem de Johannesburgo a Pretória, com primeira parada na Embaixada do Brasil.
Alegro
Saímos às 08h30min.
Chegamos às 09h30min.
Na Embaixada do Brasil, deixamos três livros e três CDs, que foram doados, por mim e por outros artistas brasileiros, ao Centro Cultural Brasil-África do Sul.
2º Movimento
Andante
‘Church Square’.
Pauta: ‘Church Square’.
Localizada na área central de Pretória.
Nesta praça encontramos a primeira igreja da cidade, construída em 1855.
Uma das principais atrações da cidade, por seu significado político, pois durante o regime do apartheid, os negros não podiam transitar por esta praça.
Cercada de edifícios históricos, tais como: o Palácio da Justiça – onde Nelson Mandela e várias outras pessoas envolvidas nas lutas por democracia foram julgados e condenados pelo ’Rivonia Trial’ – o Teatro Capitol; o prédio do velho governo – anterior às eleições livres – o prédio do ‘Old Nederlandsche Bank’; o antigo prédio dos correios, entre outros.
No centro da praça há uma estátua de bronze do líder Africans, do século 19, Paul Kruger.
Disponível em: <http://www.gauteng.net/attractions/church_square/>
Acesso em: 19 mar 2017.
Pauta: ‘Rivonia Trial’
O ‘Julgamento de Rivonia’ começou em 26 de novembro de 1963, terminando somente em 11 de junho de 1964.
Os 16 acusados – lideranças do ‘ANC’, inclusive Nelson Mandela – foram acusados de 221 atos de sabotagem, com possível condenação a penas de morte.
Nesse período, levando em conta a reputação de Nelson Mandela, o ‘ANC’ usou o julgamento para conseguir mais apoio internacional.
Na conclusão do julgamento, Nelson Mandela, Walter Sisulu, Govan Mbeki, Raymond Mhlaba, Elias Motsoaledi, Ahmed Kathrada e Denis Goldberg foram considerados culpados e condenados à prisão perpétua na Ilha Robben.
Acusado e defensor, Nelson Mandela fala na abertura do julgamento:
‘Nelson Mandela – Full Speech At Start Rivonia Trial (20 April 1964)’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zl6a6s7MAw4>
Acesso em: 20 out 2016.
Texto do discurso, disponível em: <http://www.news24.com/NelsonMandela/Speeches/FULL-TEXT-Mandelas-Rivonia-Trial-Speech-20110124>
Acesso em: 19 mar 2017.
3º Movimento
Andante
Fotos com o Palácio da Justiça.
Alegro
Aqui, o simbolismo de minha foto – o assistente ao projeto – segura o estandarte.
Adágio
Pensei em fazer várias fotos do estandarte nesta praça, mas choveu muito. O gramado, além de molhado, tem algumas poças d’água e o vento forte ameaça derrubar o estandarte de cair na lama.
Alegro
Estudantes universitários, reunidos em uma parte da praça, cantam ‘canções de preparação para a guerra’ – canções zulus – viscerais e assustadoras.
A orientação do assistente é que sejamos rápidos e que saiamos da praça sem demora.
4º Movimento
Andante
O antigo parlamento.
Alegro
O prédio representa o governo do regime do apartheid.
5º Movimento
Andante
‘Freedom Park’
Alegro
A área onde está o parque tem várias porteiras, e cada vez que chegamos a uma delas temos que explicar, aos guardas, aonde vamos.
6º Movimento
Andante
Chegada ao ‘Freedom Park’.
Pauta: ‘Freedom Park’ e Museu.
O parque-museu localiza-se na comunidade de Salvokop, em Pretória.
Segundo informações do site, do Parque-Museu, o mesmo busca ser um ícone em humanidade e liberdade, prover um destino pioneiro em assuntos de herança, visando promover reconciliação e construção nacional no presente e na construção do futuro como nação unida, além de contribuir continental e mundialmente para a formação de melhor entendimento entre nações e povos.
Informações sobre o ‘Freedom Park‘ e Museu, disponíveis em:
<https://www.freedompark.co.za/>
Acesso em: 20 mar 2017.
Alegro
Depois de explicar que o assistente era assistente, e não simplesmente o motorista, entramos os dois para visitar o museu, iniciando nossa visita pelo ponto mais alto dele, onde encontramos a ‘Chama Eterna’.
7º Movimento
Andante
A ‘Chama Eterna’
Adágio
Supostamente, a preciosa chama da Liberdade estaria garantida eternamente…
Alegro
A área em obras nos favoreceu, pois tornou possível nos aproximarmos da chama.
Ficamos no local onde existe um espelho d’água, que separa as pessoas da chama.
Depois de obter permissão para estar ali, sob a promessa de não atrapalhar o trabalho, faço as fotos do estandarte com a chama.
Por conta do chão molhado e o excesso de vento no local, encosto o estandarte na parede lateral.
A chama eterna
do sangue dos mártires
que doaram a alma
à construção da Liberdade.
A chama eterna
da luta por Liberdade
essencial
intransferível
imortal.
8º Movimento
Andante
O museu.
Espaço
Na entrada do museu, a frase “Um sonho não é um sonho até que seja compartilhado por toda a comunidade.”
Vários conceitos são apresentados nas exposições do mudeu.
Alegro
Transito dentro do museu captando informações e algumas imagens.
Conceito: Liberdade.
“Grau de independência legítimo que um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo, como ideal; conjunto de direitos reconhecidos ao indivíduo, isoladamente ou em grupo, em face da autoridade política e perante o Estado; poder que tem o cidadão de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei; condição daquele que não se acha submetido a qualquer força constrangedora física ou moral; condição daquele que não é cativo ou que não é propriedade de outrem; autonomia, independência, soberania; possibilidade que tem o indivíduo de exprimir-se de acordo com sua vontade, sua consciência, sua natureza; capacidade individual de optar com total autonomia, mas dentro dos condicionamentos naturais, por meio da qual o ser humano realiza a sua plena autodeterminação, organizando o mundo que o cerca e satisfazendo suas necessidades materiais.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 1552).
9º Movimento
Andante
Sobre a Liberdade, podemos ressaltar a declaração de Desmond Tutu sobre a colonização e a igreja católica.
Alegro
“Quando os missionários vieram para a África eles tinham a Bíblia, nós tínhamos a terra.
Eles disseram: ‘Vamos rezar’.
Nós fechamos nossos olhos.
Quando abrimos os olhos, nós tínhamos a Bíblia, eles tinham a terra.”
10º Movimento
Andante
Pretória e os jacarandás do Brasil.
Encontrei dificuldades na minha pesquisa sobre a procedência dos jacarandás de Pretória.
O que se sabe é que milhares de mudas levadas do Brasil no século XIX, durante a primavera sul-africana, colorem toda a cidade.
Alegro
Pretória tem hoje milhares de jacarandás antigos, mais ou menos antigos, e os recém-nascidos, que, neste tempo de primavera, estão totalmente floridos.
As flores no chão formam um tapete azul-arroxeado.
As pessoas caminham sobre essa mancha azul de flores.
Faço fotos do estandarte com alguns jacarandás enormes, que entram para o projeto como testemunhas oculares da história de segregação racial da África do Sul que, por sua vez, se conecta com a história da escravidão no Brasil.
11º Movimento
Andante
Viagem de Pretória a Johannesburgo.
Saída: 16h10min.
Chegada: 17h45min.
Johannesburgo, 21.10.2016 (sexta-feira)
1º Movimento
Andante
De Johannesburgo a Soweto.
Alegro
Chegamos para a última parte do Projeto ‘Desejos Compatilhados’, na Escola Municipal Hector Peterson: fotografar os alunos de Soweto enviando as bolas para os alunos de Betim.
Adágio
O diretor escreve o nome da escola em cada uma das bolas que são assinadas por cada uma das crianças que as enviam para o Brasil.
Alegro
Esta etapa da conexão entre essas crianças me enche de alegria, pelas bolas em si, e por eu ter sido capaz de pensar e executar esse projeto.
O diretor da escola está muito gratificado e alegre.
Alegro
Os alunos fotografados anteriormente estavam todos na escola, exceto por um, que foi substituído.
Faço fotos com todos juntos, ‘enviando’ as bolas para os alunos da Escola Waldemar D’ Luz Gonçalves.
2º Movimento
Andante
Montagem de exposição.
Alegro
Juntamente com o diretor da escola, Mr. Bonongo, montamos um painel com as fotos da primeira fase do projeto.
Espaço
Em um processo simples e rápido, adequamos as fotos ao espaço disponível na biblioteca da escola.
Espero que todos os alunos desta escola e a comunidade possam ver a pequena mostra do projeto e que esses desejos compartilhados sirvam para cooperar com os desejos do Projeto ‘Senha Aberta’, e possibilitar melhores conexões entre os povos na luta por igualdade social.
Aqui, faço a opção de postar, também a foto da exposição do projeto na Escola Municipal Waldemar D’Luz Gonçalves, em Betim, Brasil.
3º Movimento
Andante
A voz das crianças.
Alegro
Aqui, apresento as gravações feitas com as crianças em Betim.
VIVA SOWETO!
UBUMTU SOWETO!
Aqui, apresento as gravações feitas com as crianças em Soweto.
VIVA BRASIL!
MUITO OBRIGADA!
3º Movimento
Andante
Muro próximo à Casa Museu Nelson Mandela.
Alegro
Neste muro, uma ‘prestação de contas’ do atual governo da África do Sul, com relação aos projetos de moradia…
Espaço
A utopia da casa própria como modelo de elevação do nível de popularidade dos governos, muito ‘comum’ em modelos populistas de governar.
Conceito: Populismo.
“Simpatia pelo povo; corrente estética e literária que busca assuntos e temas para suas obras junto ao povo mais simples, que ali é retratado com simpatia; prática política em que se arroga a defesa dos interesses das classes de menor poder econômico, a fim de conquistar a simpatia e a aprovação popular.”
(HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 2261).
Concretiza-se, em última instância, como uma troca, onde os governos ‘oferecem’, ‘dão’, algumas coisas solicitadas pelo povo, em troca de votos e apoio político.
Na maioria das vezes, o beneficiado maior é sempre a classe política, que alimenta a população com um rol de mentiras.
Adágio
Eu perguntaria: o peixe na mão ou a vara para pescar?
Adágio
Ao retornar de Soweto, observo tendas de circo, que aqui são usadas por pastores evangélicos, como espaço de igreja.
Considero a proliferação desses espaços como um problema. Em especial porque parte desses ‘templos’ dirigidos por pastores oriundos do Brasil, desvirtualizam a diversidade cultural-religiosa do continente africano.
4º Movimento
Andante
Compra de CDs.
Alegro
Compro alguns CDs de música sul-africana, com o objetivo de conhecer um pouco a cultura do país, através de suas canções.
5º Movimento
Andante
Reflexões sobre as ‘townships’.
Adágio
O que significa uma ‘township”?
Poderia significar, simplesmente, uma favela, como as conhecemos no Brasil.
Mas não é.
Geralmente as ‘townships’, ou mesmo os pequenos núcleos populacionais de uma mesma ‘township’ – situação marcante em Soweto – são localizadas longe, ou muito longe, do que se poderia considerar uma cidade.
O transporte da população negra, na maioria das vezes, é feito através de vans, o meio mais barato.
Os processos de segregação estão a olhos vistos, após mais de 26 anos da queda do regime do apartheid, pois a segregação econômica é bastante visível.
Não vem ao caso o que é melhor ou pior, se a considerada segregação racial – que também foi econômica, ou a segregação econômica – que também é racial.
A situação segregacionista está latente, tenha ela o nome que tiver!
O regime mudou ou simplesmente mudou de cara?
O fato de existirem alguns negros entre as pessoas mais ricas do país muda em que a real situação da maioria da população?
Em que momento essa maioria deixará de pedir, para começar a exigir?
Quando uma real escolha de atividade econômica, forma e local de moradia, educação e lazer de qualidade passarão a ser foco principal dessas populações marginalizadas?
Quando os filhos dos negros sul-africanos terão dinheiro suficiente para pagar as caras universidades do país?
Quando será o dia em que o povo realmente tomará seus destinos nas próprias mãos, à parte dos poderosos direitistas e reacionários do mundo?
Quando será dia feliz em que os governos governarão para a maioria da população, e em que essa população não precisará pedir nada, pois seus direitos e deveres estarão garantidos por sua organização geral na sociedade?
Quando será que os cidadãos e cidadãs do mundo não deverão nada aos governos e suas ‘pagas’ não serão revertidas em votos, como forma de ‘agradecimento’ por conquistas que serão processos de cidadania?
Haverá a possibilidade do exercício pleno da cidadania?
Artigo interessante sobre a segregação racial na África do Sul, vista sob o ângulo dos transportes coletivos, está disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2010-06-09/transporte-publico-em-joanesburgo-ainda-reflete-segregacao-racial>
Acesso em: 21 out 2016.
Johannesburgo, 22.10.2016 (sábado)
1º Movimento
Andante
Prisão Central de Pretória.
Adágio
Um dos lugares mais significativos da repressão neste país é a Prisão Central de Pretória, atualmente Centro Correcional ‘Kgosi Mampuru‘ – que não pude visitar – onde foram executados, por enforcamento, 3.500 prisioneiros, entre 1902 e 1989, sendo consideradas prisioneiras políticas 132 pessoas enforcadas neste presídio, entre 1960 e 1990.
Havia muitos outros esperando a execução, quando a lei foi mudada, em 1995.
Este é somente um dos ‘centros correcionais’ onde prisioneiros eram enforcados.
Sobre este presídio:
‘Gallows Exhumation Project to bring closure to families of executed political prisoners’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fckFpTQytPM>
Acesso em: 21 out 2016.
‘Leihlo la Sechaba: Gallows Project’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eVmF9hLJZLY&t=72s>
Acesso em: 21 out 2016.
‘Remains of twelve PAC political prisoners exhumed’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6QOjaNB3OXg>
Acesso em: 18 fev 2017.
2º Movimento
Andante
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Nadine Gordimer.
Escritora e ativista política sul-africana, nascida em 1927, Nadine Gordimer recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, em 1991.
Seus livros – mais de 30 já publicados – contam histórias relacionadas à vida inserida no regime de segregação racial, e, depois da primeira eleição livre do país, relacionadas às contradições e dificuldades do novo regime.
Nadine faleceu em julho de 2014, em Johannesburgo.
Roda Viva – ‘Nadine Gordimer – 08/07/2007’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RhFlOkQcO4A&t=13s>
Acesso em: 21 out 2016.
‘In conversation – Nadine Gordimer’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UYIUu9RYQLA>
Acesso em: 18 fev 2017.
Matéria sobre Nadine Gordimer (com lista de alguns livros em português), disponível em: <http://www.uai.com.br/app/noticia/e-mais/2014/07/15/noticia-e-mais,157269/escritora-sul-africana-nadine-gordimer-deixa-legado-de-Liberdade-em-su.shtml>
Acesso em: 18 fev 2017.
Johannesburgo, 23.10.2016 (domingo)
1º Movimento
Andante
Trabalho de Tsepo Gumbi:
(Todos os direitos reservados. Fotografia publicada com autorização do autor).
Chego à obra artística de Tsepo Gumbi através de minhas pesquisas sobre o Massacre de Sharpeville.
Nascido em Sharpeville, ele revê suas origens buscando a atualidade que vai além da história oficial na qual se destaca o massacre.
Realiza o projeto ‘Re-imaginando Sharpeville’, como uma investigação visual da cidade.
Ele “examina a township com uma vibrante e fresca criatividade, sem perder a integridade de seu significado histórico.”
Documenta a vida comum, com observações carregadas de suas memórias de infância, e abandona os lugares históricos, indo em direção à vida e às pessoas comuns.
Este projeto pode ser parcialmente visto em: <https://www.lensculture.com/projects/289900-re-imagining-sharpeville>
Acesso em: 05 out 2016.
Sites onde encontramos seus trabalhos: <https://www.youtube.com/watch?v=ZXH_U9-la1g>
Acesso em: 23 out 2016.
E, também: <http://potd.pdnonline.com/2015/09/33677/#gallery-5>
Acesso em: 23 out 2016.
‘Re-Imagining Sharpeville’.
‘Re-Imagining Sharpeville: an interview with Tsepo Gumbi. Disponível em: <http://www.gupmagazine.com/articles/re-imagining-sharpeville-an-interview-with-tsepo-gumbi>
Acesso em: 23 out 2016.
2º Movimento
Andante
O ‘Bisho Massacre’
Adágio
Nas lutas antiapartheid, inúmeras manifestações foram essenciais.
Impossibilitada de, no âmbito deste projeto, falar sobre todos esses eventos, hoje resolvo falar sobre o Massacre de Bisho.
“O massacre aconteceu em 7 de setembro de 1992, em Bisho, então capital do Ciskei (área independente), em meio a negociações tensas entre o ‘African National Congress’ (ANC) e o governo sul-africano, representado pelo Presidente FW de Klerk.
[…]
Mediante discordâncias com o governo, o ‘ANC’ organizou uma passeata em protesto, ‘liderada por altos representantes do ‘ANC’, tais como, Chris Hani, Cyril Ramaphosa, Steve Tshwete and Ronnie Kassrils.
Um grupo de 80.000 pessoas se concentraram exigindo o fim da dominação militar e solicitando a volta da Bisho como parte da África do Sul.
Quando tentaram cruzar a força de defesa os soldados Gqozo’s foram instruídos a abrir fogo, […] resultando na morte de 28 participantes da marcha e 01 soldado.
Mais de 200 ativistas ficaram feridos.
Os mortos foram enterrados em 18 de setembro, em um enterro coletivo.
O Massacre de Bisho resultou em uma nova fase de negociações entre o presidente FW de Klerk e o presidente do ‘ANC’, Nelson Mandela.
Em 1997 um memorial foi erigido em homenagem aos mortos nesse massacre.”
Resumo de texto disponível em: <http://www.sahistory.org.za/article/bisho-massacre-1992>
Acesso em: 23 out 2016.
Sobre o massacre:
Informações disponíveis em: <https://www.youtube.com/watch?v=pwYwv9S7P-Q>
Acesso em: 23 out 2016.
‘Survivor from Bisho taking about His personal experience’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RdX5_78fCZg>
Acesso em: 25 jan 2017.
Música ‘Odwa and Songs presents Bisho Massacre the song as written by Luckeez Mfowethu’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PC2Byqsfij0>
Acesso em: 25 jan 2017.
Segundo Desmond Tutu, “A África do Sul pagou um preço alto por sua Liberdade, e o massacre de Bisho quase pôs fim ao sonho de uma nova África do Sul.”
Bisho fez parte do que ficou conhecido como ‘Bantustans’.
Conceito: Campos de reassentamento.
Áreas para onde foram removidos os negros.
A exclusão dessas áreas do país, tornando-as independentes, fazia parte do plano de exclusão dos negros, da África do Sul, de seu próprio país.
Atuavam como ‘homelands’, levando os negros a necessitarem de permissão jurídica para entrar no país, como se fossem estrangeiros.
Sobre o massacre de Bisho, Nelson Mandela afirmou: “Cada uma das pessoas que perderam suas vidas em Bisho, ontem, 7 de setembro, era um ser humano único. Era filha ou filho de uma mãe, de um pai, ou a mãe de alguma criança; uma pessoa ligada a um lar, a uma comunidade de parentes e amigos que amou, compartilhou e lhe acalentou por muitos anos, na esperança de um futuro contínuo e compartilhado.”
Sobre ‘Bantustans’:
‘Bantustan’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=g_rXK3_MhZQ>
Acesso em: 26 jan 2017.
‘Desmond Tutu / Forced relocations / “dumping grounds” / the Bantustan strategy’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hinaYZtjtQg>
Acesso em: 26 jan 2017.
3º Movimento
Andante
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Steve Biko.
AQUI DEVEIRA ESTAR UMA FOTO DE BIKO.
“Stephen (Steve) Bantu Biko foi o mais proeminente líder do movimento de consciência negra, que juntamente com outros, guiou o movimento dos estudantes descontentes para uma força política sem precedentes, na África do Sul. […]
Nascido em Tylden na Província Oriental (agora Eastern Cape), em 18 de dezembro de 1946. […]
Sua família mudou-se em 1948, para a ‘township’ Ginsberg, uma área designada para os negros.
[…]
Steve teve sua iniciação tradicional ‘Xhosa’, em dezembro de 1964.
Em 1966, foi admitido na ‘Durban Medical School’, na ‘University of Natal’, hoje conhecida como ‘University of KwaZulu-Natal – UKZN’.
Nessa época, Biko inicia sua participação efetiva na política estudantil.
[…]
Steve cultivava amizade com líderes estudantis brancos.”
Participou de inúmeros reuniões e congressos estudantis.
Por causa de seu envolvimento político, ele não consegue terminar o curso de medicina.
Foi banido da universidade em 1972, desistindo de ser médico.
Em 1973, inicia seus estudos de Direito e Ciência Política, na ‘Unisa’ – Universidade de ensino a longa distância.
“Em março de 1973, Biko é banido pelo Estado, e confinado no distrito de ‘King William’s Town’.”
Entre inúmeros outros projetos sociais, “Steve criou o ‘Ginsberg Educational Fund’, que fornecia bolsas de estudos para estudantes, dos quais muitos deles iriam para ‘Fort Hare University’. […] Ajudou a reativar creches para crianças de mães trabalhadoras.
Participou e representou a luta contra o apartheid.
Cooperou, também, com a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), durante os movimentos de libertação das colônias portuguesas no continente africano.
Com a Revolução dos Cravos, em Portugal, as colônias conquistaram sua liberdade política.
[…]
Em 27 de agosto de 1976, no auge do levante de Soweto, Steve foi preso e mantido em solitária por 101 dias.
Envolveu-se profundamente em atividades comunitárias formais e informais, ajudando de todas as maneiras a quem ele podia ajudar.
Steve Biko colaborou para amenizar as divergências entre as diversas facções das lutas libertárias de seu país.
Steve foi ‘despojado’ e ‘amarrado’ durante 20 dias antes de ser transferido para o ‘Sanlam Building’ em Port Elizabeth, base da Polícia de Segurança.
Exigiram que ele ficasse de pé, mas ele, desafiando, sentou-se, e quando foi espancado ele revidou.
Steve foi severamente espancado, e na noite de 07 de setembro, ele sofreu uma hemorragia cerebral.
Apesar de seus ferimentos a polícia o manteve nu, algemado a uma grade.
[…]
Depois de vários abusos cometidos pela polícia, Biko foi transferido, despido, dentro de uma van, para Pretória, a 700km de distância.
Sozinho e nu na cela, Steve morreu na noite de 12 de setembro de 1977.”
“Na quarta-feira, 14 de setembro, no ‘Rand Daily Mail‘, um repórter leu: Mr. Steve Biko, o líder de 30 anos, muito citado como fundador do movimento de consciência negra, na África do Sul, morreu sob detenção, segunda (dia 12).
Mr. Biko, presidente honorário da ‘Black People’s Convention’ e pai de duas crianças pequenas, é a vigésima pessoa a morrer sob custódia da Polícia de Segurança, em 18 meses.
O governo alegou que sua morte foi fruto de uma greve de fome de longa duração.
Cerca de 20.000 pessoas compareceram ao seu funeral.
O funeral durou cerca de seis horas e foi repleto de denúncias antiapartheid.”
Baseado e resumido de texto disponível em: <http://www.sahistory.org.za/people/stephen-bantu-biko>
Acesso em: 23 out 2016.
‘Steve Biko speaks on The Black Consciousness Movement’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AQR5-WjECGg&t=82s>
Acesso em: 23 out 2016.
Audiolivro ‘Steve Biko: I Write what I Like’
Parte 1
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bukvj3y1rGc&t=339s>
Parte 2
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NJpvn9MxjlI&t=67s>
Parte 3
‘African Cultural concepts’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nlzXnpyofiY>
Acesso em: 26 jan 2017.
Peter Gabriel interpreta sua canção ‘Biko’,
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=luVpsM3YAgw>
Acesso em: 23 out 2016.
‘Moses Molelekwa – Biko’s Dream‘
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zD2AAtXpYXw>
‘The Return of Steve Biko (Documentary by Jeff Ogola)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eX_iKkOy134>
Acesso em: 26 jan 2017.
‘Quilapayún – Free Nelson Mandela’
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=revJk3SBCi8>
Acesso em: 20 fev 2017.
4º Movimento
Andante
Fundação Steve Biko
Pauta: Fundação Steve Biko.
Organização para desenvolvimento comunitário, inspirada no legado de Steve Biko. Busca suprir sua falta.
Trabalha as relações entre identidade, cidadania e ação social.
Site da Fundação Steve Biko: <http://www.sbf.org.za/home/>
Acesso em: 20 jan 2017.
A fundação (Steve Biko Memorial) organiza conferências para discutir assuntos referentes à história da África do Sul.
Estão disponíveis várias conferências (longas), realizadas pela ‘Steve Biko Foundation’.
Aqui, disponibilizo o endereço eletrônico de uma:
No link: “Palestra de Mr. Hugh Masekela, em 23 de outubro de 2014, no ‘Hong Kong Theatre, Clement House’ na ‘London School of Economics’.
(Sobre arte e ativismo).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XKlC9ZyPMMU>
Acesso em: 20 jan 2017.
6º Movimento
Andante
Repensando minha experiência da Ilha Robben.
Alegro
À Robben Island
(Inspirada na tentativa de ser cobrada ‘uma fortuna’ para fotografar no Museu da ilha e na cela onde Mandela esteve preso).
Ilha bela
ilha-porto.
Ilha bela
ilha-jaula.
Ilha bela
ilha-refúgio.
Ilha bela
ilha-cofre.
Guardou liberdades
guardou lutas.
Agora guarda
dinheiros.
Espaço
A palavra certa
da sociedade
não se escreve.
A palavra certa
da igualdade
não se escreve.
A palavra certa
da amizade
não se escreve.
A palavra certa
da Liberdade
não se escreve.
Porque
Não são palavras
São ações, práticas.
Adágio
O poder econômico
crava sua espada
no peito dos homens
e das mulheres
que andam
andam
e
andam
a esmo
sem ter aonde ir.
Alegro
As crianças de Soweto
negras-pretas
de sorrisos e olhos límpidos
puros
como mais pura não pode ser a água da chuva que cai.
Alegro
Para Mandela
Animais enjaulados
quando pensam
estudam o inimigo
conquistam a liberdade
e o mundo.
A tantos e tantos de nós
Animais soltos
se não pensam
vivem no nada
sem Liberdade
e sem o mundo.
Adágio
Que distância existe entre um sorriso e a realidade?
Que distância existe entre o desejo e a ação?
O poder econômico faz um barulho infernal, que não me deixa dormir!
Por que pensar em um mundo diferente?
Porque este tá uma bosta!
Por que me inspirar nas vidas de algumas pessoas?
Porque essas pessoas nos inspiram.
Alegro
Johannesburgo, 24.10.2016 (segunda-feira)
1º Movimento
Andante
A cela número 466.
Alegro
A cela número 466, onde Nelson Mandela esteve preso na Ilha Robben, atualmente é visitada por milhares de pessoas que buscam por sua história.
5-NUMERO DA CELA DE MANDELA
O 466º prisioneiro da Ilha Robben
nunca esteve preso.
Porque somente se está preso quando não se está construindo a Liberdade!
2º Movimento
Andante
O trabalho de alguns artistas sul-africanos.
Alegro
Conhecer um pouco a arte contemporânea sul-africana, como parte de minha imersão nas questões políticas do período do apartheid.
Estudos baseados nos trabalhos, disponíveis em:
‘20 Years of Democracy through the Lens of South African Art’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6K1FodyN4m8&t=79s>
Acesso em: 24 out 2016.
Aqui, faço a opção de publicar alguns links que levam aos trabalhos desses artistas.
Gordon Froud
‘Gordon Froud’
Disponível em:
<http://www.art.co.za/gordonfroud/>
Acesso em: 24 out 2016.
‘Gordon Froud (with help from UJ students) – extended cut’ – (Sobre preconceito).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oGinhjQuKzw>
Acesso em: 27 jan 2017.
Farieda Nazier
Seu site está disponível em: <http://fariedanazier.wixsite.com/fariedanazier>
Acesso em: 27 jan 2017.
‘Apartheid Museum – Womans Day – Farieda Nazier – 9th August 2016’
(Sobre a situação das mulheres nas universidades sul-africanas).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4vtUHcxJ4Yo>
Acesso em: 24 out 2016.
Avitha Sooful
Informações disponíveis em: <http://www.artlink.co.za/news_article.htm?contentID=34781>
Acesso em: 27 jan 2017.
Oupa V. Mokwena
Links não encontrados.
Alegro
Outro grande artista:
William Kentridge
Disponível em: <https://www.artsy.net/artist/william-kentridge>
Acesso em: 27 jan 2017.
‘Artist William Kentridge puts South African politics in spotlight’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iYHAjU_2ths>
Acesso em: 25 out 2016.
‘Felix in exile’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=k5w_CkyPapY&t=292s>
Acesso em: 25 out 2016.
E, imperdível:
‘William Kentridge: Peripheral Thinking’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=79FuROwzRvs&t=32s>
Acesso em: 18 fev 2017.
Johannesburgo, 25.10.2016 (terça-feira)
1º Movimento
Andante
Fotografar a Sra. Nomusa Khumalo.
Alegro
Ela me recebe em sua casa e me faz sentir em minha própria casa.
Espaço
A entrevista, em Zulu, é traduzida por sua filha, Angel Khumalo.
Em sua memória, toda a sua família.
Ela, que nunca teve oportunidade de estudar, espera viver mais tempo (outros 63 anos), para que possa prover sua família.
2º Movimento
Andante
Relação arte e política na África do Sul.
Espaço
A relação da arte com a política é sempre um aspecto complexo.
Em casos de ditaduras, são tolhidos os direitos à Liberdade de pensamento e de criação, indispensáveis aos artistas.
O papel do artista, como agente político, pode ser analisado de maneiras opostas.
Pode-se considerar o artista como ‘um ser superior’, ou ‘privilegiado’, quando ele teria, por essa posição, maior ‘obrigação’ de cuidar das questões políticas sofisticadas, mais do que o ‘resto da população’, com menos condição de entender os subterfúgios das mesmas.
Neste caso, sua arte seria atrelada ao sistema de lutas políticas e, quem sabe, sua liberdade de criação também seria tolhida.
Creio que, por ser capaz de vislumbrar – imaginar criativamente – o derredor, o artista tem mais condição de perceber os rumos sócio-políticos da cultura em que está inserido, sendo capaz de ‘mostrar’ assuntos escondidos da maioria da população.
Uma opinião interessante sobre arte e política pode ser observada no que nos fala o poeta Dikobe Ben Martins, membro do ‘ANC’, e do Partido Comunista da África do Sul, em 1982, sobre a necessidade da arte para a libertação nacional (Documento entregue no Festival de Cultura e Resistência):
“Tanto quanto a política deve ensinar às pessoas os caminhos e lhes oferecer as formas de controlar suas próprias vidas, a arte deve ensinar ao povo, da forma mais vibrante e imaginativa possível, a controlar sua próprias experiências e observações, e como as ligar à luta por libertação e por uma sociedade justa, livre de raça, classes e exploração.”
Pauta: Ernest Cole.
Ernest Cole, fotógrafo sul-africano, nascido em 1940, usou seu trabalho para denunciar a segregação racial durante o apartheid.
Segundo Cole, “Trezentos anos de supremacia branca, na África do Sul, nos colocou em servidão, despiu-nos de nossa dignidade, roubou nossa autoestima e nos cercou de ódio.”
‘The story of Ernest Cole, a black photographer in South Africa during apartheid’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=921dfv24hbo>
Acesso em: 08 fev 2017.
‘Race, Representation, Repression and Resistance: Thinking Through Ernest Cole’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FXLT-2yoDFM>
Acesso em: 08 fev 2017.
(O vídeo começa com a apresentação dos membros da mesa. Aos 18 minutos, inicia-se a palestra).
Alegro
‘Three South African Artists, Three Aspects of South African Feminism’
(Discute arte, raça, gênero, política, através do trabalho de três mulheres artistas sul-africanas).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=k15nfNbQK_I>
Acesso em: 26 out 2016.
Links para trabalhos das artistas citadas na palestra:
Penny Siopis
Disponíveis em:
<https://www.youtube.com/watch?v=3n7BbEEBv-U
https://www.artsy.net/artist/penny-siopis>
Acesso em: 26 out 2016.
<http://www.artprintsa.com/penny-siopis.html>
Acesso em: 28 jan 2017.
Berni Searle
Disponíveis em: <http://art.daimler.com/en/artwork/snow-white-berni-searle-2001-2/>
Acesso em: 26 out 2016.
<https://www.youtube.com/watch?v=h9THMaLQjtk#t=6.337481>
Acesso em: 28 jan 2017.
Zanele Muholi
Disponíveis em: <https://www.artsy.net/artist/zanele-muholi>
Acesso em: 28 jan 2017.
<https://www.youtube.com/watch?v=9aiufq04dp0>
Acesso em: 28 jan 2017.
Adágio
As ambiguidades entre o final do regime do apartheid e a realidade vivenciada hoje nos levam a esclarecimentos sobre a impossibilidade de avanços nas políticas públicas e sociais, para uma real ‘raimbow nation’, dentro de uma política neoliberal.
Sobre a África do Sul hoje, um debate sobre racismo:
‘Big Debate on Racism’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jpLFdtSNwpU>
Acesso em: 12 fev 2017.
Matéria interessante sobre a situação político-partidária na atual África do Sul está disponível em: <http://www.rebelion.org/noticia.php?id=215774&titular=el-congreso-nacional-africano-se-desvanece->
Acesso em: 22 out 2016.
Algumas de minhas observações estéticas em celas do Constitution Hill:
Link no youtube: <https://youtu.be/8CpW0Izl28g>
Johannesburgo, 26.10.2016 (quarta-feira)
1º Movimento
Andante
Viagem de Johannesburgo a Maropeng, com o ‘meu’ taxista oficial, Mr. Williams.
2º Movimento
Andante
O berço da humanidade.
Adágio
Uma das características da burguesia, cristã, branca, que vem dominando o planeta por séculos, é mistificar as origens do ser humano.
Alegro
Descobertas de ossos do primeiro ser humano, encontrados até nossos dias, em Maropeng, na África do Sul, nos leva a, pelo menos, questionar as políticas de reconhecimento de nossas origens, levando-nos ao continente africano como a Terra Mãe de nossa ‘humanidade’.
Pauta: ‘Berço da Humanidade’.
Em Maropeng, a 55.5km de Johannesburgo, encontramos o ‘Berço da Humanidade’.
O nome, em língua ‘Setswana’ (um dos 11 idiomas oficiais da África do Sul), significa ‘retorno ao lugar de origem’.
No sítio arqueológico chegamos ao ‘Maropeng Visitor Center’, onde encontramos o museu que nos leva desde o tempo do início do universo, algo em torno de 14 bilhões de anos, até o presente, passando pelas informações sobre os fósseis dos primeiros seres humanos já encontrados.
O Centro ocupa uma área de 47.000 hectares de terra, reconhecida como Patrimônio da Humanidade, desde 1999.
Informações disponíveis em: <http://www.southafrica.net/za/en/articles/entry/article-maropeng-visitor-centre-cradle-of-humankind-gauteng>
Acesso em: 26 out 2016.
Site oficial de Maropeng: <http://www.maropeng.co.za/content/page/about>
Acesso em: 26 out 2016.
Espaço
Aqui imagino, com toda a força da alma, o dia em que o continente africano será respeitado e reconhecido como nossa origem.
Aqui imagino como foram organizadas as primeiras sociedades, as primeiras relações políticas e de poder, em nossa ‘humanidade’.
Alegro
Mrs. Ples
Informações sobre Mrs. Ples, nome dado à primeira mulher, o primeiro ser humano – cujos ossos foram encontrados em Maropeng.
Disponível em: <http://www.southafrica.net/za/en/articles/entry/article-southafrica.net-mrs-ples>
Acesso em: 25 out 2016.
Alegro
Fantástica a experiência do museu, da caverna e de toda a paisagem do ‘Berço da Humanidade.’
Johannesburgo, 27.10.2016 (terça-feira)
1º Movimento
Andante
Fotografar o estandarte no ‘Assemblage’.
Alegro
Interagir com esse espaço é um momento sublime dentro deste projeto.
O ‘Assemblage’ me recebeu para esta residência artística, apesar de não terem um espaço de moradia, e, por todo o tempo, cooperou com minha estada aqui na África do Sul.
Neste espaço, respiro arte, cooperação, companheirismo, criatividade, produção artística!
2º Movimento
Andante
‘Market Photo Workshop’
Allegro
Pauta: ‘Market Photo Workshop’.
“O ‘Market Photo Workshop’ foi fundado em 1989, pelo fotógrafo, mundialmente renomado, David Goldblatt.
Ele imaginou o ambiente da escola como espaço para oferecer mais educação em ‘alfabetização’ visual e prática fotográfica para alunos desfavorecidos, durante o regime do apartheid.
O ‘Market Photo Workshop’ oferece cursos em fotografia […] e responde aos complexos backgrounds da educação, cultura e identidade inseridos em um entendimento contemporâneo da fotografia e das condições sociais da África do Sul.”
Site do ‘Market Photo Workshop’: <http://marketphotoworkshop.co.za/>
Acesso em: 27 out 2016.
3º Movimento
Andante
Entrevista com Khona Dlaminni, uma das pessoas que dirigem a escola, sobre o ‘Market Photo Workshop’.
Alegro
Em substituição às perguntas, eu entreguei guias da entrevista:
-Por favor, explique quem você é e como é o seu trabalho aqui no ‘Market Photo Workshop’.
-Por quem, quando e por que a escola foi fundada?
-Durante os últimos anos do regime do apartheid, o que a escola estava fazendo?
-Quem vinha para a escola nessa época?
-Se hoje é possível para jovens das classes mais pobres fazerem cursos de fotografia aqui?
-Durante minha estada na África do Sul, eu conheci vários fotógrafos negros que estudaram aqui, entre eles Masimba Sasa e Angel Khumalu. Fale sobre a porcentagem de negros que atendem a escola hoje.
-Por favor, fale sobre o que é mais importante para a escola hoje.
Alegro
Fantástico!
Link no youtube: <https://youtu.be/dtzsyFlMO6w>
Johannesburgo, 28.10.2016 (sexta-feira)
1º Movimento
Andante
Fotografar mulheres em Soweto.
Alegro
Fomos, eu, Angel Khumalo e sua mãe, Nomusa Khumalo, em busca de algumas mulheres em Soweto, indo, no meio do caminho, até a Sra. Winnie Ramosa.
Ao chegarmos à casa da Sra. Winnie, descobrimos que ela não está na faixa etária do projeto, mas ela faz questão de conversar comigo e que eu grave seu depoimento.
“Eu não via a diferença naquele tempo, pois eu era muito pequena para saber o que acontecia em meu país. Somente quando eu já estava maior. Agora eu sei o que foi o apartheid.
Agora, quando abro meus olhos, e meus ouvidos eu posso ver.
Desde 1994 os diferentes povos estão juntos.
Agora nós, os negros, podemos ir a todos os lugares, mas há muita corrupção. Podemos ir para a escola, temos hospitais.
Mas muitas coisas precisam de melhorar, como os empregos, o emprego ser a prioridade, as escolas precisam melhorar.
Existem muitas coisas em nosso país que precisam mudar.”
2º Movimento
Andante
Fotografar a Sra Thembisile Mbambo.
Ela fala em Zulu, traduzida para o inglês, por sua sobrinha, Angel Khumalo.
Em suas memórias, o filho que ela criou para estudar, por ela ela não ter tido oportunidade de ir para a escola.
Porém, seu filho teve um filho aos 20 anos e não pode continuar indo para a escola, e foi assassinado pela namorada, quebrando todas as suas esperanças.
Divorciada, motorista de ambulância, aposentada, hoje vive bem.
Com relação ao apartheid, ela não lembra muito. porque era muito jovem, apesar de naquela época, não poder ir para a escola.
3º Movimento
Andante
O processo criativo de Mrs. Ples. Em vídeo:
Link no youtube: <https://youtu.be/ZpQmgR5ASNE>
Em texto:
O processo criativo de Mrs. Ples. Em texto:
Cansada de andar sozinha nas planícies sul africanas, Mrs. Ples olhou ao seu redor e observou a terra, molhada, moldável.
Pegou um monte do barro e se copiou, todinha, como ela mesma se via nos espelhos d’água dos tempos de chuva.
Fez suas saliências na parte superior, seu buraco profundo da parte inferior, e com a ponta do dedo indicador, marcou o centro do abdomem com uma rodinha, que não sabia, ainda, para o que serviria.
Observou, cuidadosamente, tão perfeita cópia de sí mesma. Porém, isso não lhe bastou, pois aprendera, desde sempre, a ser criatura criadora perante as peripécias necessárias para se manter viva nessas longitudes repletas de serem famintos, que disputavam com ela, além dela própria, toda a comida existente.
Olhou… e olhou aquela figura que acabara de moldar.
Achou-a bonita, como bonitas eram as noites enluaradas, os dias, as plantas…
Mas, por desejar algo diferente para lhe acompanhar, logo logo entrou em conflito com aquele ser tão igual.
Voltou a trabalhar na parte de cima, retirou as elevações, deixando somente pequenos bicos.
Olhou a parte de baixo, e colocando adereços, completou o buraco profundo com uma enorme saliência, que, esta, lhe cabia perfeitamente em sua própria entranha.
Algo estava faltando.
Pegou um graveto fino e construiu o canal de saída das águas que vinham de dentro para fora do corpo.
Alí, botou a sua boca, e soprou.
E soprou.
E soprou.
Soprou até o último possível sopro de seu peito.
Exausta, deitou-se ao seu lado.
E dormiu.
E dormiu.
Sonhou que um raio de sol batera bem no meio dos olhos de sua cria.
E ela viu, em sonho, pela primeira vez, a profunda belezura de seus olhos enormes.
Acordou, olhou-a ao seu lado, virou-a para sí, e disse:
‘Olha!‘.
E ele olhou.
E olhou.
E olhou a resplandescência de toda a paisagem.
Percebendo os detalhes ela falou:
‘Observa!’
E ele observou-a nos olhos.
Ela ouvindo o canto dos pássaros, virou-se para ele, dizendo:
‘Fala!’
E ele gaguejou suas primeiras palavras.
Mas ele continuava parado, imóvel.
E ela disse:
‘Anda!’
Então…
Indo em sua direção, ele deu os primeiros passos, e experimentando os braços, arrodeou-os em seu pescoço, dando-lhe um forte abraço.
Ela chamava-o de ‘Sol’.
Ele a chamava de ‘Lua’.
Desde então, exercitaram plenamente o companheirismo.
Deram nomes às coisas, dormiram juntos, fizeram filhos, e os distribuíram pelos quatro cantos do mundo, pois estavam sempre caminhando, numa errância perfeita para as necessidades da concepção.
Para cada criança que tiveram acenderam uma fogueira, bateram tambores e nomearam uma estrela, dando o mesmo nome à recém-nascida.
Juntos, contaram aos filhos as histórias do que já sabiam.
Povoaram o mundo.
Foram tantos amores, tantos lugares, sois, luas, rios e outras águas…
Um dia, depois de ter perdido para o tempo sua obra prima, ela voltou ao seu canto de origem.
Cansada de caminhar e de espalhar descendentes por tantas décadas, Mrs. Ples deitou e dormiu.
E dormiu.
E dormiu.
Milhares de anos depois, em Maropeng, cientistas encontraram seus ossos.
Hoje eu revelo sua história.
Johannesburgo, 29.10.2016 (sábado)
1º Movimento
Andante
Alguns e algumas sul-africanos e sul-africanas relevantes, no âmbito da Quarta Afinação do Projeto Senha Aberta: Albert Luthuli
Albert Luthuli (1909-1967).
“Primeiro negro a receber o Prêmio Nobel da Paz, Albert John Luthuli Mvumbi, defensor da não-violência e forte opositor do Apartheid.
Lutou incansavelmente por uma África do Sul que pertencesse a todos os que nela viviam, negros ou brancos. Presidiu o Congresso Nacional Africano e, em conjunto com o Congresso Indiano da África do Sul, retomou, nos anos 1950, a luta de não violência iniciada por Ghandi. […]
Liderou milhares de pessoas nos boicotes aos ônibus onde a distinção racial era vigente, quendo os negros não adquiriam certos produtos agrícolas e desobedeciam as leis racistas.
Como a maioria que lutava pela igualdade entre os homens, Luthuli foi preso e processado.
Em 1959, proibiram-no de participar de manifestações populares o que o obrigou a se exilar de sua terra natal durante 5 anos.
Morreu atropelado por um trem em 1967.”
Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/?page_id=12284>
Acesso em: 22 fev 2017.
‘Albert Luthuli Nobel Peace Prize Archive Footage’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=B0DaKxwJioQ>
Acesso em: 29 out 2016.
‘Chief Albert Luthuli is a political heritage that SA cannot afford to misplace’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Wl0ePPY244k>
Acesso em: 29 out 2016.
Johannesburgo, 31.10.2016 (segunda-feira)
1º Movimento
Andante
Viagem de Johannesburgo a São Paulo, pela South African Airways.
Voo AS 222.
Saída: 11h15min.
Chegada: 17h00min.
2º Movimento
Andante
Viagem de São Paulo a Belo Horizonte, pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras.
Voo: AD 2418.
Saída: 21h20min.
Chegada a Belo Horizonte: 23h35min.
3º Movimento
Andante
Chegada à minha casa.
Algumas músicas das lutas políticas na África do Sul:
Myriam Makeba – We got to make it’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=c1emTjr3_ko>
Acesso em: 19 ago 2016.
‘Hugh Masekela – Coal Train Live’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AgYhTTZXP4g>
Acesso em: 27 jan 2017.
‘Hugh Masekela – Mandela (Bring Him Back Home)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XKCk8o5xzaM>
Acesso em: 27 jan 2017.
‘Miriam Makeba with Hugh Masekela- South Africa freedom song’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oJiqvPMQXAc>
Acesso em: 27 jan 2017.
‘Great Legend Nelson Mandela’
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=uKM9qOjp_wQ&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=36>
Acesso em: 23 out 2016.
‘The people want Mandela –– by S.A.M.A – official music video’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bw2EVeXGYkM&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=37>
Acesso em: 23 out 2016.
‘The Rainbow Song – A celebration of Nelson Mandela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vvsxXE5Gv4I&index=38&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 19 fev 2017.
‘Chomee – Nelson Mandela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MQTGV01tnY0&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=39>
Acesso em: 19 fev 2017.
‘Vusi Mahlasela – Red Song (Acoustic)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qGzjS01sPTo>
‘The Voice’ – Vusi Mahlasela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PEAGPRVHCeE&t=1154s>
‘Mandela (Free Nelson Mandela) Song by Audrey Motaung’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VeQah4b-T2E>
Acesso em: 13 fev 2017.
‘Ladysmith Black Mambazo – Homeless Live’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JFQ1TSzdpRA>
Acesso em: 10 ago 2016.
6-FREE NELSON MANDELA
‘Amy Winehouse ‘Free Nelson Mandela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=N2MlFoGRvQw>
Acesso: 10 ago 2016.
‘Ladysmith Black Mambazo – Long Walk to Freedom Music Video’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bq_zSSOCEZA>
Acesso: 10 ago 2016.
‘Nelson Mandela Song Iqalapha by Nomfusi & The Lucky Charms’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ooHsKZJqpT0>
Acesso em: 13 fev 2017.
‘46664 thats my number’
Disponível em: <https:o prisioneir/www.youtube.com/watch?v=qG6R9X0QT6Q>
Acesso em: 13 fev 2017.
‘Simple Minds – Mandela Day (Lyrics)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=J1SWKumsKNo>
Acesso em: 13 fev 2017.
‘Brenda Fassie – Black President (Aye Nelson Mandela)’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UHoYxGsRq7c>
Acesso em: 18 ago 2016.
‘Brenda Fassie – Good Black Woman’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BAtciil6Cpc>
Acesso em: 18 ago 2016.
Tym (Thank you Madiba) – by ITB
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3ChAfHROz_8&index=34&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 20 fev 2017.
‘Nelson Mandela Tribute Song by Siva Pillay’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-vvM9wquCwQ&index=35&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 20 fev 2017.
‘Nelson Mandela-A Tribute to Freedom’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dfmHfvh7Tyg&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP&index=26>
Acesso em: 20 fev 2017.
‘Sipho Mabuse plays ‘Shikisa’ at Mandela Day
2009 from Radio City Music Hall’
Disponível em: <>
Acesso em: 20 fev 2017.
‘Father of our Nation – Part 1’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aMMwMrCgju0&index=10&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 20 fev 2017.
‘Allou April – Madiba’s Jive’
Disponível em: <https://www.youtbe.com/watch?v=UX6DT0_toMI&index=22&list=PLGMtdwaTyj1OsuZ3ZXH9Ah3w8T00GbzVP>
Acesso em: 20 fev 2017.
‘Illapu – Mande Mandela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NXih6KB7Ft0>
Acesso em:20 fev 2017.
Outros links para a música seminal da quarta afinação deste projeto:
‘N’Kosi Sikeleli’ (Miriam Makeba, Ladysmith Black Mambazo, Paul Simon)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MFW7845XO3g>
‘N’Kosi Sikelel’iAfrika’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PKQ5zF6WA9o>
‘N’Kosi Sikelel’iAfrika’ – Soweto Gospel Choir
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tTtINHRja4k>
‘N’Kosi Sikelel’iAfrika’ – Perpetuum Jazzile (Live, 2010)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PLjL4hI3NdM>
‘N’Kosi Sikelel’iAfrika’ – Athlone School for the Blind kids’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GM6xvDNLZyU>
‘N’Kosi Sikelel’iAfrika’ – by Bloemfontein Children Choir
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XTtoEdBCelc>
‘N’Kosi Sikelel’iAfrika’ – Cantare Children’s Choir
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wMqcKF_WHbw>
‘N’Kosi Sikelel’iAfrika’ – Por crianças
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=U2voJ5L1-r4>
Acesso em: 13 set 2016.
Alguns livros, entrevistas relacionadas a livros e artigos recomendados:
Nelson Mandela: ‘Long Walk To Freedom {Audio book }’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6S-OFEvRZFc&t=60s>
Acesso em: 10 ago 2016.
‘Memoirs of a Born Free: Reflections on the Rainbow Nation’
Autora: Malaika Wa Azania.
Entrevista, ‘Born Free? An Interview with Writer, Malaika Wa Azania’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fb6keuHrQfo&t=143s>
Acesso em: 18 fev 2017.
Sobre Sophiatown e a remoção da população negra:
<http://www.sahistory.org.za/topic/destruction-sophiatown>
Acesso em: 15 dez 2016.
‘Space, Time, Solitude: The Liberating Contradictions of Ruth First’s 117 Days’
Disponível em: <https://www.questia.com/library/journal/1P3-2848446071/space-time-solitude-the-liberating-contradictions>
Acesso em: 10 set 2017.
Outros links:
Notícia do falecimento de Nelson Mandela e sua terra natal.
‘Qunu mourns Madiba in the traditional way’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dsCCZeHgaLw>
Acesso em: 13 ago 2016.
‘Stevie Wonder Talks Climate Change & Why He Dedicated His Oscar to Nelson Mandela’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KWNtwUvkuak>
Acesso em: 19 fev 2017.
Centro de Memória Nelson Mandela
Disponível em: <https://www.google.com/culturalinstitute/about/nelson/>
Acesso em: 20 jan 2017.
Nelson Mandela Museum
(Qunu e Mthatha)
Disponível em: <www.nelsonmandelamuseum.org.za>
Acesso em: 20 jan 2017.
Nelson Mandela Capture Site 9 (Howick)
Disponível em: <www.thecapturesite.co.za>
Acesso em: 20 jan 2017.
Institute for Healing of memories
<http://www.healing-memories.org/contact?chronoform=contact&event=submit>
Acesso em: 20 jan 2017.
‘22 monuments for 22 years of freedom’
Disponível em:
Acesso em: 02 fev 2017.
‘Remember Sobukwe! – South Africa’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kyWM_TSLxyc&t=231s>
Acesso em: 21 fev 2017.
‘Mapa das Artes – África do Sul’
Disponível em: <http://artmap.co.za/675/twilsharp+studios/>
Acesso em: 10 mai 2016.
Revista de fotografia e poesia – ‘Incwald’.
Disponível em: <https://incwadi.wordpress.com/>
Acesso em: 14 out 2013.
Uma profunda jornada política. ‘Minnette Vári’s ‘Of Darkness and of Light’
Disponível em: <http://artthrob.co.za/2016/02/16/a-deeply-personal-and-political-journey-minnette-varis-of-darkness-and-of-light/>
Acesso em: 22 ago 2016.
Entrevista com John Peffer, autor do livro ‘Art and the End of apartheid’ (University of Minnesota Press, 2009)
Disponível em: http://africasacountry.com/2011/03/post-apartheid-art/>
Acesso em: 22 ago 2016.
‘The Art Scene in South Africa Since 1948’
Disponível em: <http://novaonline.nvcc.edu/eli/evans/his135/events/southafricanart/art.html>
Acesso em: 22 ago 2016.
Palestras da Fundação Steve BiKo. Discutem temas relacionados com o legado de Biko:
‘Ben Okri speaking at UCT’ (2012)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uhre8OP7Rkw>
Acesso em: 22 out 2016.
Steve Biko Annual memorial lecture 2014 (15th annual lecture)
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BNzPD2HFei4>
Acesso em: 22 out 2016.
‘17th Annual Steve Biko Memorial Lecture, 09 September 2016’ (Angela Davis).
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Fb_TpOTjmM8>
Acesso em: 27 jan 2017.
Com o tema ‘Legados e lutas interminadas’
Alguns trechos da palestra:
“A disjunção entre o que a gente um dia imaginou como um futuro de liberdade e justiça, e o presente cujas faltas de liberdade e injustiça passaram a ser ….(35min35seg) para os jovens, como os do passado foram para nós. […]
A revolução que queríamos, não foi a revolução que ajudamos a produzir.”
[…]
O que teríamos feito diferente, se soubéssemos que a eleição de um presidente negro seria seguida pela campanha presidencial que enfrentamos agora.” (referindo-se ao governo dos Estados Unidos).
“Eu não poderia imaginar que duas décadas depois da derrubada do apartheid, nós nos confrontaríamos com reações militares a protestos do povo. […]”
Aqui ela fala do legado dos líderes negros e do orgulho de ser negro, e de origens da luta, com a marcha das 20.000 mulheres em 09 de agosto de 1956.
“Nosso entendimento do passado é muito mais determinado por nossas posições no presente e por nossa forma de imaginarmos o futuro. […]
Conhecimento não tem utilização se não nos ajudam a questionar hábitos, práticas sociais, instituições, ideologias, o Estado.
Perguntar não pode ter um fim, mesmo quando somos vitoriosos. […]
Os jovens ativistas de hoje, sobem em nossos ombros – dos ativistas do passado – e exatamente porque eles estão sobre nossos ombros, eles podem ver algo do que vimos, mais eles vêem e entendem muito mais. Eles começam a apresentar questões não resolvidas […] Eles se sobem em nossos ombros mas nós não oferecemos o alicerce necessário. Precisamente porque nossos questionamentos eram questionamentos de outra época. Eles querem questionar o que não tivemos capacidade para questionar em nosso tempo.
Eles cometem erros, mas precisam aprender com os próprios erros.
[…]”
(Falando sobre a luta dos estudantes por diminuição das taxas universitárias e por escolas gratuitas)
“Liberdade deveria significar, em pimeiro lugar educação livre, liberdade de aprender.
Educação livre não deveria ser capacidade de pagar. […]
Educação livre nos lembra de um mundo em que deveríamos estar habitando. […]
Não existe liberdade para um único indivíduo. Sabemos que da forma que a Liberdade vem sendo concebida sob democracias burguesas tem sido sempre uma liberdade limitada. Liberdade de acordo com elites de raça, classe e gênero.
Uma liberdade que adquire seu valor, exatamente por seu poder de exclusão. […] Mesmo que não haja garantias que alcançaremos o futuro com o qual sonhamos, não podemos parar de sonhar, e não podemos parar de lutar. […]”
(Relacionando a um possível fim do capitalismo)
“Sempre haverão legados vibrantes, haverão sempre promessas incompletas, haverão sempre ativismos interminados.”
Pauta: COSATU
Deixei de pesquisar sobre o COSATU, a importante organização dos trabalhadores na África do Sul, que contribuiu para a conscientização dos trabalhadores e em suas lutas antiapartheid.
Aqui, deixo alguns links:
Sobre o COSATU
Disponível em:
<http://www.sahistory.org.za/topic/congress-south-african-trade-unions-cosatu>
Acesso em: 02 mar 2017.
‘Hlanganani – History of Cosatu’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mkd_JM1PEo8>
Acesso em: 02 mar 2017.
‘Cosatu members took to the streets to mark International Day of Decent Work’
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GXwvi4EPdfA>
Acesso em: 21 fev 2017.
Discos comprados:
Peter Gabriel – ‘Live Blood”
Vusi Mahlasela – ‘When you came back’
Adrique Du Sud – South Africa – ‘Choeurs Zoulous & Shosas’
‘Listem Up’ (The official 2010 FIFa World Cup Album)
‘Mandela – Long Walk to Freedom’ – Original Motion Picture Soundtrack.
Miriam Makeba – ‘The Unforgetlable’
Termino esta afinação com o poema de Dr. Agostinho Neto, de livro comprado por mim, em 1976.
‘Certeza’
Não me peças sorrisos
que ainda transpiro
os ais
dos feridos nas batalhas.
Não me exijas glórias
que sou eu o soldado desconhecido
da Humanidade.
As honras
cabem aos generais.
A minha glória
é tudo o que padeço e que sofri
os meus sorrisos
tudo que chorei.
Nem sorrisos, nem glória.
Apenas um rosto duro
de quem constrói a estrada
por que há de caminhar
pedra após pedra
em um terreno difícil.
Um rosto triste
por tanto esforço perdido
– o esforço dos tenazes
que à tarde se cansam.
Uma cabeça sem louros
porque não me encontrei
no catálogo
das glórias humanas.
Não me descobri na vida
e selvas desbravadas
escondem os caminhos
por que hei de passar.
Mas hei-de encontrá-los
e segui-los
seja qual for o preço.
Então
num novo catálogo
mostrar-me-hei
o meu rosto
cercado de ramos de palmeira
e terei para ti
os sorrisos que me pedes.
(NETO, AGOSTINHO. Poemas de Angola. Rio de Janeiro, Codecri Ltda, 1976, p. 34).
Encontrado – um pouco diferente – com o título de ‘Não me peças sorrisos’.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VFOjhW1-bj0>
Acesso em: 17 fev 2017.
E,mirando a esperança-luta,
‘Agostinho Neto, Havemos de Voltar, por Flávia Fontes’
Refere-se a Angola, mas que serve para todos nós.
Dedicado a todos os povos obrigados a deixarem sua terra ancestral em benefício de outros.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=cA3nrbM9Egg>
Acesso em: 17 fev 2017.
Cantado por Pablo Milanés.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=t6bwmaBHQkM>
Acesso em: 17 fev 2017
Poder, raça, paz, Liberdade, neoliberalismo:
7-PODER E LIBERDADE
Apoiam este projeto:
- Arquivo Nacional, Memórias Reveladas. Rio de Janeiro. Brasil;
- Câmara Municipal de Grândola. Grândola. Portugal;
- Casa da América Latina. Lisboa. Portugal;
- Encontros da Imagem. Braga. Portugal;
- Albertina Malta. Pesquisadora. Recife. Brasil;
- Demolición/Construcción. Córdoba. Argentina;
- Arquivo Provincial da Memória. Córdoba. Argentina.
- Matucana 100 – Centro Cultura. Santiago do Chile.
- Embaixada do Brasil na África do Sul.
- Assemblage. Johannesburgo. África do Sul;
- Instituto Imersão Latina. Belo Horizonte. Brasil.
Revisoras:
Marta Velozo;
Maria Regina Pilati.
Eliane Velozo.
Belo Horizonte, de julho de 2017.
Outros projetos de Eliane Velozo: www.elianevelozo.com.